TAMBÉM EM INDAIATUBA E ITATIBA

Tremor assusta moradores de prédios de Campinas e região

Terremoto na Argentina, de 6.8 na escala Richter, foi sentido em cidades da RMC

Thiago Rovêdo
12/05/2022 às 08:58.
Atualizado em 12/05/2022 às 08:58

Bairro do São Bernardo, em Campinas, foi um dos locais da Região Metropolitana onde tremores foram percebidos por moradores de prédios, que chegaram a desocupar os imóveis (Ricardo Lima)

Moradores das cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) sentiram tremores, nos prédios onde moram, após um terremoto de magnitude 6,8 na escala Richter ocorrer no Noroeste da Argentina, na província de Jujuy. Campinas, Indaiatuba e Itatiba acionaram a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros para realizar os atendimentos. Especialista acredita que a magnitude do terremoto aqui em Campinas foi de 3 na escala Richter, o que é considerado baixo.

O diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, explicou que além do bairro São Bernardo, em Campinas, o órgão foi informado que o Corpo de Bombeiros recebeu chamados de moradores de prédios relatando que perceberam tremores de terra em Indaiatuba e Itatiba. Não houve vítimas ou danos estruturais em nenhuma das ocorrências. 

"A Defesa Civil de Campinas fez vistoria num edifício no São Bernardo, após notificação de tremor por volta das 21h de terça-feira. Na vistoria, não foi constado dano estrutural no local. Não houve necessidade de evacuação. Fizemos novamente uma vistoria nesta quarta-feira e não houve nenhum dano. Observamos que foi apenas reflexo de um tremor fora do Brasil", afirmou o diretor da Defesa Civil.

O prefeito de Itatiba, Dr. Thomás, publicou sobre o tremor em suas redes sociais. Ele citou o fato raro e contou que vários moradores de prédios do município sentiram o tremor cerca de 15 minutos depois do terremoto começar na Argentina. "Alguns prédios chegaram a ser evacuados pelos moradores e os bombeiros foram acionados. Após revistarem o local, os prédios foram liberados para o retorno das famílias. Nossas equipes da Defesa Civil estão de prontidão. Não há relatos de prejuízos materiais", afirmou.

O profissional de tecnologia Henrique Oliveira dos Santos, de 39 anos, morador do bairro Erasmo Chrispim, em Itatiba, contou que estava lavando louça quando o prédio balançou. Mas ele nem imaginou que se tratava de um terremoto e só deixou o apartamento quando foi avisado pelos pais, que moram no mesmo edifício. "Meus pais me chamaram, porque eles moram na mesma torre que eu, para contar que o prédio estava balançando e todo mundo estava descendo e ficando do lado de fora. Minha mulher sentiu, mas foi por um curto período de tempo. Eu mesmo não senti nada", disse. 

Santos disse que os moradores aguardaram as vistorias da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros, mas ele preferiu dormir fora. "Por precaução, fomos para um hotel, mas fizemos isso porque quisemos. Não houve nenhuma orientação para isso", contou.

A Defesa Civil de Indaiatuba informou que foi chamada para atender às ocorrências num prédio no Jardim Alice, na zona Sul, e em outro na rua Tuiuti, zona Norte. Não houve danos e o atendimento se limitou a acalmar os moradores

De acordo com o Instituto Nacional de Prevenção Sísmica (Inpres) da Argentina, o epicentro foi a 177 quilômetros a Oeste da cidade de San Salvador de Jujuy na fronteira com o Chile e a Bolívia.

O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) informou que não houve detecção de tremor na região de São Paulo, porém confirmou que recebeu relatos de usuários das cidades da região por meio de um aplicativo chamado "Senti Aí". "Essa não é a primeira vez que um terremoto profundo e com magnitude significativa em um país vizinho foi sentido no Brasil. Desde 1941, há histórico desse tipo de fenômeno. O último foi em abril de 2018, após um sismo na Bolívia. Nunca houve nenhum relato de dano no Brasil causado por tremores com epicentro em países vizinhos", disse a instituição por meio de nota. 

Não é incomum

O professor do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Álvaro Crosta, explicou que se trata de uma ocorrência até periódica e vai ser sentida no Brasil toda vez que houver um abalo sísmico forte na cordilheira andina. "A propagação da onda sísmica vem pela placa tectônica, mas ela chega bem atenuada. Muitas vezes, as pessoas nem sentem nada, porque ela vem muito fraca", afirmou.

Crosta explicou que, normalmente, pessoas que estão em andares superiores de prédios são as que vão sentir o tremor por uma questão de estrutura da construção. "As pessoas que sentem sismos estão em andares altos, porque o prédio funciona como um pêndulo. A base está em alicerce na terra, mas a parte alta não", contou.

O professor disse que relatos como porta batendo significam que a magnitude deve ter atingido 3 na escala Richter. Isso é considerado pequeno, é frequentemente sentido, mas raramente causa danos. São registradas cerca de 49 mil ocorrências nessa escala por ano em todo mundo. 

"A onda sísmica não se comporta de forma linear. O solo é heterogêneo, com falhas, e os sismos vão se propagando por essas falhas. Aqui não há danos, mas em locais como Mato Grosso ou Rondônia há muito mais relatos, apontando até para rachaduras, mas até isso é raro", explicou.

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