ENTREVISTA

Uma viagem pelos anos dourados com Almir Reis

Colunista social conta as incríveis histórias da alta sociedade carioca

Rodrigo Piomonte
28/08/2022 às 10:59.
Atualizado em 01/09/2022 às 11:04
O colunista social Almir Reis na sede do Correio Popular, onde concedeu uma entrevista especial (Kamá Ribeiro)

O colunista social Almir Reis na sede do Correio Popular, onde concedeu uma entrevista especial (Kamá Ribeiro)

Inquieto, articulado, autêntico e surpreendente. Essas são algumas das características da personalidade de Almir Reis, o convidado do presidente-executivo do Correio Popular, Ítalo Hamilton Barioni, para a entrevista dominical de hoje. Escritor, poeta, com premiação no Brasil e na Itália, e 23 anos de coluna social neste jornal, Almir escreveu um único livro publicado aos 16 anos, em que narrou histórias, experiências e paixões de uma geração de jovens da alta sociedade da década de 50 no Rio de Janeiro, uma época em que a juventude abandonava velhos costumes em um prenúncio de liberdade. Apesar de único, o livro estourou após ser criticado por um cardeal de São Paulo, que disse que a publicação era imprópria para a juventude da época. Estudou artes na Europa e conviveu em meio a mais alta sociedade italiana da década de 60. 

De volta ao Brasil, teve galerias de artes em São Paulo e Rio de Janeiro, e circulou no meio de personalidades como Niomar Moniz Sodré Bittencourt, fundadora do Museu de Arte Moderna (MAM), entre outros. Integrou o famoso musical 'Jesus Cristo Superstar' antes de entrar de vez no colunismo social, onde transformou o glamour da alta sociedade, os bailes elegantes e trajes refinados em notícias, literatura, teatro, cinema, música e comportamento. Prestes a completar 79 anos, sendo quatro décadas dedicadas aos acontecimentos da alta sociedade, Almir Reis, esbanja o mesmo vigor de jovem. Dono de um refinado bom gosto e uma simplicidade cativante o colunista social faz questão de afirmar que "sem os seus fotógrafos não seria nada."

O sr. tem título de cidadão campineiro, mas é piracicabano de nascimento. Como foi a infância na cidade. A paixão por escrever começou quando criança?

Estou em Campinas desde os dez anos, sem perder os vínculos com Piracicaba, minha terra natal. Minha família é do Rio de Janeiro, Recife e Maceió. Mas minha mãe é paulistana por criação, e nós nos estabelecemos em Campinas. O primeiro colégio que estudei aqui foi o Liceu Salesiano. Sempre fui muito precoce e aos 12 anos eu comecei a escrever em um suplemento que existia no antigo jornal Diário do Povo chamado 'Nosso cantinho'. O fundador do jornal foi o dr. Antônio Cardoso dos Santos, mas sua filha, a dona Maria de Lurdes Cardoso do Santos, cuidava do jornal. E o carinho dela era esse suplemento. Muitas crianças campineiras da época aprenderam a ler por meio do 'Nosso cantinho'. Dona Maria de Lurdes tinha essa visão de formar jovens para a leitura, cultura e as artes. Havia um grupo muito bom de jovens naquela época. Muitos acabaram seguindo mesmo para a área artística. Eram muitos, mas cito a Regina Duarte, eu, Francarlos Reis, meu irmão e vários outros. Então lá estavam pessoas que depois se tornaram grandes nomes ligados à arte.

O escritor, poeta e colunista social, Almir Reis, participa como jurado de um baile de gala no clube Círculo Militar de Campinas, em um período em que viveu o auge do colunismo social da sociedade campineira (Pesquisa Wiliam Ferreira)

O escritor, poeta e colunista social, Almir Reis, participa como jurado de um baile de gala no clube Círculo Militar de Campinas, em um período em que viveu o auge do colunismo social da sociedade campineira (Pesquisa Wiliam Ferreira)

Aos 12 anos de idade então começa a sua ligação com os textos e com o jornal? 

Minha vida escrevendo começou ali. Eu tive a oportunidade de publicar algumas crônicas e poesias no suplemento. No entanto, teve uma ocasião que o poeta e ensaísta campineiro Guilherme de Almeida contou sobre um concurso, o 'Príncipes dos poetas do Brasil' e incentivou a dona Maria de Lourdes a criar um concurso similar em Campinas. Dessa conversa nasceu o 'Príncipes dos poetas juvenis de Campinas'. E esse concurso foi um sucesso. Muitos jovens aderiram. E eu ganhei o prêmio. Eu fui o príncipe dos poetas juvenis de Campinas com uma poesia escrita aos 12 anos. E aquilo me incentivou muito a ficar escrevendo enquanto jovem. Então eu acabava ficando com parte do meu dia dentro da redação do Diário do Povo porque eu gostava de ficar ali. Naquela época ninguém tinha máquina de escrever em casa. Era tudo lá na redação. Eu escrevia meus textos e fui criando esse amor por escrever e por jornal.

