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Tradicional Festa do Boi Falô reúne 2 mil pessoas

Ao todo, foram usados meia tonelada de macarrão, com 400 quilos de molho de tomate. Outros 900 litros de refrigerantes e 750 copos de água também fizeram parte do cardápio

Henrique Hein
30/03/2018 às 16:12.
Atualizado em 23/04/2022 às 09:05
Tradicional Festa do Boi Falô reúne 2 mil pessoas (Henrique Hein)

Tradicional Festa do Boi Falô reúne 2 mil pessoas (Henrique Hein)

A 23ª Festa do Boi Falô, tradicional celebração de Sexta-Feira da Paixão, reuniu nesta sexta-feira (30) 2 mil pessoas em frente a Escola Estadual Barão Geraldo de Rezende, na Rua Jerônimo Pattaro, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. No local, os visitantes, mais uma vez, puderam saborear a famosa macarronada com molho de tomate, preparada e distribuída por cerca de ao menos 30 voluntários. Ao todo, foram usados meia tonelada de macarrão, com 400 quilos de molho de tomate. Outros 900 litros de refrigerantes e 750 copos de água também fizeram parte do cardápio. Por volta das 10h, já havia gente na fila esperando para pegar o almoço, que é oferecido de maneira gratuita à população. Enquanto o alimento não ficava pronto, muitos aproveitaram para posar para fotos em frente ao boneco do boi ornamentado com flores - personagem da lenda que dá nome à festa. Como em todos os anos, um dos padres da Paróquia Santa Isabel, abençoou a comida antes de ela ser servida. No momento da reza, o alimento foi um batizado com água benta e um pedido de proteção aos fiéis foi realizado. De acordo com o subprefeito Donizeti Gomes, a organização do evento também promoveu ações durante o dia para distrair os participantes. "A macarronada, como em todos os anos, será servida ao meio dia. Contamos também com um sorteio de camisetas personalizadas do Boi Falô e com a apresentação da Orquestra de Viola e do Grupo Savuru, que faz músicas alusivas a escravidão e ao movimento negro. Após a benção do nosso monsenhor, misturaremos o molho com o macarrão em duas grandes panelas e com ajuda de carrinhos de mão, vamos servir o alimento na rua para a população até as 13h." , explicou Gomes. Moradora de Barão Geraldo, a autônoma Gabriela Fonseca, de 32 anos, compareceu ao evento mais uma vez. Ela esteve acompanhada dos dois filhos: Rodrigo, de 5 anos; e Samuel, de 9 anos. "Já tem muitos anos que eu venho aqui. É um evento tradicional, conhecido e muito gostoso. Você poder sair de casa com a família para aproveitar o dia e o feriado é sempre algo que faz muito bem para qualquer um" , comentou. Mesmo quem não é de Barão Geraldo, "deu um jeito" de comparecer. Há 26 anos morando na Vila Industrial, em Campinas, o pedreiro João José da Silva, de 44 anos, contou que quase sempre costuma comparecer a celebração. "No ano passado eu não pude vir, mas eu sempre estou aqui. Hoje eu peguei ônibus, demorei muito para chegar por causa do final de semana, mas estou feliz da vida. O ambiente é muito legal, aconchegante e a comida está muito gostosa" , afirmou. Já a professora Ana Paula Rossi Ferraz, de 40 anos, explicou que pela primeira vez compareceu ao evento. Ela e a família saíram do Jardim Pacaembu, em Campinas, logo cedo. "Todo ano eu via a televisão divulgar essa macarronada e eu sempre ficava intrigada e curiosa para saber como era. Esse ano, trouxe meu marido e minha filha para curtir comigo. Confesso que fiquei surpreendida e gostei bastante." contou. A lenda A lenda do Boi Falô foi criada em 1888, na fazenda Santa Genebra, sob a propriedade do Barão Geraldo de Rezende. Um dos escravos, que trabalhava nas plantações de cana-de-açúcar e café, foi obrigado pelo um dos capatazes do senhor a ir ao pasto e atrelar um boi para arar a terra, durante uma sexta-feira Santa. Foi então, que o escravo, de nome Toninho, foi colocar a canga no animal, que estava deitado sob uma árvore. Porém, por mais que ele insistisse, o animal não saia do lugar. Neste momento o animal olhou para o escravo, deu um mugido alto e disse: "Hoje é dia santo, é dia do Senhor, não é dia de trabalho" . O escravo saiu correndo para sede da fazenda, gritando: "O boi falô, o boi falô!" Segundo a lenda, o capataz ainda teria tentado castigar Toninho por não cumprir a tarefa, mas ele correu para a Casa Grande à procura do Barão Rezende que, ao ouvir a história, teria lhe dado razão e ordenado que ninguém trabalhasse naquele dia. Desde então, Toninho passou a trabalhar dentro da casa do Barão até o dia de sua morte. Em consideração aos bons serviços prestados, Toninho foi enterrado junto ao túmulo do Barão, no cemitério da Saudade, em Campinas. A lenda faz parte do folclore do Distrito de Barão Geraldo e o túmulo do escravo Toninho é um dos mais visitados no Dia de Finados.

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