ÁGUA QUE CAI DO CÉU

Temporal castiga Campinas pelo segundo dia consecutivo

Alagamento na Princesa D’Oeste arrasta dois carros e deixa ocupantes em pânico

Da Redação
13/12/2022 às 09:07.
Atualizado em 13/12/2022 às 09:12

Veículos enfrentam o alagamento na Avenida Princesa D’Oeste (Rodrigo Zanotto)

Na segunda-feira (12), Campinas voltou a ser duramente castigada pelas chuvas torrenciais neste início de semana. A dois dias de fechar a primeira quinzena de dezembro, o município registra cerca de 80% das chuvas previstas para todo este mês. Pelo segundo dia consecutivo, um dos principais e mais antigos pontos de alagamento da cidade voltou a ser palco de pânico em decorrência do volume das águas e correnteza: a Avenida Princesa D'Oeste, na região do Jardim Proença.

No local, dois carros foram arrastados pela força das águas e as vítimas precisaram ser resgatadas. No domingo, na mesma via, uma família de São José dos Campos, que passava pela cidade, também viveu momentos de pânico ao ficar ilhada dentro do próprio carro. Ao solicitar socorro, eles registraram em vídeo a situação desesperadora pela qual passavam e as imagens viralizaram na internet. Menos de vinte e quatro horas depois, três mulheres vivenciaram sufoco semelhante e, basicamente, no mesmo ponto, porém, do outro lado da via.

A operadora de TI, Sara Malaquias, foi uma das vítimas das chuvas na segunda-feira (12). Ela estava com duas colegas em seu carro, na Avenida Princesa D'Oeste, quando o temporal apertou. Dirigindo no sentido da Universidade Paulista (Unip), ela percebeu que teria problemas por causa do alagamento, mas não deu tempo para nada. "Repentinamente, a água veio com violência. Parecia que alguém havia aberto uma comporta, veio um volume de água muito alto. Fiquei em pânico e tentei ir em direção ao posto, ficar em segurança, mas a água arrastou o meu carro e fiquei em pânico, lembrei-me daquela mulher que morreu justamente aqui no ano passado", relatou.

Sara lembra que foram cerca de 10 minutos de muita tensão, que mais pareciam horas. "Viver aquilo foi um dos piores momentos da minha vida. Começamos a rezar e pedir para que o pior não acontecesse."

O carro, que ficou atravessado na via ao parar com a força da correnteza em um poste, foi invadido pela água e as ocupantes temeram morrer afogadas. "A água só subia, tanto na parte de fora, na altura do parabrisa, como na parte interna, com água na nossa cintura dentro do carro. Não dava para abrir a porta por conta da força da correnteza. Tivemos de esperar até baixar o nível da água para que pudéssemos ser resgatadas pelas pessoas que estavam tentando de todas as formas nos ajudar. Saímos com a ajuda de uma corda", relembrou ainda em estado de choque.

Segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Unicamp, chuvas registradas até ontem representam cerca de 80% dos 209 mm esperados para todo o mês de dezembro (Rodrigo Zanotto)

Defesa Civil

As chuvas voltaram e a Defesa Civil informou que acompanha as ocorrências e orienta os trabalhos das equipes para enfrentamento das emergências causadas pelas chuvas torrenciais da estação mais quente do ano. A Operação Verão teve início no último dia 1º e segue até o fim de março do próximo ano.

Segundo Sidnei Furtado, coordenador regional da Defesa Civil, os temporais têm sido rápidos, porém, extremamente intensos, o que preocupa. "Temos três pontos de alerta em relação às ocorrências. O primeiro é justamente quanto ao alto volume em pouco tempo, que deixa o solo encharcado. O nosso sistema de drenagem é antigo e não comporta esses volumes que estão sendo registrados. Há riscos de desmoronamento de muros e quedas de árvores com o solo saturado. Os pedidos de vistorias aumentaram nos últimos dias. É importante, ao menor sinal de risco, acionar a Defesa Civil." 

Previsão

Segundo o Cepagri, da Unicamp, as chuvas registradas até segunda-feira representam cerca de 80% dos 209 milímetros esperados para todo o mês de dezembro. De acordo com a meteorologista Ana Ávila, no domingo, foram 16mm de chuva na Av. Princesa D'Oeste, maior volume aferido no dia, enquanto, na Unicamp, foram registrados 6mm. Já na segunda-feira, o maior índice foi registrado no Jd. Parque das Bandeiras, 50mm em menos de uma hora, e um total de 63,4mm até o meio da tarde.

A previsão é de chuvas intensas até o início de amanhã, quarta-feira, quando as chuvas diminuem e a temperatura cai com a aproximação de uma massa fria. No entanto, os temporais devem voltar no fim de semana. "No próximo domingo, as chuvas podem voltar com força", previu Ana.

Trabalhadores terceirizados da Prefeitura avaliam os estragos na Avenida Júlio de Mesquita, onde um semáforo tombou (Rodrigo Zanotto)

Prefeitura

Segundo a Prefeitura de Campinas, segunda-feira, foram registradas 17 ocorrências de alagamento de imóveis, nos bairros Centro, Botafogo, Residencial Novo Mundo, Residencial Princesa D'Oeste, Jardim do Trevo, Rossin, São Pedro, Satélite Íris I e III, Leonor, Nova Europa, Santa Marcelina, Carlos Lourenço, Jardim do Lago Continuação. Oito imóveis foram vistoriados pela Defesa Civil nos bairros Jd. New York, Brasil, Itatiaia, Garcia, Proença, Bonfim e Bom Sucesso. Não foi necessária a interdição.

Foram registradas 11 quedas de árvores, três quedas de muros e dois em risco de queda, nos bairros Jd. Capivari, São Vicente, Nossa Senhora Auxiliadora, Bosque, Jd. Chapadão e São Pedro. Também houve um deslizamento no Jd. São Pedro, no período da manhã e erosão em via pública na Vila Paraíso, à tarde.

Os centros de saúde Orosimbo Maia e São Vicente, atingidos pelo temporal, passarão por manutenção e permanecerão fechados hoje (13). As equipes do CS Orosimbo Maia serão deslocadas para os centros de saúde Paranapanema e Santa Odila. Já as do São Vicente estarão no CS Esmeraldina.

As consultas agendadas estão sendo desmarcadas. Os demais serviços serão realizados nas unidades para onde os trabalhadores foram direcionados. A expectativa é de que os dois centros de saúde sejam reabertos até o final da semana.

O Bosque dos Jequitibás também ficará fechado hoje para manutenção. A previsão é que o parque reabra amanhã.

Os Centros de Educação Infantil (CEI) Perseu Leite de Barros, no Centro, Maria Batrum Cury, na Vila Perseu Leite de Barros e a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Leonor Savi Chaib, no Jardim New York, tiveram atividades suspensas segunda-feira e as aulas voltam ao normal hoje.

No período da manhã, ocorreu a queda de cerca de 20 metros do muro do Cemitério da Saudade sobre a calçada e Avenida Engenheiro Antônio Paula Souza. O local será fechado com tapume. A licitação para construir um muro novo em toda extensão do cemitério está aberta.

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