E depois o sr. continua os estudos onde? 

Eu sai de Campinas com 13 anos para morar no Rio de Janeiro onde vivi por dois anos. Minha mãe queria que eu tivesse uma passagem por um colégio tradicional na época, o Colégio Anglo-Americano. Foi nesse tempo que conheci um grupo de jovens que frequentava festas para jovens num clube chamado Casa d'Italia, no Flamengo. Eu sempre fui muito precoce, comunicativo. Era final da década de 50 e início dos anos 60. O Elvis Presley e o rock roll eram a efervecência daquele movimento todo da juventude naquele período no Rio de Janeiro. E a partir do convívio com toda aquela atmosfera eu fui tomando nota dos acontecimentos, das festas, dos relacionamentos, das experiências daquele grupo de jovens e, juntando todas as anotações, escrevo um livro chamado 'Tipo louco, folhas verdes'. Passada essa experiência no Rio de Janeiro eu volto para Campinas e começo a estudar no Ateneu Paulista. Eu era muito rebelde. Tentei vaga no Culto à Ciência, mas não deu certo, no Liceu também não dava. O Ateneu era um colégio de elite da meninada de Campinas daquela época e sigo meus estudos por lá. Então eu conheço um grande jornalista, poeta e escritor, o José Paranhos de Siqueira e ele me incentiva a publicar este livro. Na época eu me lembro que disse que sequer sabia formatar um livro. E o Paranhos, muito solícito, disse que ia fazer tudo. E fez mesmo. E eu lancei esse livro em 1960 em um evento no Centro de Ciências Letras e Artes (CCLA). Eu tinha 16 anos.

O sr. lançou um livro com 16 anos, em 1960? 

Até aquela data, ao que me consta, eu fui o primeiro autor brasileiro com 16 anos publicado nacionalmente. Aconteceram algumas coisas a favor desse livro que ele acabou se tornando um livro muito comentado. E eu sai dando autógrafos Brasil à fora. Participei de programas de televisão, de rádio, fui assunto nos jornais da época. Até do programa da Hebe Camargo e de vários outros apresentadores eu participei.

E do que falava o livro que causou todo esse sucesso? 

Primeiro eu era muito moleque. Tinha 16 anos. Mas sempre fui terrível, articulado, falante e passava uma boa imagem. E me chamavam para divulgar o livro. E parece que não tinha autor tão jovem publicado nessa época. O livro aborda tudo o que vivi com aquele grupo no Rio de Janeiro. Um período de intensa transformação social. Eu narrei na publicação temas como encontros homossexuais, lesbianismo, álcool, drogas e tudo o que aquela juventude vivia. Era uma geração entre as décadas de 50 e 60. Na época usavam o termo 'juventude transviada' para se referir aos jovens que rompiam as regras e as barreiras dos costumes tradicionais. É um livro que não tem literatura, mas vale muito como um documento histórico. Ninguém no Brasil daquela época falava sobre esses temas. E imagina um jovem de 16 anos. (risos).

E o lançamento do livro o entusiasmou ainda mais a escrever? 

Sim. O livro me dá na época um grande impulso literário e jornalístico para a minha vida. Mas também o livro foi o primeiro e o último (risos). Houve que um cardeal de São Paulo na época, e não vou dizer o nome para não ficar indelicado, teceu uma crítica dizendo que a publicação lançada pelo jovem de 16 anos de Campinas não era recomendado para a juventude da época. E foi ele falar isso e o livro estourar. (risos). Houve na sequência uma feira literária em São Paulo promovida pela jornalista, colunista social e apresentadora de TV, Alik Kostakis, em que ela convidou todos os grandes escritores brasileiros da época para autografar. Cada escritor tinha um estande, e eu também fui convidado. Todos participantes também tinham uma espécie de 'padrinho' ou 'madrinha' para compor o evento. Foi tudo muito bem organizado. Foi uma feira muito bonita. E quem foi comigo foi minha amiga e cantora Celly Campelo. Então imagina! Dois jovens, a Celly com 18 anos fazendo muito sucesso com aquela geração e eu com 16 anos. Nós dois autografando juntos, foi um estouro! Vendemos muito. E aí acontece tudo. Os convites se multiplicam e a repercussão do livro também.

