acidente viário

Tragédia dos romeiros completa 20 anos

A tragédia, quase que anunciada, na Rodovia Anhanguera, aconteceu no dia 8 de setembro de 1998, precisamente às 2h45, perto do município de Araras

Henrique Hein
09/09/2018 às 08:56.
Atualizado em 22/04/2022 às 04:31
Carga de 26 mil litros de óleo diesel e seis mil de gasolina se espalhou pela pista causando um grande incêndio: veículos foram totalmente destruídos (Cedoc/RAC)

Carga de 26 mil litros de óleo diesel e seis mil de gasolina se espalhou pela pista causando um grande incêndio: veículos foram totalmente destruídos (Cedoc/RAC)

Profissionais da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros, do Instituto Médico Legal (IML) e demais autoridades de Campinas, se reuniram na última quarta-feira, dia 5 de setembro, no Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), no bairro Jardim Brasil, para realizar uma série de palestras, com o objetivo de relembrar um dos mais graves acidentes viários do Pais, que ontem, completou 20 anos. A tragédia, quase que anunciada, na Rodovia Anhanguera, aconteceu no dia 8 de setembro de 1998, mais precisamente às 2h45, perto do município de Araras, a menos de 80 quilômetros de Campinas. O acidente deixou 55 mortos e 43 feridos; envolveu dois ônibus – com 98 romeiros que voltavam de uma excursão religiosa a Aparecida, em direção à cidade de Anápolis (GO); uma carreta carregada com 32 mil litros de combustível, um automóvel e um caminhão com aguardente. Na ocasião, o motorista José Carlos Saraiva morreu carbonizado após perder o controle da carreta Scania, que caiu em uma vala no canteiro central da rodovia e explodiu. A carga de 26 mil litros de óleo diesel e seis mil de gasolina se espalhou pela pista, por cerca de 500 metros, causando um grande incêndio no sentido Interior-Capital. Os dois ônibus com os romeiros e o caminhão com aguardente não conseguiram desviar e também pegaram fogo. Além dos romeiros, os motoristas dos dois ônibus e do caminhão também morreram no local. Um Apolo, que vinha logo atrás da carreta, derrapou e bateu em uma placa de sinalização no acostamento, mas seus quatro ocupantes escaparam ilesos. Dos 43 passageiros que conseguiram sobreviver, a maioria estava no segundo veículo, e todos tiveram algum tipo de ferimento. Os feridos mais graves foram internados nos hospitais de Araras e Leme, enquanto outras três vítimas transferidas em estado grave para Jundiaí, com queimaduras em quase todo o corpo. O fogo tomou conta de tudo em segundos e, apesar de o socorro ter chegado apenas 15 minutos após o acidente, pouco pôde ser feito, já que o cenário era de desespero total. Na época, Campinas foi quem deu apoio ao socorro aos acidentados, porque Araras não tinha estrutura – os legistas do IML de Campinas identificaram as vítimas que morreram carbonizadas. A maior parte delas ficaram presas nas ferragens e acabaram morrendo queimadas. Foram necessárias mais de duas horas para controlar as chamas. “A estrutura que tínhamos na época deixava muito a desejar. Tivemos muitos problemas para conter o fogo e para realizar uma rápida identificação dos cadáveres. Foi preciso usar exames de DNA para identificar cada uma das pessoas, o que na época, era uma tecnologia que funcionava ainda de forma muito lenta”, revelou o médico-legista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Fortunato Badan Palhares. “Muitas lições importantes foram tiradas depois da tragédia, que foi um marco para mudanças, porque pegou todos nós de surpresa. Foi um acidente de grandes proporções, no qual mais de 50 pessoas perderam suas vidas”, ressaltou o médico. Para Sidnei Furtado Fernandes, da Defesa Civil de Campinas, mais do que relembrar a tragédia, o evento da última quarta-feira teve como objetivo principal não deixar o caso entrar em esquecimento, sobretudo para os integrantes mais jovens das corporações. “Nós não podemos deixar casos graves como esse serem esquecidos, porque eles nunca vão deixar de acontecer. Recentemente, tivemos o caso da Boate Kiss e do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Nós temos que relembrar, mostrar para os mais jovens o que aquilo significou, quais foram os erros na operação e os impactos daquela tragédia. Temos sempre que prepará-los para combater acidentes como esse”, ressaltou.

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