Uma história de honra e dedicação

Com as devidas honras militares, Germano Denisale Ferreira, coronel reformado da Polícia Militar, foi enterrado na manhã deste domingo (18) no Cemitério Parque Flamboyant, no bairro das Palmeiras, em Campinas. Ele faleceu aos 79 anos, vítima de um enfarte na última sexta-feira. Ferreira ainda foi levado por familiares até o Hospital Metropolitano, mas não resistiu. Considerado um símbolo da Corporação, ele dedicou 30 anos de sua vida à Polícia Militar, da qual recebeu inúmeras condecorações e honrarias - entre elas o Troféu Bandeirantes de 1985, concedido ao comandante da unidade mais produtiva do Estado de São Paulo. Natural de Monte Aprazível, cidade da região de São José do Rio Preto (a aproximadamente 387 quilômetros de Campinas), Ferreira se mudou para cá em 1958, quando ainda era recruta da Força Pública - como se chamada então a Polícia da época. Em 1988, ele atingiu o posto hierárquico máximo da carreira, tornando-se coronel. Ele se aposentou no mesmo ano. Conhecido pelo carisma, ele deixa a esposa Odila Maria Ferreira, os filhos Germano Denisale Ferreira Júnior e Gislaine Denisale Ferreira (ambos advogados) e o neto Lucas Denisale Ferreira Prado, além dos muitos amigos que fez durante a vida. Entre um dos mais próximos está Luiz Henrique Cirilo, vereador e presidente da Comissão de Constituição e Legalidade da Câmara “Estou muito sentido. Além de perder um grande amigo, também perdemos um um servidor público honrado, digno dos maiores elogios. Era um amigo excepcional e uma pessoa que deixou um legado de honestidade no serviço público. Era enérgico e exigia que tudo fosse feito da forma correta. Eu também o conhecia fora da Corporação, como esposo, pai, avô e cidadão. Em qualquer um desses papéis, ele deixa um exemplo de como o ser humano deve ser tratado: com respeito, elegância e alegria. Ele mostrou que é possível conviver harmonicamente com as pessoas, impondo limites e regras”, comentou o vereador. Em 2015, Cirilo foi o responsável pela entrega, pela Câmara Municipal, da Medalha de Exemplo Digno a Ferreira - mais uma das muitas honrarias que recebeu, e que incluem a Medalha Ruy Witemberg, entregue ao 1º colocado no curso preparatório da Academia Militar do Barro Branco. Orgulho Apesar do momento triste, o filho de Ferreira, Germano Júnior, não se mostra abatido. Pelo contrário, ele se diz agradecido e fala com orgulho do pai, que segundo ele lhe ensinou, entre outras coisas, que a maior dávida da vida é fazer amigos. “Meu pai deixa um legado de honestidade e trabalho em prol da cidade de Campinas. Ele foi um exemplo de dignidade e profissionalismo”, disse. Uma das coroas recebidas pela família no velório foi em nome do 8º Batalhão da Polícia Militar de Campinas, regimento que Ferreira comandou por sete anos. “É uma perda irreparável. Praticamente toda a carreira dele foi aqui no nosso batalhão. Ele só se afastava quando ia fazer algum curso em São Paulo. Ele gostava tanto da nossa unidade que é autor da letra e música do nosso hino. Mesmo aposentado, ele continou se dedicando ao batalhão. Por isso, ele tinha o carinho de todos e vai deixar muita saudade”, disse o Capitão Rafael Cambuí. Interesses diversos Além da carreira na Polícia, Ferreira também se interessava por outros assuntos. Por exemplo, ele era formado em Ciências Contábeis (turma de 1962) pelo Instituto Fraga Moreira, em sua cidade natal. Em 1969, formou-se em Letras e Educação Física (em 1971), ambos pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas. Ferreira também possuía todos os cursos de especialização na área de trânsito, obtidos pela Unicamp. Em 2015, exerceu o cargo de diretor de ensino e professor do Centro de Formação de Condutores de Campinas. A CARREIRA NA POLÍCIA 1962 Ingressa na Academia de Polícia Militar do Barro Branco 1965 Declarado aspirante a oficial 1966 Promovido a 2º tenente 1968 Promovido a 1º tenente 1975 Promovido a capitão 1982 Promovido a Major 1988 Promovido a Coronel