E de onde veio inspiração para construir a narrativa do livro? 

Tinha uma grande escritora na França que virou best-seller mundial chamada Françoise Sagan. Eu estava mais ou menos na linha da Françoise Sagan. E teve, inclusive, analogias feitas pela mídia da época entre o jovem José Almir Reis e Françoise Sagan. Vejam só! Era assim que a mídia da época tratou o livro. E Françoise era do grupo de Jean Paul Sartre, ela se torna uma assídua Sartriana. E eu ficava fascinado, porque eu era da geração que lia Sartre. E quando surge a Françoise eu fico encantado. 'Bonjour Tristesse' é o primeiro livro dela. Magnífico!

E a sua ligação com a Itália, quando aconteceu? 

Minha mãe sempre visionária me apoiava muito. Ela resolve me mandar para estudar na Itália, em Milão. Lá eu fico até vinte e poucos anos. Fui recebido por uma pessoa maravilhosa, amiga da família, e que depois se tornou muito mais do que isso pra mim. Era Jean Paolo Ormani Lombi, um homem cultíssimo. Ele foi meu preceptor cultural. Um homem incrível de uma família muito tradicional da Itália. Faleceu no ano passado, aos 94 anos. Ele era primo irmão do rei da Itália Umberto di Savoia. Este homem foi muito importante na minha vida. Ele me introduz na alta sociedade italiana, na nobreza mesmo. E eu passo a viver nesse grande mundo social e cultural italiano da época. Convivo com príncipes, princesas, duquesas, duques, rainhas e muitos artistas. E Jean Paolo era um grande produtor cultural. Produziu filmes muito famosos entre eles 'Mondo Cane', de 1962, documentário italiano antológico. Então eu convivia de perto com Sophia Loren, Brigitte Bardot, Elizabeth Taylor, quando ela estrelou Cleópatra, em Roma, eu estava lá. Enfim, eu comecei a viver esse mundo de fantasia, de loucura e de grandes e importantes personalidades. Foi esse ambiente que deu um norte para a minha vida. Eu não imaginava que um dia eu seria colunista social, mas eu percebi que eu gostava desse ambiente social e cultural da alta sociedade. Conheci Maria Callas. Eu vi as apresentações dela no famoso Teatro de Ópera Scala de Milão. Eu ia em todas as óperas. Eu adoro ópera e música. Minha formação musical foi em Campinas com a grande pianista Olga Normanha.

E nessa experiência europeia, o sr. escrevia? 

Eu estava absorvendo muita informação e tive um hiato com a produção dos textos. Mas absorvia muita cultura. Tudo o que havia de produção cultural no mundo. Até que um dia uma consulesa na Itália, dona Margarida Guedes Nogueira, da família Nogueira aqui de Campinas. Depois ela virou até embaixadora e teve uma carreira brilhante no Itamaraty. Ela era muito amiga. Eu era um menino, vejam só! Mas as pessoas gostavam de mim. Sempre fui muito comunicativo, falante, brincalhão então as pessoas gostavam. Então acho que conquistei essas pessoas, sabe. No bom sentido! E isso foi muito bom. Então, a dona Margarida que me adorava. Ela me ligou um dia e disse que ia ter um concurso na cidade de Legnago, perto de Mantova, na Itália. E era um concurso para eleger o poeta estrangeiro radicado na Itália do ano. E me perguntou se eu não queria participar. E eu disse 'Mag', eu não tenho literatura para isso! Mas tenho a poesia que eu ganhei no Brasil e que eu posso tentar transcrevê-la em italiano. Eu tenho o italiano como minha segunda língua, mas pedi ao Jean Paolo para que ele traduzisse, para ficar mais adequado. E não é que eu ganho o prêmio. Fui eleito o melhor poeta estrangeiro da Itália de 1963, eu tinha 19 anos. E esse episódio novamente me entusiasma e eu retomo as origens e começo novamente a escrever. E depois de mais alguns anos na Itália eu retorno para o Brasil. 

E como foi sua volta com toda essa bagagem cultural? 

