O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, anunciou esta semana uma série de ações para coibir qualquer tipo de manifestação racista no campus
Em reunião, reitor Marcelo Knobel recebe representantes de entidades ligadas ao Movimento Negro no campus (Divulgação)
O reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marcelo Knobel, anunciou esta semana uma série de ações para coibir qualquer tipo de manifestação racista no campus da universidade. Na última quarta-feira, 5, representantes da Administração Central da Unicamp e de entidades ligadas ao Movimento Negro, com forte atuação no campus, se reuniram com o reitor para discutir ações voltadas ao combate do racismo no âmbito acadêmico. A reunião para discutir as medidas cabíveis foi convocada, após um ex-aluno ter realizado pichações nazistas na biblioteca do Instituto de Estudos Linguísticos (IEL) e no banheiro do IG (Instituto de Geociências), no final do mês passado. Knobel assumiu o compromisso de instalar um Grupo de Trabalho (GT) de combate ao racismo, além de criar uma Secretaria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade, que segundo ele, já está em fase de estruturação. O reitor afirmou ainda que a pauta apresentada pelos coletivos é de comum acordo com os interesses da instituição de ensino. “Não vejo nenhum ponto na pauta apresentada por vocês que nos distancie. Ao contrário, comungamos da mesma posição. Nossos objetivos são comuns e espero que possamos construir conjuntamente as condições necessárias para tornarmos o respeito à diversidade um valor para a Unicamp” , afirmou. Reivindicações Os representantes dos movimentos negros fizeram três pedidos ao reitor. Além da criação do GT, eles solicitaram que a universidade retifique o boletim de ocorrência (B.O) registrado contra o pichador, já que no documento, o ato foi classificado como “vandalismo”. O grupo de estudantes entende que o que ocorreu foi, na verdade, uma “clara manifestação de racismo”. Também foi exigido que a universidade abra um processo administrativo contra o ex-aluno suspeito de ter feito as pichações nazistas nas dependências das unidades e órgãos. O objetivo, segundo os representantes ligados aos movimentos negros, é que, caso ele seja responsabilizado pelo crime, que a informação seja anexada ao seu registro acadêmico (RA). Eles alegaram que tal procedimento seria especialmente importante, caso ele volte a ingressar na instituição, via vestibular. Knobel informou que pedirá para que Procuradoria-Geral (PG) da Unicamp verifique a possibilidade da retificação do B.O. junto à Polícia Civil. “Se isso for possível, nós faremos a solicitação imediatamente”, frisou. O reitor também assumiu o compromisso de instalar o GT de combate ao racismo. Segundo ele, os atos de discriminação e intolerância também serão objeto de reflexão e ação na esfera da futura Secretaria de Ações Afirmativas.