Cinco ações rescisórias ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) foram julgadas procedentes pelo TRT da 15ª Região
Cinco ações rescisórias ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) foram julgadas procedentes pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15), determinando a nulidade de decisões judiciais proferidas com base em laudos falsos emitidos por peritos investigados na Operação Hipócritas, deflagrada em 2016 pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal. Os desembargadores entenderam que a conduta dos envolvidos (médicos e assistentes técnicos investigados pela operação) ultrapassou a relação imparcial que deve existir entre as partes. No caso, representando uma afronta ao devido processo legal e a toda a sociedade. Com esse entendimento, o TRT-15 determinou a rescisão do julgado e o retorno das cinco reclamações às Varas do Trabalho de origem para nova instrução e julgamento dos processos. Eles estão em segredo de justiça. Como comprovado pelas investigações no âmbito criminal, os médicos peritos e assistentes técnicos investigados receberam vantagens indevidas de grandes empresas instaladas no Interior do Estado de São Paulo. O intuito era apresentar laudos forjados, beneficiando as rés e, assim, trazendo grande prejuízo aos trabalhadores que pleitearam indenizações em reclamações trabalhistas por problemas relacionados à saúde no trabalho. Os procuradores do MPT ingressaram, a partir de 2018, com mais de 100 ações rescisórias, pedindo a revisão das decisões em relação aos pleitos objetos de fraude na prova. A expectativa do MPT é que o judiciário mantenha o mesmo entendimento em julgamentos futuros. Operação O nome da operação faz alusão ao juramento de Hipócrates, feito por todos os médicos. Deflagrada pelo MPF e pela Polícia Federal em 2016, tendo uma segunda fase em 2017, a Operação Hipócritas cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão contra médicos peritos nomeados pelo Judiciário e assistentes técnicos das partes para atuarem em processos trabalhistas. Eles eram financiados pelas empresas que eram rés nos processos e contavam com a intermediação de advogados, ajustando o pagamento de propinas para a emissão de laudo pericial favorável à parte interessada. Os investigados estão respondendo, de acordo com a participação de cada um, pelos crimes de associação criminosa, de corrupção passiva, de corrupção ativa e lavagem de dinheiro, com penas que variam de um a 12 anos de prisão para cada crime. Já houve condenações criminais de médicos peritos em Americana e Sorocaba. Até o momento são 35 os denunciados pelo Ministério Público Federal.