ESTÁDIO

Tombamento do Mogiana é adiado

Processo deveria ter sido votado ontem pelos conselheiros, mas houve um pedido de vistas

Maria Teresa Costa
20/09/2019 às 08:51.
Atualizado em 30/03/2022 às 12:03

O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) adiou a decisão sobre o tombamento do Estádio da Mogiana. O processo deveria ter sido votado ontem pelos conselheiros, mas houve um pedido de vistas. Embora haja prazo regimental de 15 dias para que o processo seja devolvido, não há data para que o Condepacc decida se tombará ou não o estádio como patrimônio da cidade. O vice-presidente do conselho, Herberto Guimarães, disse que pediu vistas ao estudo para poder analisar com mais calma como deverá ser seu voto no Condepacc. Ele está há dois meses ausente do conselho, em função de uma cirurgia, e disse que vem acompanhando a polêmica sobre o projeto de venda do estádio pelo governo do Estado, que tramita na Assembleia Legislativa. Guimarães afirmou que quer estudar mais a fundo os argumentos para o tombamento ou a rejeição e disse que seu voto levará em conta a importância daquele espaço como patrimônio da cidade. O estudo de tombamento municipal está aberto desde 2013 a pedido dos pesquisadores do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas e do Centro de Memória da Unicamp. No ano passado, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arquitetônico, Arqueológico e Turístico do Estado (Condephaat) tombou o estádio como patrimônio do Estado, incluindo o campo de futebol, a arquibancada central, a arquibancada Sudoeste, a casa do administrador e a casa do motorista como patrimônio do Estado. A resolução do tombamento estadual, no entanto, ainda não foi publicada. Desde que o governo, no mês passado, enviou projeto à Alesp para a venda do complexo esportivo, um movimento envolvendo historiadores, políticos e esportistas vem tentando encontrar soluções para que aquela área não seja vendida. Nesta semana, os vereadores Gustavo Petta (PCdoB), Carlão do PT e Fernando Mendes (REPUB), que integram Comissão de Representação da Câmara, e o deputado estadual Rafa Zimbaldi (PSB) conseguiram compromisso do líder de governo na Assembleia, Carlão Pignatari (PSDB), de que o projeto de venda não entrará na pauta de votação, até que uma alternativa para o local seja encontrada. A Prefeitura de Campinas informou que está disposta a assumir a gestão do Estádio da Mogiana, desde que receba o conjunto esportivo do Estado recuperado. Casa em Art Déco entra para lista de imóveis históricos Uma das poucas casas remanescentes no estilo Art Déco em Campinas foi tombada ontem como patrimônio da cidade pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). A casa, de 1933, localizada na Rua Luzitana, no Centro, é um raro representante das construções que marcaram a transição da economia e cultura da época. O estilo Art Déco marcou o processo de verticalização do Centro — pelo menos 20 edifícios ainda preservam a imponência de uma época de desenvolvimento da cidade. A arquitetura vertical de Campinas nasceu Art Déco com o Edifício Sant´Anna, em 1935, e somente 12 anos mais tarde iniciou-se uma transição em direção ao moderno, representada pela construção de dois edifícios, um aprovado em 1947 (Edifício Kauffmann) e outro, aprovado no ano seguinte, o Edifício Iapi. O Edifício Moreira Salles, construído por Lix da Cunha na Avenida Francisco Glicério, é considerado pelo arquiteto como o último da fase Art Déco. O termo Art Déco do francês "Arts Décoratifs" que significa Artes Decorativas. A Art Déco representou uma mistura de vários estilos de vanguarda, que ocorreram quase simultâneos no início do século 20, como o cubismo, o modernismo, a Art Nouveau e o futurismo. Especialmente no campo da arquitetura, o desenvolvimento do estilo Art Déco resultou em três linhas principais: a mais geometrizada, conhecida como escalonada ou ziguezague; a de influência francesa e ênfase decorativa; e a sinuosa e aerodinâmica, denominada "streamline" . Em Campinas, alguns edifícios construídos nesse estilo estão tombados como patrimônio, como a sede da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), o prédio da Caixa Econômica Federal na esquina das ruas Conceição e Barão de Jaguara, o edifício do Magazine Luiza, o prédio do Centro de Ciências, Letras e Artes são alguns dos exemplos. O Palácio da Justiça, o Centro de Ciências Letras e Artes, o Sindicato dos Ferroviários da Paulista e Correios e Telégrafos estão entre os exemplares do estilo tombados pelo Condepacc. A decisão garante que estes edifícios, construídos na década de 1940, sejam preservados.

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