O homem de 31 anos já havia sido identificado por imagens de câmeras de segurança e não ficou preso porque se apresentou espontaneamente
Delegado do Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), Rui Pegolo, durante entrevista coletiva aos jornalistas sobre o homicídio (Dominique Torquato/AAN)
O suspeito de matar o torcedor da Ponte Preta, Leonardo Bernardes, de 18 anos, no último sábado, se apresentou à Polícia Civil de Campinas. O crime aconteceu aproximadamente sete horas antes do dérbi campineiro, no bairro São Bernardo. Segundo o delegado do Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), Rui Pegolo, o homem de 31 anos já havia sido identificado por imagens de câmeras de segurança e não ficou preso porque se apresentou espontaneamente e está colaborando com as investigações. No entanto, ele responderá por homicídio doloso, quando há intenção de matar, cuja pena varia de seis a 20 anos. “Ele confessou o crime, mas alegou legítima defesa”, disse Pegolo. O nome do suspeito não foi divulgado e ele é torcedor do Guarani. Bernardes foi baleado nas costas. O tiro atingiu o cóccix e a munição, de calibre 38, ficou alojada em seu corpo. O suspeito relatou em seu depoimento à Polícia que o disparo foi aleatório, sem alvo algum, e foi feito para dispersar o grupo de pontepretanos que havia invadido sua casa. Ao delegado, o autor do crime contou que estava com um grupo de mais ou menos sete amigos alviverdes, em frente à casa dele, e se preparavam para encontrar com outros torcedores no Teatro Castro Mendes, para depois seguirem para o Brinco de Ouro da Princesa, mas logo avistaram um grupo de cerca de 30 torcedores da Ponte Preta que desciam a rua dele a pé, armados de paus e pedras. Os bugrinos estavam com camisetas do time. “Eles (alviverdes) não tinham opção e correram para dentro da casa do autor e fecharam a porta, mas os torcedores da Ponte Preta invadiram e tentaram abrir a porta. O autor contou que pegou a arma e saiu para dispersar o grupo. Ele apontou a arma e os pontepretanos correram. O disparo foi feito da varanda da casa dele”, contou Pegolo. O suspeito relatou que a arma era ilegal, usada para sua proteção e que a jogou em um rio durante a fuga. Ele também relatou que a arma tinha três munições, mas que atirou apenas uma vez, com os olhos fechados. Segundo Pegolo, a briga não foi pré-agendada. Os amigos de Bernardes teriam contado em depoimentos que os torcedores da Ponte Preta se encontraram em frente ao estádio Moisés Lucarelli, por volta das 10h, e depois seguiram pela cidade, em carros e motos, em busca de torcedores bugrinos para brigar. “Eles saíram a procura de torcedores da torcida do Guarani para brigarem. A vítima postou no Facebook que se encontrasse torcedores do Guarani iria brigar e foi isso que aconteceu. O Leonardo deixou claro que ia ter briga. Os amigos confirmaram isso”, falou o delegado. Ainda segundo a Polícia, os torcedores alviverdes não estavam preparados para brigar. O grupo de pontepretanos teria deixado os carros e motos em outra via nas proximidades da praça e seguiram a pé. Como o bairro São Bernardo é reduto tanto de torcedores do Guarani como da Ponte Preta era certo de que encontrariam algum torcedor por lá. Após o disparo, os ponte-pretanos correram com a vítima para uma outra rua. As imagens que chegaram até o delegado no dia do crime mostravam apenas o socorro do jovem, mas depois os policiais conseguiram imagens que mostram a chegada dos torcedores da Ponte Preta e elas, segundo Pegolo, apesar de não mostrar como aconteceu o disparo, corroboram o que o suspeito contou, que o número de ponte-pretanos era bem maior que os bugrinos. A Polícia Civil já ouviu nove pessoas no inquérito, entre testemunhas e parentes da vítima, e vai tentar identificar pelas imagens outras pessoas envolvidas no crime. "Ao final da investigação, de toda a coleta de provas, é que a gente vai decidir se o suspeito ficará preso ou solto", explicou o delegado.