Os dados coletados pelo Inca apontam ainda que um terço desse total - aproximadamente 12 mil novos casos - deve ser registrado no Estado de São Paulo
O especialista americano Gary Ulaner: medicina nuclear ganha terreno (Divulgação)
Campinas recebeu na semana passada o XVIII Simpósio Edwaldo Camargo em Oncologia, realizado no Vitória Hotel Concept, que nesta edição discutiu a aplicação da medicina nuclear para diagnósticos e tratamentos do câncer de esôfago e de cólon e reto. Promovido pela unidade local do Grupo MND em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp), o evento contou com especialistas mundiais da doença = que segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), deve atingir mais de 35 mil pessoas no Brasil somente em 2018. Os dados coletados pelo Inca apontam ainda que um terço desse total - aproximadamente 12 mil novos casos - deve ser registrado no Estado de São Paulo. Embora esteja entre um dos tipos mais evitáveis e curáveis, ele ainda é o segundo mais frequente entre as mulheres e o terceiro entre os homens. Quando detectado precocemente, as chances de cura são de 70%. Parte dos casos desse tipo de tumor são atribuídos à mutação genética, mas a patologia também pode ser resultado de maus hábitos alimentares. A Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) aponta que o excesso no consumo de carne vermelha pode aumentar as chances de câncer colorretal. A doença é especialmente perigosa por ser silenciosa (não provoca dor ou outros alarmes do organismo) e assintomática (não possui um sintoma específico). Mas ela pode ser identificada através de exames simples, como colonoscopia ou exame de toque retal (o mesmo que nos homens também possibilita a detecção de cânder da próstata). Esta espécie de tumor geralmente se inicia a partir de lesões benignas, que podem proliferar na parede interna do intestino grosso. Uma maneira de prevenir seu surgimento é removê-las antes de se tornarem malignas. Referência mundial na especialidade, o médico norte-americano Gary Ulaner, do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center de Nova Iorque, falou sobre o uso da Medicina Nuclear, que permite fazer diagnósticos mais rápidos e precisos, e representa um dos principais avanços tecnológicos nessa área atualmente. A doutora Elba Etchebehere, professora de medicina nuclear da Unicamp e diretora do grupo organizador do simpósio, afirmou que o evento permitiu a discussão dos avanços da medicina nuclear na oncologia. “E pudemos fazer isso com um enfoque multidisciplinar, pois entendemos que esse é o caminho mais eficiente para levar o conhecimento para os profissionais da saúde inseridos neste contexto, debatendo inclusive a melhor forma de abordar os pacientes”, disse. De acordo com ela, quando se utiliza essa tecnologia, há um potencial de melhorar a conduta clínica e cirúrgica em torno de 40% dos casos, variando de acordo com o tipo de tumor. “Enxergar o corpo inteiro do paciente evita procedimentos desnecessários. Essa tecnologia nos permite reduzir custos e ao mesmo tempo melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, concluiu. A médica ressaltou que a questão de diminuir os custos é um objetivo fundamental numa áre que consome mais de R$ 4 trilhões por ano apenas em tratamentos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). “A utilização dessa tecnologia é mais evidente em nações mais desenvolvidos”, afirmou. Mas a tendência é que, com o tempo, ela seja disponibilizada também em outros países com menos recursos. Embora seja assintomática, é possível ficar atento a alguns sinais de alerta que podem indicar a ocorrência da doença, como cólica abdominal, emagrecimento, fraqueza, mudança do hábito intestinal (constipação ou diarreia), sangramento pelo reto e sensação de evacuação incompleta.