ALERTA

Uma campanha muito necessária

Setembro Amarelo marca esforços para diminuir casos de suicídios, uma fatalidade que vem crescendo

Henrique Hein
27/09/2020 às 11:19.
Atualizado em 28/03/2022 às 00:10
NO MEIO DO CAMINHO: até o viaduto estaiado de Hortolândia está com iluminação amarelada</CO> (Leandro Ferreira/AAN)

NO MEIO DO CAMINHO: até o viaduto estaiado de Hortolândia está com iluminação amarelada (Leandro Ferreira/AAN)

Instituído em 2015, o Setembro Amarelo tem como objetivo chamar a atenção para a importância da prevenção ao suicídio. Em seu quinto ano, a campanha nacional tem ganhando cada vez mais força devido ao aumento desenfreado de casos, sobretudo entre jovens. Em Campinas, dados do Sistema de Notificação de Violência de Campinas (Sisnov), da Secretaria Municipal de Saúde, revelam que 33 pessoas tiraram a própria vida e que 169 tentativas de suicídio foram contabilizadas na cidade entre os meses de janeiro e julho deste ano. Trata-se de um óbito registrado a cada seis dias e de uma tentativa de morte realizada a cada 30 horas. O número de óbitos — apesar de alto — registrou queda de 31,25% na comparação com 2019, quando houve 48 mortes nos primeiros sete meses do ano. Em contrapartida, as tentativas de suicídio aumentaram 12% entre os dois períodos. Os números reais, no entanto, tentem a serem maiores do que isso, já que do balanço constam apenas os casos registrados pelo Governo Municipal. Neste ano, a Prefeitura de Campinas novamente intensificou as ações de prevenção para o Setembro Amarelo, com a intenção de conscientizar a população e combater o aumento das notificações. Por causa da pandemia, as medidas estão sendo realizadas de maneira virtual e com enfoque na qualificação dos profissionais da saúde. Na edição de 2019, palestras, caminhadas, oficinas e rodas de conversa integraram a programação no município. Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. Atualmente, segundo dados da instituição, aproximadamente um milhão de pessoas cometem suicídio por ano no mundo. Entre os jovens de 15 a 29 anos, a pratica é a segunda que mais causa mortes, atrás apenas dos acidentes de trânsito. A OMS também aponta que nove em cada dez mortes no mundo poderiam ter sido evitadas com prevenção e atenção adequada. No Brasil, a cada 40 minutos uma pessoa tira a própria vida e 17% da população já pensou, em algum momento, em cometer suicídio. Os dados constam na cartilha Suicídio — Informando para Prevenir, elaborada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Não tratar o assunto como tabu, recomenda especialista Na avaliação de Gabriel Banzato, coordenador da Psicologia do Vera Cruz Hospital, um dos aspectos mais importantes para combater o suicídio é a conscientização para que o assunto não seja visto como tabu. “Muitas vezes, a pessoa que idealiza um suicídio não está pensando em tirar a própria vida. Está pensando em acabar com um sofrimento, com uma dor. Se esta dor for física, até um analgésico pode resolver. Mas, e se não for? Viver com dor é muito difícil. Por isso, a importância da conversa, da comunicação”, disse ele. Na visão da psiquiatra e coordenadora do Programa de Saúde Mental da Prefeitura de Campinas, Sara Sgobin, o assunto tem de ser levado à sério também por se tratar de uma emergência médica. Segundo ela, na grande maioria dos casos, quem comete suicídio demonstra pequenos sinais muito antes do ato. “Geralmente, são sinais de adoecimento mental, sofrimento ou angústia. É o caso de pessoas que começam a ficar cada vez mais entristecidas, passam a não ter mais tanto ânimo para realizar tarefas que antes faziam com mais facilidade e que começam a dizer frases aparentemente bobas, mas que precisam de um olhar mais cuidadoso, como: nada mais faz sentido na minha vida, não sei o que estou fazendo aqui nesse mundo e será que as pessoas sentiriam falta de mim?” De acordo ainda com Sara, é fundamental que familiares e amigos fiquem atentos a esses sinais, já que, ao contrário do que se presume, falar sobre o assunto não aumenta os riscos de um eventual suicídio. “É preciso ouvir essa pessoa de forma solitária, não julgá-la e procurar uma ajuda profissional”, destaca a especialista. Entre um dos locais de atendimento, ela cita as unidades básicas de saúde. “Lá, os profissionais fazem o primeiro acompanhamento e, se houver necessidade, encaminham o paciente para os próprios psicólogos e psiquiatras da unidade. Se for uma situação de maior gravidade, ele é encaminhado aos serviços especializados, que são os Caps (Centros de Atenção Psicossocial)”. DADOS SOBRE SUICÍDIO Óbitos por suicídio (janeiro a julho): Em 2019:................................. 48 Em 2020:................................. 33 Tentativas de suicídio (janeiro a julho):</CF> Em 2019:............................... 151 Em 2020:............................... 169 Fonte: Sistema de Notificação de Violência de Campinas (Sisnov)

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