Especialista defende que defensas sejam modernizadas; acidente em Viracopos deixou 2 mortos
De acordo com Creso de Franco Peixoto, a estrutura de proteção do viaduto Laurão (na Avenida Moraes Salles), precisa ser repensada (Patrícia Domingos)
O acidente que resultou na morte de duas pesquisadoras do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, no Aeroporto Internacional de Viracopos, fez com que um velho assunto voltasse à tona: a segurança em vias elevadas de trânsito em Campinas. Com um histórico de acidentes, o Viaduto Cury é um destes locais. De acordo com o especialista em trânsito e professor de engenharia civil, arquitetura e urbanismo da Unicamp, Creso de Franco Peixoto, a estrutura de proteção desse viaduto e outros como o da Avenida Lix da Cunha (Suleste) e o Laurão (na Avenida Moraes Salles), precisa ser repensada. “Não vou dizer que não garante proteção alguma, mas se mesmo com a proteção os acidentes acontecem, então é necessário pensar em um novo sistema, ou então melhorar o atual, porque não é muito eficaz.” Peixoto ressaltou que um modelo dos Estados Unidos poderia garantir maior segurança nos elevados em linha reta. “Se você tem um viaduto reto, ele deveria ter ao lado dele, nas laterais, uma proteção chamada ‘guarda-corpos de concreto New Jersey’. Esse, quando você faz o projeto de acordo com a norma, referendada no Brasil, pode bater um caminhão que não arrebenta”, explicou o especialista, que fez um alerta. “Mas se fizer um desse em uma estrutura de curva e ele bater, tende a cair”, concluiu. No caso de sábado, ocorrido no aeroporto, a perícia do Instituto de Criminalística (IC) de Campinas constatou que o pedal do carro em que estavam Maria Erbia Cássia Carnaúba, de 32 anos, e Carolina Blasio da Silva, de 33 anos, estava travado por um chinelo. Elas morreram após o veículo, um Peugeot 207, cair de uma altura de 11 metros do estacionamento da área de embarque do aeroporto. De acordo com pessoas que viram o acidente, o carro se desgovernou na curva, subiu na calçada, se chocou de raspão no canteiro central e, em seguida, passou por uma vaga entre dois carros estacionados, se chocando com a grande de proteção feita de vidro e metal, para então cair. Em nota oficial, a administração de Viracopos disse entender que a estrutura de proteção é adequada para o local, desde que o veículo esteja dentro da velocidade permitida, que é de 30km/h. Diferente de vias de grande movimentação, como Lix da Cunha e Laurão, em que normalmente os carros passam em alta velocidade. Comerciante próximo da região da Avenida Lix da Cunha, Sérgio Gustavo Reis se diz apreensivo por precisar passar pelo local todos os dias. “Dá um certo pavor, porque ali é uma altura grande e a proteção parece muito pequena, sem ser o suficiente para evitar acidentes”, disse. Por conta da estrutura do Viaduto Cury, Creso de Franco Peixoto o considerou um local de maior risco. “Imagina um viaduto em curva depois de uma descida. É o que nós podemos caracterizar como um local com risco de acidentes. Os carros tendem a ganhar velocidade, então o que deve ser feito é buscar soluções para reduzir o risco local. Por exemplo, se tem uma descida e vai entrar no viaduto, que ali tenha atenuadores de velocidade. Podem ser usados indutores de redução como as faixas perpendiculares brancas, além de medidores de velocidade e, caso persista a questão do excesso de velocidade, aí é interessante o radar”, disse. A Prefeitura não se manifestou ontem sobre as estruturas dos viadutos.