SAÚDE PÚBLICA

Um em cada 5 brasileiros está obeso

Pesquisa da Vigitel indica que mais da metade da população nacional apresenta sobrepeso

Rafaela Dias
18/05/2018 às 20:34.
Atualizado em 28/04/2022 às 09:14
   (iStock)

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Mais de metade da população brasileira está acima do peso, sendo que um em cada cinco brasileiros é considerado obeso. Em uma década, o número de obesos aumentou 60%. Os dados integram a última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) divulgada pelo Ministério da Saúde. O estudo revela que, ao mesmo tempo em que cresceram o sobrepeso e a obesidade, aumentaram também os casos de diabetes e de hipertensão, em 61,8% e 14,2%, respectivamente, entre 2006 e 2016. Para combater e conscientizar a população sobre a doença, foi criado o Dia Nacional de Luta contra a Obesidade, celebrado hoje. "A obesidade resulta em uma cascata de alterações metabólicas e hormonais que contribuem para o desenvolvimento de uma série de enfermidades crônicas, como o diabetes mellitus, a hipertensão, doenças cardiovasculares, a dislipidemia, o câncer e a doença renal crônica", afirmou a nutricionista Leila Medeiros Veiga, do Instituto Nefrológico de Campinas (INC Nefro). "As elevadas incidência e prevalência da doença renal crônica decorrem, em grande parte, pelo crescente aumento de indivíduos com hipertensão e diabetes”, garantiu Leila. Apesar de a pesquisa indicar que reduziu de 30,9%, em 2007, para 16,5%, em 2016, o número de brasileiros que toma refrigerantes e sucos artificiais, e que aumentou de 33%, em 2008, para 35,2%, em 2016, o percentual que come regularmente frutas e hortaliças, a especialista alerta que distúrbios nutricionais são frequentemente encontrados em pacientes com doenças renais crônicas e estão relacionados à pior qualidade de vida e ao aumento da morbidade e mortalidade dessa população. Equilíbrio Para a nutricionista, a chave para uma boa qualidade de vida está no equilíbrio. "A adoção de práticas alimentares saudáveis é uma das medidas que devem estar inseridas no cotidiano das pessoas como um evento agradável e de socialização”, orientou. Leila alerta ainda que a preocupação excessiva com a alimentação saudável pode se tornar também um problema de saúde, como a ortorexia."Pessoas que realizam essa prática tendem a ter uma dieta cada vez mais restritiva, a ponto de excluírem grupos alimentares importantes para o nosso corpo. Essa relação obsessiva com a qualidade da alimentação, prejudica principalmente a saúde mental e pode desencadear outras ocorrências”, afirmou. No caso das doenças renais, apesar de a nutricionista ressaltar que a alimentação é fundamental para a prevenção e para o tratamento, uma dieta com muitas restrições pode levar até a desistência do paciente ao tratamento. Qualquer dieta, independentemente do grupo de pessoas, deve ser acompanhada por um profissional da nutrição, responsável, por exemplo, pela orientação de consumo de suplementos alimentares, ricos em proteínas. Já que para os pacientes renais crônicos, há evidências do benefício da restrição proteica sobre a progressão da doença. Assim como ocorre com a alimentação, o sedentarismo continua a ser um fator preocupante, segundo a Vigitel. "Independentemente do estágio da doença, os pacientes com doença renal crônica são, de forma geral, sedentários, afetando assim negativamente a saúde geral e a qualidade de vida”, alerta Leila. Pesquisas mostram que a atividade física é essencial para a saúde e bem-estar do corpo e da mente. “Estudos comprovam que pacientes em hemodiálise demonstram os benefícios do exercício físico, com a melhora da capacidade cardiorrespiratória e da pressão arterial", garantiu a especialista, acrescentando que o nível de atividade física depende da capacidade funcional de cada pessoa". Os benefícios segundo ela, também são preventivos. "Há evidências de que a prática regular de exercício físico reduz o risco de desenvolver inúmeras doenças, como a hipertensão, diabetes mellitus 2, obesidade, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, ansiedade e depressão". No Instituto Nefrológico de Campinas, segundo a nutricionista, a maioria dos pacientes apresenta diabetes e e hipertensão, e há também casos de obesidades. "Realizamos um trabalho diário com os pacientes para a conscientização de mudança de estilo de vida e hábitos alimentares, através da equipe multidisciplinar", disse. Outra iniciativa do instituto é a caminhada no Dia Mundial do Rim, campanha iniciada no ano passado pelo para divulgar informações relacionadas à prevenção das doenças renais e estimular a prática de atividades físicas.

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