DADOS DE 2024

Três cidades da RMC estão entre as melhores do Estado em índice de conectividade

Paulínia, Nova Odessa e Campinas ficaram no top 20 de São Paulo e top 60 do Brasil; um dos critérios analisados é o nível de acesso da população à banda larga

Bruno Luporini/bruno.luporini@rac.com.br
11/04/2025 às 11:24.
Atualizado em 11/04/2025 às 11:55

Professor de Engenharia de Computação e Cibersegurança da PUC-Campinas, Antonio Forster destacou que uma boa cobertura de conectividade não significa que a qualidade do serviço seja padronizada em todas as regiões; um dos critérios analisados pelo IBC é o nível de acesso da população à rede de telefonia móvel (Kamá Ribeiro)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem três cidades entre as 20 melhores do Estado de São Paulo em qualidade de conectividade. Paulínia, Nova Odessa e Campinas são os destaques da região de acordo com o Índice Brasileiro de Conectividade (IBC), divulgado recentemente pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com informações referentes ao ano de 2024. Na RMC, Paulínia é a cidade líder do ranking. Em uma escala de zero a cem, o município somou 81,94 pontos.

Outras cidades que ficaram em boa posição foram Nova Odessa, com 81,88 pontos, e Campinas, 81,19. No Estado de São Paulo, as cidades ficaram na 15ª, 17ª e 20ª colocação, respectivamente. Já no cenário nacional, Paulínia aparece como a 45ª cidade com o melhor IBC, Nova Odessa está em 48˚ lugar e Campinas aparece na 59ª posição.

Para chegar ao resultado, são analisados os níveis de acesso da população à rede de telefonia móvel e à rede de banda larga, distribuição de fibra óptica e a porcentagem da população coberta pelos serviços, entre outros critérios.

A qualidade da conectividade de um local depende de vários fatores, como investimento das operadoras em infraestrutura, acesso a um sistema de fornecimento de energia elétrica confiável e o tamanho de um município. Por isso, para o professor de Engenharia de Computação e Cibersegurança da PUC-Campinas, Antonio Forster, uma cidade ter uma boa cobertura de conectividade não significa que a qualidade do serviço seja padronizada em todas as regiões.

Em Campinas, a farmacêutica oncológica, Rita Polinário, de 42 anos, contou que acessa a cobertura 5G pelo celular e tem conexão de banda larga em casa, localizada no Parque São Martinho. No entanto, ela reclamou que a qualidade da conexão oscila muito. “Principalmente quando chove, a internet oscila demais. Eu tenho um filho em época de vestibular que precisa muito de uma boa conexão para estudar”, contou. Ela reforçou que a necessidade de melhoria dos serviços é justificada pelo valor pago todo mês.“Não é barato. Por isso, a qualidade tem que melhorar sim.” 

No caso da proprietária de uma empresa de limpeza, Marlene de Oliveira, 54 anos, a avaliação é positiva sobre o serviço de rede utilizado. “Eu uso muito para o trabalho, para agendar clientes, fazer toda a contabilidade, emitir nota fiscal... Depois que troquei de operadora, não tive mais problemas”, relatou. Ela mora próximo à região central, no bairro da Ponte Preta. “Não posso reclamar. Para mim funciona muito bem.”

O professor analisou que o aumento da conectividade no Brasil cresceu bastante, mas ainda carece de mais investimentos, especialmente para a aprimorar a cobertura do 5G, o planejamento de sistemas com o desenho de edge computing, que é a descentralização dos sistemas computacionais, levando-os para mais perto das estações de rádio básica, o que aumenta a velocidade de processamento de dados. “Esse investimento tem que ser feito, incluindo na qualidade das antenas de transmissão, ou teremos uma parte da rede operando em alta velocidade e outra congestionada.” 

RANKING

O IBC, segundo a Anatel, tem serventia para várias aplicações. O índice ajuda a difundir as boas práticas locais de disseminação de conectividade e identifica locais com baixa conectividade - o que gera cobranças para que o poder público busque soluções. Além disso, os dados podem ser utilizados para tomada de decisões e avaliações de políticas públicas, como fonte para estudos acadêmicos e na elaboração de relatórios sobre o setor no país.

A Anatel afirmou que o IBC tem uma boa percepção sobre o número de acessos nos municípios, quantidade de empresas e suas respectivas participações de mercado, percentuais de cobertura de sinal de telefonia móvel em áreas urbanas e agrícolas e existência de rede de fibra óptica na localidade. Para a agência, o poder público de um município, apesar de ter um grau de influência menor na conectividade geral, pode contribuir para as melhorias do índice em sua cidade, como por meio da formulação de políticas públicas que ajudem a incentivar a disseminação da infraestrutura de telecomunicações, a formalização de Parcerias Público-Privadas (PPP) para o desenvolvimento e melhorias nas redes e criando novas leis municipais para auxiliar a instalação de Estações Rádio Base (ERBs).

