GIGANTE ADORMECIDO

Theatro Municipal de Paulínia apresenta sinais de abandono

O local, sem atividades desde o início de 2020, exibe sinais de vandalismo e destruição; Prefeitura de Paulínia alega que o local será concedido à iniciativa privada

Karina Fusco
27/08/2022 às 16:44.
Atualizado em 27/08/2022 às 16:45
Fachada do Theatro Municipal de Paulínia (Karina Fusco)

Fachada do Theatro Municipal de Paulínia (Karina Fusco)

O Theatro Municipal Paulo Gracindo, popularmente conhecido como Theatro Municipal de Paulínia, está fechado e com sinais de abandono e vandalismo. Inaugurado em julho de 2008, o local era considerado um dos principais símbolos da área cultural na região (e até do interior do Estado) e já abrigou importantes espetáculos de teatro e shows, além de eventos relacionados ao cinema, como o Festival de Cinema de Paulínia, que contava com a presença de grandes nomes da sétima arte. No entanto, o que se vê hoje do local, que custou R$ 53 milhões para ser construído, está muito distante do que era até o período anterior à pandemia de covid-19, quando as atividades culturais precisaram ser pausadas. 

O teatro encontra-se fechado, mas basta se aproximar para ver que há muitos danos visíveis, como por exemplo um vidro quebrado logo na entrada, onde foi colocado um tapume do tamanho de uma porta, além de outro trincado, que parece ter sido apedrejado, pichações em uma das laterais e no chão e base de uma coluna, aos fundos, quebrada. A entrada principal, que antes ficava aberta e na parte interna eram vistos funcionários trabalhando na bilheteria, permanece fechada. Nas visitas que o Correio Popular fez ao local na última semana havia jovens fumando nas escadas, crianças brincando e famílias tirando fotos. Eles disseram que há muito tempo o teatro está abandonado.

Na parte inferior, onde funcionou um posto de vacinação no início da campanha de imunização contra a covid, em 2021, uma porta de vidro estava aberta, mas ninguém na parte interna. Ali não havia nada aparente em relação a danos ou vandalismo. Apenas um lado do acesso de carro está fechado com tapumes.

Ao percorrer por fora toda sua extensão é possível identificar sinais de abandono (Dominique Torquato)

Ao percorrer por fora toda sua extensão é possível identificar sinais de abandono (Dominique Torquato)

Porém, produtores que sempre levavam seus espetáculos àquele teatro e escolas e empresas de toda a região que realizavam ali seus eventos e apresentações disseram ao Correio Popular que internamente a situação é ainda mais triste. "O local sofreu furtos de fios e cabos, os camarins estão detonados e há outros danos nas instalações. Além disso, funcionários que antes ficavam ali e foram alocados para outros locais, contaram que o teatro não tem como funcionar, inclusive, porque a documentação, como alvarás e Habite-se) não está em dia e há dívidas em relação às contas de energia elétrica e impostos municipais atrasados", afirmou um produtor

Um ator que hoje trabalha no cenário nacional e se formou pelo curso livre de teatro que era oferecido gratuitamente pela Prefeitura de Paulínia se diz decepcionado com a situação atual. "Me formei ator e obtive meu DRT - registro de ator - em Paulínia, e até fiz algumas apresentações no teatro. Era um palco maravilhoso, um local que promovia o encontro da arte com o município. Eu também assisti a espetáculos incríveis e acredito que eu quis seguir a carreira de ator porque ali tive vivências muito importantes. É uma pena esse descaso e o abandono desse patrimônio cultural", lamenta.

A Prefeitura de Paulínia foi procurada e questionada sobre a situação atual do teatro, assim como sobre as expectativas de futuro para o local, mas limitou-se a responder que "a Prefeitura de Paulínia, via Secretaria de Desenvolvimento Econômico, informa que o processo de concessão do Theatro Municipal Paulo Gracindo à iniciativa privada, encontra-se em andamento". Em relação a um prazo para que o espaço seja reformado pela empresa que ganhar a licitação e que possa ser reaberto, a Prefeitura preferiu não precisar uma data.

Espectadores de toda a região ficam na torcida para que o gigante acorde e que os 1.300 lugares da plateia sejam ocupados novamente em outros inúmeros espetáculos.

Teatro que agora deverá ser concedido para a iniciativa privada custou R$ 53 milhões, tem 1.300 lugares, camarote, balcões laterais, palco de 450 m2 e quatro andares (Dominique Torquato)

Teatro que agora deverá ser concedido para a iniciativa privada custou R$ 53 milhões, tem 1.300 lugares, camarote, balcões laterais, palco de 450 m2 e quatro andares (Dominique Torquato)

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