greve dos caminhoneiros

Uma semana para ser esquecida

No último final de semana, a greve causou transtornos imensos e provocou mudanças radicais na rotina dos cidadãos

Henrique Hein
03/06/2018 às 09:53.
Atualizado em 28/04/2022 às 11:02
Cartaz afixado na entrada de posto de combustíveis do Jardim do Trevo, em Campinas, mostra novo preço praticado na venda do diesel, uma das conquistas do movimento grevista (Leandro Ferreira)

Cartaz afixado na entrada de posto de combustíveis do Jardim do Trevo, em Campinas, mostra novo preço praticado na venda do diesel, uma das conquistas do movimento grevista (Leandro Ferreira)

A greve dos caminhoneiros - que parou o Brasil nesta semana - provocou um prejuízo bilionário à economia. Ainda na semana passada, a Associação Comercial de Industrial de Campinas (Acic) projetou em R$ 1,1 bilhão as perdas acumuladas pelo setor produtivo. É certo no entanto, que os números serão bem mais expressivos. Nos próximos dias, a associação vai fechar a contabilidade do mês, e os economistas vão anunciar números bem mais duros. No último final de semana, a greve causou transtornos imensos e provocou mudanças radicais na rotina dos cidadãos. Houve aulas suspensas, cirurgias adiadas, casos de vandalismo e serviços públicos improvisados. Foi uma semana que a população quis esquecer. Durante a paralisação, as Centrais de Abastecimento de Campinas S.A (Ceasa/Campinas), registraram queda tanto na oferta quanto na demanda de produtos. No Mercado de Hortifrútis, a disponibilidade de mercadorias chegou aos 15%, enquanto, no Mercado de Flores, a oferta ficou abaixo dos 5% de um total diário de 400 toneladas. O número de visitas também preocupou, ficando próximo de zero em ambos mercados. No sábado, dia 26 de maio, a Ceasa registrou o menor público nos últimos anos, quando apenas 350 pessoas estiveram no local. Normalmente, o mercado mantém uma média de 8 mil pessoas aos sábados. Segundo o diretor técnico-operacional da Ceasa, Claudinei Barbosa, o total dos prejuízos com a paralisação ainda está sendo calculado, mas já supera a casa dos R$ 30 milhões, podendo chegar a R$ 50 milhões, entre produtos que deixaram de ser comercializados e perdas com o custo logístico/operacional dos comerciantes. Com a regularização das entregas, o abastecimento de hortifrútis no entreposto chegou ontem aos 85%. De acordo com Barbosa, a normalidade de entrega dos produtos voltará aos 100% a partir de amanhã - o mesmo vale para o Mercado de Flores. Comerciantes aliviados Com relação ao Centro, os já tradicionais Mercadinho da Rua de Barão de Jaguara e o Mercado Municipal (Mercadão) voltaram a atrair clientes, depois de uma semana bastante complicada e marcada pela baixa procura de produtos por parte dos comerciantes. De acordo com o comerciante Reinaldo Monteiro, do Mercadinho da Barão, as vendas dependeram das mercadorias em estoque. A circulação de clientes foi pequena. Com mais de 30 anos dedicado as vendas de peixes no Mercadão, o balconista José Ademir de Campos comentou que sua barraca ficou mais de dez dias sem receber a mercadoria. "Hoje (sexta-feira) chegou um caminhão com dez toneladas de peixes pela manhã, mas a procura tem sido tão grande que hoje mesmo acho que acaba tudo" , comentou o vendedor neste sábado. Ele mantêm o otimismo para o início da semana. "Foi horrível essa última semana. Até ontem, aqui estava bem vazio e hoje o movimento aumentou muito. Temos a esperança que fique cada vez melhor na semana”, frisou. ALÍVIO NA BOMBA Os postos de Campinas começaram neste sábado (2) a vender o óleo diesel com o desconto anunciado pelo governo. O preço menor do combustível era uma das exigências dos caminhoneiros em greve. A portaria do governo, publicada na última sexta-feira, determinou que a redução do valor do óleo diesel nas refinarias devia imediatamente chegar às bombas, e que os postos deviam divulgar que cumpriam a decisão. O não cumprimento da decisão pode gerar suspensão, cassação de licença e multa que pode chegar a R$ 9,4 milhões. Alta abusiva de preços irrita consumidor O aumento do preço nos estabelecimentos comerciais espantou os campineiros, que sentiram no bolso o valor praticado na venda de produtos essenciais para a mesa. A dona de casa, Maria de Lurdes Silveira, de 41 anos, comentou neste fim de semana que se surpreendeu com os preços expostos prateleiras. "Hoje eu sai para comparar Banana. Antes da grave eu pagava R$ 1,99 o quilo, e agora estou pagando quase R$ 6,00. Batata subiu para mais de R$ 10,00 o quilo em alguns lugares também. Um absurdo" , afirmou. Procurados pela reportagem, os comerciantes da região central explicaram que o aumento nos preços foi inevitável. Os produtos chegaram para os estabelecimentos bem mais caros - quando chegavam - e não restava outra alternativa: os reajustes tinham de ser repassados aos clientes.

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