No período na Itália eu conclui os estudos e fiz Arte e Comunicação em uma escola para estrangeiros em Milão. Então eu tinha formação e competência para trabalhar em museus, galerias de arte e na crítica de artes, que era o que tinha no Brasil naquele momento. Inclusive nessa área conheci os melhores do Brasil. Quando voltei fui morar no Rio de Janeiro. Lá convivi com jornalista e crítico Jayme Maurício, do Correio da Manhã, o grande jornal do momento. Fiquei muito amigo de Niomar Moniz Sodré Bittencourt e do Paulo Bittencourt, fundadores do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. Niomar foi tão importante que mesmo riquíssima foi cassada por conta do seu pensamento de esquerda. Ela saiu na primeira lista de cassação dos militares junto com Juscelino Kubitschek. Niomar era importantíssima. Tinha um acervo de obras maravilhoso do qual eu privei muito. Eu frequentava muito a casa dela no Rio de Janeiro. Ela tinha uma coleção fantástica, com Picasso, Botticelli e muitos outros. Uma maravilha. Na época namorei a Márcia Kubitschek, uma mulher fantástica. Então viajei com o Jucelino, que já não era mais presidente, mas tive o prazer de viajar com ele em um cruzeiro do Dirceu Fontoura. Então eu entro nesse meio e acabo sócio de uma galeria de arte com uma marchand da época Maria Lacerda, no Rio de Janeiro. Fico nesse meio até receber um convide do arquiteto Pepe Asbun, um homem da alta sociedade dos judeus e dos árabes, de São Paulo, e que fez coisas maravilhosas na capital. Isso já na década de 70. Ele conhecia meu irmão, a Sônia Braga e Ney Latorraca que fizeram "Hair", o musical que foi montado pela primeira vez no Brasil em 1969, e Pepe me disse que estava para estrear o musical "Jesus Cristo Superstar" no Brasil. Aí fui para São Paulo fiquei trabalhando com o Pepe e fui aprovado para o elenco do musical, eu fui São Judas Tadeu. Foi minha incursão pelo teatro, onde fiquei dois anos, e me deu frutos excelentes. Foi a abertura do Teatro Aquárius, no bairro da Bela Vista, próximo ao centro de São Paulo. Ali concentrava a nata da arte e da cultura paulistana. Então na minha vida fui fazendo tudo o que eu gostava e Deus foi conspirando a favor.

E como começa a sua carreira de colunista social?

Venho passar uns dias em Campinas após deixar o musical e encontro um jornalista da época na cidade, Orlindo Marçal de Oliveira Vale, que foi o primeiro colunista social de Campinas. Todo mundo acha que o primeiro colunista social da cidade foi o Hugo Gallo Mantellato, pai da Hugette Gallo, mas não foi. Na verdade é que foi Orlindo Marçal de Oliveira Vale. E foi por conta dele, que muito meu amigo, que eu também fui parar no rádio. Trabalhei na rádio Cultura. Enfim, Orlindo acompanhou minha vida antes de eu ir para a Europa. Ele me acompanhava desde o lançamento do livro 'Tipo Louco, Folhas Verdes', lá atrás, quando me levava no programa dele para falar do livro e tal. E nessa visita a Campinas, em 1978, eu estava na casa do Padre Chiquinho, que depois virou monsenhor Francisco Assis Marques de Almeida, mas era conhecido como padre Chiquinho, responsável por construir a igreja de Santa Rita, no Nova Campinas. Bom, estávamos lá eu, ele o Orestes Quércia e um grupo grande almoçando quando chega o Orlindo. E nessa ocasião Orlindo me convida para fazer a coluna social do jornal dele. Eu fiquei surpreso, mas ele insistiu tanto, disse que eu tinha uma vasta cultura e era da sociedade e escrevia bem. Minha mãe sempre foi uma senhora da sociedade campineira da época. O Quércia insistiu também. E eu aceitei. O Pepe já tinha morrido, então fui para São Paulo e desfiz minha sociedade na galeria com a Clara, esposa do Pepe, e retorno para Campinas e faço minha primeira coluna social no Jornal da Cidade, um semanário que circulava aos finais de semana. Fico por lá oito anos até o jornal ser vendido para Otávio Ceccato e Said Jorge. Nesse meio tempo, concomitantemente, eu fico amigo do Paulinho Pedroso, que era dono da rádio Cultura e outras mais. O Paulinho me convida para fazer um programa de entrevistas na rádio. Topei. Fazia eu e o José Luís Junqueira, O programa do Zé eu não me lembro qual era. Eu fazia um estilo talk show. Era 1979 e eu já estava com o jornal e com a rádio.

A partir daí se consolida o Almir Reis colunista? 

