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Unicamp anuncia corte e reserva

A Unicamp decidiu suspender todos os salários acima do teto constitucional de R$ 23.048,59 recebidos pelo governador do Estado de São Paulo

Francisco Lima Neto
29/08/2019 às 11:32.
Atualizado em 30/03/2022 às 17:58

A Unicamp decidiu suspender todos os salários acima do teto constitucional de R$ 23.048,59 recebidos pelo governador do Estado de São Paulo. A Reitoria vai publicar um despacho, ainda nesta semana ou no início da próxima, limitando essa parcela extrateto no salário de mais 328 funcionários ativos e inativos. O reitor Marcelo Knobel também anunciou, contudo, que a parcela extrateto do total de 1.166 servidores nessas condições vai compor uma reserva orçamentária para futuro ressarcimento, se assim for decidido em ações que a Universidade e os próprios servidores impetrarem na Justiça.  O redutor de salário já tinha sido aplicado para 361 aposentados e 368 funcionários ativos, sendo que mais 109 inativos terão seus ganhos limitados ao teto já em agosto. Knobel explicou a medida em reunião com os servidores que recebem parcela extrateto, na última segunda-feira, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Durante o encontro, Fernanda Lavras Costallat Silvado, da Procuradoria Geral (PG) da Unicamp, fez um histórico sobre a questão do teto salarial. Além disso, foram discutidas informações sobre o cenário atual, considerando a CPI conduzida pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e as recentes sentenças do Tribunal de Constas do Estado (TCE), e ainda as ações administrativas a serem tomadas pela Unicamp. “Vamos trabalhar no despacho esta semana, provavelmente para a suspensão do pagamento da parcela extra-teto de 328 servidores até que seja definido o impasse jurídico. Temos uma situação bastante complexa, em que o Tribunal de Justiça considera o nosso procedimento correto, enquanto o Tribunal de Contas não aceita este acórdão. Estamos numa sinuca jurídica”, comentou o reitor. O TCE vem julgando todas as contas da Unicamp como irregulares desde 2006, principalmente por causa do extra-teto salarial. Knobel avalia que esta limitação serve para evitar novos riscos aos funcionários e à própria Universidade. “O Tribunal de Contas não vem registrando e homologando as aposentadorias, o que traz um risco extra aos servidores justamente nesse momento de mudanças nas regras. Alguns conselheiros estão pedindo inclusive o ressarcimento dos valores recebidos após novembro de 2015. Por outro lado, eu e os outros reitores estamos recebendo multas pessoais”, esclareceu. O reitor ressaltou que nem a universidade, nem os servidores agiram de má fé e que em relação aos casos não homologados e os que a partir de agora irão se aposentar, a sugestão da administração central e da Procuradoria Geral é claríssima. “Fizemos os pagamentos de acordo com o entendimento do Tribunal de Justiça. Cada um que teve decisão tomada em contrário deve reclamar seus direitos na Justiça, e creio que com boas chances de vencer. Seguimos a determinação judicial, agimos adequadamente, mas o Tribunal de Contas tem uma interpretação contrária, que terá de ser confrontada em instância superior”, apontou. Knobel reiterou seu sentimento de preocupação e mesmo de decepção a tomar a decisão de limitar os salários ao teto do governador, mas entende que ela é fundamental para o funcionamento da Universidade, que ainda enfrenta ameaças à sua autonomia de gestão financeira. “Um assunto que não toquei ainda é sobre a mudança nas tributações no País, que pode afetar violentamente a universidade, pois se discute o desaparecimento do ICMS. Se isso acontecer, vamos ter que discutir uma nova forma de repasse, no pior momento de ataques às universidades públicas, que estão absolutamente enfraquecidas junto à opinião pública”, concluiu.

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