Uma casa fora de casa para todos os italianos

O consulado honorário italiano em Campinas completou 125 anos no mês de agosto. O aniversário não é uma simples data. Marca a bem sucedida trajetória de uma instituição que é um pedaço do território da Itália em Campinas, e nasceu justamente para dar apoio e assistência aos seus cidadãos que, por diferentes motivos, tiveram que dar adeus, deixar a pátria para trás e desembarcar por aqui em busca de uma vida melhor. No dia 11 de maio de 1894, a Gazzetta Officiale, espécie de diário oficial da Itália — que ainda era um reino — publicou a criação da Reggenza Consolare em Campinas, um embrião do atual consulado. Contudo, ela só passou a existir e funcionar oficialmente quando o comunicado chegou aqui, três meses depois, em 12 de agosto. A instalação do consulado foi fundamental, justamente cinco anos após o núcleo urbano de Campinas ter sido devastado pela febre amarela. "Na época, a cidade tinha cerca de 40 mil habitantes. Vale lembrar que Campinas era muito maior territorialmente. A jurisdição envolvia todas essas cidades que hoje formam a Região Metropolitana de Campinas (RMC)", conta Álvaro Cotomacci, 67 anos, e que há 19 anos está à frente da representação diplomática. Os moradores, assustados, fugiram da "peste". Foram para São Paulo, outros municípios e até outros Estados. Restaram por aqui aproximadamente cinco mil pessoas. Mas a doença, implacável, dizimou cerca de duas mil vidas, no prazo de cinco meses, segundo o cônsul-honorário. "A Regência foi criada para dar assistência aos cidadãos italianos que moravam aqui. Muitos precisavam de passaporte, registro dos filhos, documentos e, principalmente ajuda humanitária. Pessoas em situação de indigência", explica. Festa dos 125 anos Para comemorar a data festiva, na manhã do último domingo houve uma missa especial, rezada na língua italiana, na Paróquia Santa Rita de Cássia, em ação de graças aos antepassados. Na sequência, um almoço para 250 pessoas que foi oferecido no salão de festas do Rotary Clube. O almoço teve um show italianíssimo do cantor Tony Angeli. "Foi uma festa maravilhosa, com um show lindo. Cantou o hino da Itália, muitas pessoas se emocionaram, choraram", diz Cotomacci. Além de todas as funções burocráticas realizadas pela instituição, o consulado tem também o papel de manter a cultura do país viva e transmiti-la para as gerações atuais. “Os pais falam sobre a Itália para os filhos e contam as histórias. Mantemos a nossa cultura com eventos como esses. Isso vai aflorando automaticamente no coração dos mais novos", garante. São muitas as preciosidades de época guardadas no consulado honorário da Itália em Campinas:        1 - cédula italiana emitida durante a 2ª Guerra Mundial, pelos Estados Unidos, no período em que não havia circulação de dinheiro na Itália              2 - passaporte do início dos anos 1900               3 - edição do jornal que era impresso em Campinas para atender à comunidade italiana             4 - Propaganda do jornal feito pelos italianos na cidade, o L’Unione