Uns três meses depois que fechou o Jornal da Cidade recebo uma ligação do Roberto Mesquita, da família Mesquita, dona do jornal Estadão, dizendo sobre o interesse de abrir um jornal em Campinas. O Roberto disse que recebeu uma indicação para me procurar como colunista. E eu aceitei e começo a trabalhar no Jornal de Domingo, que era do grupo de o Estado de São Paulo. A ideia do Roberto era impulsionar o jornal aqui em Campinas. E assim eu assumo uma coluna em um jornal de peso. Era um jornal muito forte comercialmente em Campinas e pegou o período bom da industrialização.

Existia uma relação muito importante entre a coluna social e a sustentação financeira da mídia da época? 

Campinas teve uma época que chegou a ter seis colunistas ao mesmo tempo. Era o Jamil, no Diário, Neusa, aqui no Correio, eu no Jornal de Domingo. O Airton Martins fazia uma coluna também no Diário do Povo e o Marco Antonio Bueno de Carvalho, que também fazia uma coluna no Diário. A coluna social era muito importante, movimentava a economia das cidades. Eu venho de uma geração de colunistas que viveu os anos dourados da sociedade brasileira. Um tempo de grandes colunistas como Ibrahim Soares, Tavares de Miranda, Alik Kostakis. Era uma alta sociedade, efervescente e que movimentava o comércio, a cultura as artes. Algo muito intenso e que durou até meados dos anos 90.

Almir Reis quando trabalhava na antiga Rádio Cultura, em 1994, onde comandava um programa de entrevistas no estilo de um talk show (Pesquisa William Ferreira)

Almir Reis quando trabalhava na antiga Rádio Cultura, em 1994, onde comandava um programa de entrevistas no estilo de um talk show (Pesquisa William Ferreira)

Na carreira com comunicação o sr. passou por todas as mídias? 

Ainda no jornal de Domingo iniciei um trabalho na televisão, na TV Thathy. Lá tive um programa do mesmo perfil que eu tenho até hoje. Simultaneamente eu atuei na mídia imprensa, com o Jornal de Domingo, na rádio, com a Rádio Cultura e na televisão, com a TV Thathy. Depois tive passagens pela TV CNT, TV Bandeirantes, e com o fechamento do Jornal de Domingo, sou convidado para ingressar o Correio Popular. Faço a estreia na coluna já com o nome Societá, por conta da minha referência italiana, todo mundo adorou. Essa passagem pelo Correio já dura 23 anos. Também tive um programa no SBT e na TV Record. Tudo regional. Teve também um convite há 26 anos do Aroldo Bretas que me chamou para fazer um programa na TV a cabo. Foi então que começou o programa Casual, com Almir Reis. Programa que existe até hoje só que com transmissão agora pelo YouTube. Um programa que já está no ar há 28 anos só que se chama Almir Reis, entrevista.

Nessa carreira de milhares de entrevistas teve uma que marcou? 

Todas as pessoas, personalidades e celebridades que passaram pela minha vida e pela minha carreira foram muito interessantes. Mas teve uma entrevista que eu gostei muito. Foi com a princesa Virginia 'Ira' de Fürstenberg, ou Virginia Carolina Theresa Pancrazia Galdina zu Fürstenberg. Uma atriz, socialite e designer de jóias italiana. Herdeira de duas fortunas da Fiat, da mãe dona Clara, minha amiga. Ela é uma mulher mundialmente conhecida no mundo social. Não só por ser herdeira da Fiat, mas por que ela era uma princesa de pai, nascida princesa, de um príncipe importantíssimo e muito rico que era da Alemanha. E ela era muito solicitada. Não existia festa no mundo que ela não era convidada. E eu a trouxe aqui, se hospedou na suíte presidencial do Royal. Uma mulher encantadora, chiquérima e que fala português fluentemente, porque foi casada com um brasileiro nos anos 60 e 70, que era um dos homens mais ricos do Brasil. O empresário Francisco 'Baby' Matarazzo Pignatari, sobrinho do conde Matarazzo. E ela ficou em Campinas quatro dias concedeu uma entrevista para o programa. E foi a primeira vez que ela falava com a mídia brasileira depois da morte do Baby. Então foi uma honra para mim entrevistar essa mulher, contando um pouco das aventuras da vida, das pessoas que ela conhecia. Foi maravilhoso e inesquecível.

E nessa vida agitada, você tem algum hobby? 

Sou uma pessoa simples que gosta de coisas boas. Adoro música. De óperas. Das artes e da cultura. Sou apaixonado pela literatura e gosto hoje de uma vida social de pequenos grupos. Apesar das inúmeras grandes festas da qual eu já participei, hoje adoro as reuniões mais caseiras. Gosto de uma boa cozinha. Adoro cozinhar e de confraternizar os bons momentos com pessoas interessantes e amigos queridos.

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