SOLIDARIEDADE

Unicamp cria grupo sobre Brumadinho

Meta é realizar pesquisa precisa sobre a situação e colaborar com as demandas humanas e ambientais

Francisco Lima Neto
16/02/2019 às 21:20.
Atualizado em 05/04/2022 às 00:07

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) promoveu um encontro com a comunidade acadêmica e representantes de entidades ligadas a diferentes áreas do conhecimento interessados em colaborar com a situação de Brumadinho, em Minas Gerais. O objetivo do encontro, no Auditório do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), no último dia 11, foi identificar competências e organizar grupos de áreas afins para realizar pesquisas e estudos relacionados ao rompimento da barragem em Brumadinho. A ideia surgiu em uma reunião entre o reitor Marcelo Knobel, o pró-reitor de pesquisa Munir Skaf e o docente do Instituto de Geociências (IG) Jefferson Picanço, que esteve em Brumadinho e que vai liderar o grupo formado. Segundo Knobel, que conversou com Picanço após a tragédia, “a Unicamp está tentando buscar competências para realizar uma pesquisa adequada e poder realmente colaborar não só com as vítimas, mas também na prevenção”. Fazer a diferença No encontro, o pró-reitor de pesquisa ressaltou o papel da universidade. “Temos a oportunidade de fazer diferente. A sociedade precisa do apoio da universidade. A ideia, portanto, é tentar estudar, que é o que nós sabemos melhor fazer, ajudar e criar parâmetros de ações, mitigando a médio e longo prazo as consequências do desastre”, disse Skaf. Ele também levantou a possibilidade de buscar recursos em diferentes fontes financiadoras. O professor Jefferson Picanço, membro do Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid), da Universidade Federal do Paraná, e que esteve em Brumadinho, falou sobre o caráter do grupo a ser formado. “É preciso levantar as demandas da comunidade, complementar as ações que já estão sendo realizadas e relacionar as etapas de recuperação e mitigação, pensando no que será feito daqui para frente”, destacou. Cerca de 100 pesquisadores, professores, funcionários e alunos de diferentes áreas se disponibilizaram a trabalhar no tema. Havia profissionais da área de matemática, direito, química, antropologia, geociências, computação, arquitetura, enfermagem, biologia, jornalismo, de áreas ligadas aos estudos da população e estudos do meio ambiente, entre outros. Foram levantadas possibilidades de estudos nas mais diversas áreas ligadas ao assunto, como licença ambiental, legislação, geoquímica ambiental, segurança de barragem, apoio aos desabrigados, traumas, treinamento de professores e caracterização de material coletado. Entidades externas Integrantes de entidades externas à Unicamp, mas ligadas a áreas científicas e sociais, interessadas em colaborar também participaram do encontro. Dentre eles, Natália Alves e Rodrigo Neiva, do Grupo Anima de Educação, que tem sede em Belo Horizonte. Na região entre 20 e 40 quilômetros do entorno do Feijão há oito campi do Anima, com estrutura física e corpo técnico e administrativo à disposição da universidade de Campinas. “Dada a distância da Unicamp, podemos ser um parceiro em campo, usando a equipe de lá para fazer coleta de amostras, por exemplo”, disse Natália. Silvia Brandalise, diretora do Centro Boldrini, ofereceu a parte clínica da assistência médica e da parte laboratorial para análises de espectometria de massa e análise de quebra de DNA. Ela destacou a participação da Universidade. “A Unicamp sempre se insere nas políticas públicas. É um grande exemplo para dar aos alunos”, disse. Já a pesquisadora e chefe da linha de tomografia de raio-X do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Natalie Lopes, citou a possibilidade de colaboração na área de caracterização de materiais. “Conseguimos, por exemplo, determinar qual o contaminante e qual sua concentração”, disse. Próximos passos Uma nova reunião deve ocorrer no próximo mês, já com os grupos formados, para definir os passos seguintes. Picanço se mostrou animado com o encontro. “Nesse primeiro encontro ocorreram as declarações de apoio e intenção. Devemos agora aprofundar conversas. Vamos separar grupos distintos de pesquisadores para trabalhar em coisas mais específicas para caminhar de uma maneira mais assertiva”, finalizou.

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