Antonio Forster analisou que fazer uma avaliação do nível de desenvolvimento de conectividade de uma região é importante para o desenvolvimento de políticas públicas em várias áreas, como no setor da educação. Para ele, como os próprios governos estão convertendo os serviços para sistemas on-line, é fundamental que existam sistemas de telecomunicações implantados de forma eficiente, permitindo que a população acesse os serviços.

Com relação à infraestrutura necessária para acolher empresas de tecnologia, como data centers, Forster explicou que entre os principais fatores estão o backhaul em fibra óptica, conectividade 4G e 5G, quantidade de equipamentos por cada Estação Rádio Base e a qualidade da infraestrutura de energia elétrica. “Não há como instalar uma empresa desse porte em um local onde, por mais que tenha uma excelente rede de fibra óptica, a rede elétrica é instável”. Sem um sistema de fornecimento de energia estável, as empresas precisam investir em sistemas de backup, geradores e sistemas de baterias, “que são muito caros”. 

O professor salientou que é necessário um investimento “gigantesco” no núcleo das redes, baseado também em políticas públicas de investimento, como aportes do BNDES, e “da própria injeção de dinheiro que o governo pode fazer no mercado”. Forster, no entanto, entende que a maior quantidade de recursos são oriundos da própria venda de serviços das operadoras. “A questão econômica, como um todo, é o que vai viabilizar as melhorias."

A tabela interativa do IBC, assim como o sistema metodológico, pode ser consultada através do site: https://informacoes.anatel.gov.br/paineis/meumunicipio/indice-brasileiro-deconectividade.

GESTORES REPERCUTEM

A reportagem do Correio Popular procurou as prefeituras citadas para entender como as respectivas gestões enxergam a importância da conectividade para o desenvolvimento das cidades. O prefeito de Paulínia, Danilo Barros, explicou que a cidade se destacou no ranking, principalmente, por causa da aprovação de uma lei que regulamenta a tecnologia 5G na cidade. “Com isso, permitimos que as empresas de telefonia invistam em novas antenas e conseguimos avançar em novos negócios”, explicou. O objetivo é atrair empresas de tecnologia. “Já temos um data center da Amazon instalado na cidade e em breve vamos receber uma grande empresa de TI”, disse Barros. Para ele, a expansão da conectividade é uma das principais bandeiras de sua gestão, uma vez que é possível fomentar todo o setor produtivo e atrair novos negócios e investimentos com o 5G em funcionamento.

De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Social de Nova Odessa, Antonio Teixeira, o objetivo é transformar Nova Odessa na cidade mais conectada da região. “Estamos fazendo um trabalho de aproximação com as empresas de tecnologia da cidade, buscando parcerias para ampliar as opções de conectividade e telecomunicações da nossa comunidade.” 

A Prefeitura de Campinas informou que a implantação do 5G avançou na cidade após a regulamentação da lei complementar n˚493, permitindo que os proprietários das torres tenham a licença para a operação com alvará válido por 10 anos. Com relação à melhoria do sinal nas áreas mais afastadas do Centro, a Prefeitura afirmou que lançou no início do ano, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, o projeto para implantação do Distrito Agro Tecnológico (DAT), com objetivo de impulsionar o setor agrícola por meio do uso de tecnologias avançadas, com torres 5G e automações individualizadas.

A Prefeitura também destacou, dentro do contexto da conectividade, implementação do Saúde Digital em todos os 68 Centros de Saúde, o Acesso Fácil Saúde Campinas, programa que usa inteligência artificial para oferecer atendimento e orientações a pacientes da rede municipal de saúde. Além disso, as 223 escolas municipais de Campinas começarão a receber cabeamento e infraestrutura para a rede Wi-Fi a partir do dia 15 de abril.

CENÁRIO LOCALl

De acordo com o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Hermano Barros Tercius, em 2015 o país dispunha de apenas 57% dos seus domicílios com disponibilidade para o serviço de banda larga fixa. Hoje, 93% dos domicílios acessam esse sistema. Ele considerou que, além das políticas públicas implementadas pelo governo, o avanço da conectividade do país é resultado do trabalho realizado por pequenos provedores de internet, que desempenham um papel fundamental na expansão dos serviços. “Especialmente em áreas mais afastadas dos grandes centros”, avaliou. Atualmente existem mais de 20 mil provedores de internet em atividade no Brasil, a maioria de pequeno e médio porte, responsáveis por mais de 23 milhões de pontos de acesso.

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