CAMPINAS

Trabalhador rural relata agressão de GMs

A vítima informou para a reportagem que preferiu não registrar um Boletim de Ocorrência (BO) pois teme represálias e que ele e a família estão com medo

Vinícius Agostini
04/05/2016 às 22:11.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:47
A vítima informou para a reportagem que preferiu não registrar um Boletim de Ocorrência (BO) pois teme represálias e que ele e a família estão com medo (César Rodrigues/ AAN)

A vítima informou para a reportagem que preferiu não registrar um Boletim de Ocorrência (BO) pois teme represálias e que ele e a família estão com medo (César Rodrigues/ AAN)

Revolta, medo e lágrimas acompanharam o relato de um trabalhador rural, de 44 anos, que procurou a reportagem do Correio nesta quarta-feira (4) após ter sido vítima de uma ação agressiva da Guarda Municipal (GM) de Campinas, segundo ele, ocorrida na noite de terça-feira (3) no bairro Vila Ypê.  D.R. disse que, na tarde de terça, foi à casa de um amigo no bairro Jardim das Oliveiras, em Campinas. Ao sair da residência do colega, o homem caminhava até o ponto de ônibus, no entanto, antes de chegar ao local, foi abordado por dois guardas municipais. "Moro no bairro Parque Jambeiro e estava indo ao ponto pegar o ônibus para voltar para casa. Há cerca de 30 metros do ponto, fui abordado por dois GMs que chegaram em uma viatura. Eles mandaram colocar a mão na parede e me revistaram. Eu segurava um sacola com pães e um litro de leite", disse. De acordo com D.R, um dos GMs questionou a vítima sobre o bairro onde residia, além de informações sobre um possível ponto de tráfico de drogas. "Eu disse que morava no Jambeiro e um dos guardas falou 'é você mesmo que nós estamos procurando'. Eu contei que não devia nada para a polícia, que não sabia de ponto de drogas. Eles então decidiram me colocar no 'chiqueirinho' - parte de trás da viatura", relata. Segundo a vítima, os GMs o levaram para uma rua escura, de terra, no bairro Vila Ypê, próximo a uma empresa de transportes. "Lá eles me bateram com cassetete, deram chutes, pontapés, socos e vários tapas na minha cara", acusa. D.R. afirma que os guardas municipais, antes de irem embora, orientaram que ele caminhasse sem olhar para trás. A vítima informou para a reportagem que preferiu não registrar um Boletim de Ocorrência (BO) pois teme represálias. "Eu nunca vi aqueles guardas e gostaria de saber porque eles fizeram isso comigo. Moro no Jambeiro há mais de 30 anos. Eu, minha esposa e meu filho estamos com medo. Se eles me bateram sem eu ter feito nada, imagina se eu registrar um BO?", questiona. A reportagem tentou conversar com a esposa da vítima por telefone, mas ela preferiu não falar. Outro lado A reportagem entrou em contato com a GM, que tratou o caso como 'suposta vítima'. Por meio de nota, a corporação se limitou a dizer que a Secretaria de Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública recomenda que a suposta vítima registre formalmente a queixa em um órgão competente, para que, então, a Corregedoria da GM possa dar início à apuração dos fatos oficialmente relatados.

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