MORTE NO CAMPUS

Testemunhas questionam confissão na morte de estudante

Novos relatos dizem que não havia mulheres na briga que acabou na morte de Denis Casagrande

Patrícia Azevedo
25/09/2013 às 22:21.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:34
Maria Tereza Peregrino e o namorado, Anderson: ela confessou o crime ( Leandro Ferreira/AAN)

Maria Tereza Peregrino e o namorado, Anderson: ela confessou o crime ( Leandro Ferreira/AAN)

Depoimentos de testemunhas do assassinato do universitário Denis Papa Casagrande colocam em xeque a confissão da atendente Maria Tereza Peregrino, de 20 anos. A moça afirmou à Polícia Civil que esfaqueou o estudante em legítima defesa, depois do assédio que teria sofrido de Casagrande. No entanto, pelo menos duas testemunhas do crime disseram não ter visto nenhuma mulher participar da briga. As pessoas, que estavam na festa, contaram que viram o jovem ser agredido por um grupo de rapazes. “Eu tenho certeza que a menina não estava no meio da briga. Era só homem”, disse uma jovem que estava na festa e não quer ser identificada.A testemunha contou que a vítima foi covardemente agredida. “Pelo menos cinco pessoas estavam em cima dele. Batiam muito, chutavam a cabeça. Ele estava sozinho. Aí veio um grupo de pessoas para separar. Ele levantou meio tonto e foi segurando na pessoa e caiu no chão de novo. Eu vi que ele estava cheio de hematomas e estava com o peito sangrando, mas não imaginei que fosse facada”, contou.A arma — uma faca de cozinha — foi localizada enterrada em um ponto de ônibus na Unicamp, após Maria Tereza levar os policiais ao local.Outro estudante que estava no Ciclo Básico afirmou que Anderson Marcelino Mamede, o namorado de Maria Tereza, teria desferido um golpe com skate na cabeça do estudante e, depois, o teria espancado com chutes no rosto. “Ele estava com muita raiva, parecia um pit bull. Não conseguiam separar a briga”, contou o rapaz. Ele depôs à polícia.O crime aconteceu por volta das 3h30 de sábado, durante uma festa promovida pela Rádio Muda, no campus da Unicamp, em Barão Geraldo. A Unicamp afirmou que não havia sido informada sobre o evento, que reuniu mais de 3 mil pessoas, e a PM disse que também não foi chamada para fazer a segurança no local. Sem marcasO Correio conversou com Maria Tereza poucas horas depois do crime. A moça, que tinha saído direto da Unicamp para o plantão do 1 Distrito Policial, não apresentava sinais de violência ou espancamento. Não havia uma gota de sangue na sua roupa.Uma testemunha amiga do casal de punks e que participou da briga estava com machucados e hematomas aparentes e com a roupa ensanguentada. Naquele dia, Maria afirmou que o namorado, que era o principal suspeito, não teria matado Casagrande. “Não saímos de casa para brigar”, afirmou na ocasião.ProvasA Polícia Civil ainda não pediu a prisão de Maria Tereza, apesar dela ter confessado o crime. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o delegado Rui Pegolo, do Setor de Homicídios, quer confirmar as informações prestadas pela moça. Ele irá comparar o depoimento dela com o de outras testemunhas e com a análise das imagens das câmeras do sistema de monitoramento da Unicamp.Desde está quarta-feira (25) policiais do setor analisam as imagens para ter mais informações sobre o caso. A faca que teria sido usada pelo assassino está na delegacia e ainda não foi enviada ao Instituto de Criminalística porque o delegado irá submeter a arma ao reconhecimento de testemunhas. O delegado disse que não irá fornecer detalhes sobre os interrogatórios para não prejudicar as investigações. A reconstituição do crime não foi descartada, mas o delegado afirmou que não deve acontecer por enquanto. Adolescente sustenta que jovem a agrediu há 2 mesesUma jovem reconheceu Maria Tereza Peregrino como a autora de uma agressão que sofreu há dois meses. A mãe da jovem contou que irá procurar a polícia para relatar o caso. Segundo ela, sua filha teria sido agredida por Maria Tereza depois que se negou a dar dinheiro para ela. A mãe contou que no dia da agressão Maria estava com um grupo de punks. O delegado Rui Pegolo confirmou que sabe da nova testemunha. Sem dar detalhes, ele se limitou a dizer que a moça não iria à delegacia nesta quarta-feira (25).(Com Kátia Camargo/AAN e Agência Estado)

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