inclusão

Unicamp acolhe alunos indígenas

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recepcionou ontem os 66 calouros indígenas, que foram aprovados no último vestibular da universidade

Henrique Hein
21/02/2019 às 09:26.
Atualizado em 05/04/2022 às 00:32

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recepcionou ontem os 66 calouros indígenas, que foram aprovados no último vestibular da universidade. Os estudantes – a maioria deles de famílias carentes e do norte do País – foram acolhidos pela comunidade acadêmica e fizeram as matrículas no Ciclo Básico. O evento contou com uma mesa de comes e bebes e com a presença do reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, que proferiu uma palestra de boas-vindas aos novos estudantes. Os calouros também foram recebidos por veteranos, ex-estudantes e grupos de apoio da universidade. No dia 2 de dezembro do ano passado, a Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) aplicou de maneira inédita o primeiro Vestibular Indígena da universidade em cinco cidades brasileiras: Campinas, Dourados (MS), Manaus (AM), Recife (PE) e São Gabriel da Cachoeira (AM). De acordo com Knobel, a iniciativa tem como objetivo abrir portas e oportunidades de estudo para as comunidades indígenas de todo o Brasil. “O Vestibular Indígena traz para dentro da universidade um perfil de estudante completamente diversificado. A maioria deles, por uma questão socioeconômica, dificilmente conseguiria ter acesso à universidade pelo vestibular tradicional”, comentou. Segundo ele, a Unicamp sempre se notabilizou por ser uma universidade que abre portas não só para os melhores alunos, como também para toda e qualquer pessoa. “Para nós é importantíssimo que toda sociedade esteja refletida dentro da universidade. Aos poucos estamos conseguindo fazer isso”, explicou o reitor. Rayane Barbosa, de 17 anos, é uma das novas alunas indígenas aprovadas no processo de seleção. Emocionada, ela conta com orgulho que vai estudar pedagogia na Unicamp e que o ingresso na universidade representa mais do que um simples sonho pessoal. “O nosso povo luta há muito tempo para ganhar espaço não só nas universidades, mas na sociedade como um todo”, comentou. “Estudei a minha vida inteira na comunidade indígena onde nasci, na cidade de Arco-Íris (SP). É um sonho realizado poder estar aqui fazendo matrícula em uma instituição do tamanho da Unicamp”, ressaltou. Natural de Pari-Cachoeira (AM), Anderson Arantes vai cursar a primeira faculdade de sua vida aos 23 anos. Ele contou que será estudante de filosofia e que pretende aproveitar ao máximo cada oportunidade de estudo que tiver dentro da instituição campineira. “É uma oportunidade única que estou tendo. Estou muito ansioso, animado e com um pouco de medo também. Eu vim sozinho para Campinas, porque meus familiares ficaram na minha comunidade. Vai ser desafiador, mas eu vou conseguir me sair bem”, comentou.

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