Sessão da Câmara de Campinas: dos dez vereadores que disputam as eleições este ano, oito são candidatos a deputado estadual, um a deputado federal e um a suplente de senador (Divulgação)
O eleitor que acompanhar a campanha dos vereadores de Campinas na disputa por um cargo na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ou à Câmara dos Deputados, em Brasília, a partir de hoje, deve se deparar, pelo menos neste início da corrida eleitoral, com projetos genéricos e propostas apoiadas nas atividades locais dos parlamentares na cidade, sem detalhar o que pretendem apresentar nas esferas superiores do Legislativo. Dos "vereadores-candidatos", oito concorrem ao cargo de deputado estadual, um a deputado federal e um ao Senado, como suplente.
Na análise de especialistas, a presença de vereadores na corrida eleitoral é positiva. Mas ele ressalta, no entanto, o caráter de apoio às pautas e candidaturas majoritárias dos respectivos partidos e coligações que o debate político deve seguir, devido às especificidades das eleições deste ano, polarizadas em nível federativo entre pensamentos de direita e esquerda.
Estão na corrida eleitoral por uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado seis homens e duas mulheres. São elas as vereadoras Mariana Conti (Psol) e Paolla Miguel (PT). Entre os homens, disputam uma cadeira para o cargo de deputado estadual Eduardo Magoga (Podemos), Higor Diego (Republicanos), Luiz Cirilo (PSDB), Paulo Bufalo (Psol), Rodrigo da Farmadic (União) e Permínio Monteiro (PSB). O vereador Arnaldo Salvetti (MDB) disputa uma vaga na Câmara Federal. E o vereador Professor Alberto (PL) disputa uma vaga como suplente no Senado Federal.
Dos candidatos parlamentares da cidade na corrida eleitoral, o Psol é o mais representado. São duas candidaturas. O vereador Paulo Búfalo (Psol) afirma que tem como proposta levar para a Assembleia Legislativa do Estado projetos ligados às pautas sociais. "Em linhas gerais, a luta sempre foi para as demandas sociais, mas a conjuntura de cada período exige formação permanente, escuta e capacidade de análise. Sempre me preparo para dar conta disso e as eleições são fundamentais para este exercício", disse.
O vereador diz que pretende ampliar a presença na Assembleia dos temas ligados à educação, cultura, saúde e assistência social, além do combate a toda forma de preconceito e discriminação. "Minha candidatura serve a este projeto coletivo. A intenção é propor mudanças neste parlamento em favor dos mais vulneráveis e levar as pautas de nossa região com autonomia e independência do Palácio dos Bandeirantes", disse.
A outra representante do Psol, a vereadora Mariana Conti, diz que seu projeto de mandato para o cargo será orientado pelas pautas da mulher, combate ao ódio e discriminação e causas sociais, os mesmos valores, princípios e programas que tem feito como parlamentar municipal. "Muitas questões que estão em Campinas não se resolvem apenas na cidade. Temos questões como a desigualdade social e a dificuldade do emprego. Vamos levar a discussão do combate à violência contra a mulher, os direitos à representatividade e o fim do conservadorismo. O Estado de São Paulo é o mais rico do país e temos um sistema de educação desmontado", disse.
Uma das propostas que a vereadora disse que pretende levar para uma discussão estadual é o projeto que defende em Campinas sobre a instituição de uma renda básica campineira. "Estamos em um momento de fome no país e os governos têm se recusado a fazer uma política de fato nesse sentido. Entendemos que esse seria um momento da gente ter uma política consistente em nível estadual e federal", disse. A causa ambiental por conta da flexibilização das legislações ambientais também será debatida pela vereadora durante a campanha.
A vereadora Paolla Miguel (PT) informa que a sua candidatura está muito alinhada às pautas que o seu partido apresenta, e diz que uma de suas propostas será lutar por um projeto que fortalece o parlamento metropolitano. "Discutimos muito as diretrizes e encaminhamentos de gargalos de investimento para os municípios. O parlamento metropolitano tem um papel fundamental nisso. Estamos pensando numa campanha muito regionalizada, que faça uma construção de propostas a partir das demandas da Região Metropolitana de Campinas para que se tornem projetos que efetivamente tragam resultados para a população", disse.
O vereador Eduardo Magoga (Podemos) disse que pretende levar para a campanha um debate sobre o protagonismo que os municípios devem ter no recebimento de repasses de recursos tanto do Estado quanto da Federação. "É preciso que ocorra uma repactuação. Entendo que os municípios precisam receber uma maior atenção do Estado e da Federação. Meu trabalho será para projetos que possam permitir que os recursos que as cidades produzem retornem aos municípios para se tornarem investimentos", resume.
O vereador Luiz Cirilo (PSDB), por outro, aposta na sua experiência como parlamentar de quatro mandatos na cidade. Sem pontuar um projeto específico, o vereador disse que pretende lutar por mais investimentos para Campinas com destaque para as cidades que compõem a RMC. "É um passo longo e de muita responsabilidade. Vamos levar para a campanha a nossa experiência de lutar pela transparência, saúde, segurança e educação. E principalmente investimentos para Campinas com destaque para a Região Metropolitana de Campinas", disse.
O vereador Permínio Monteiro disse que, como parlamentar, conseguiu aprovar projetos inovadores na cidade e que pretende estender para todo o Estado. Como exemplo, ele cita políticas públicas de melhoria da saúde, regularização fundiária e moradia, incentivo ao esporte, além do desenvolvimento da causa animal. "Entre essas políticas públicas para causa animal destaco o Ambulatório Veterinário Móvel para todo estado, a Praça pet, o programa de valorização para os protetores independentes e o selo empresa amiga dos animais", disse.
O vereador Higor Diego disse que levará para a sua campanha propostas que permitam fazer do Estado, bem como a RMC, um verdadeiro canteiro de obras. "Trabalharei no impulsionamento das obras de todo o estado, tendo um destaque a malha ferroviária da RMC, o que vai impulsionar o transporte tanto de cargas quanto de passageiros da região para com as cidades que estarão interligadas", disse.
As pautas ligadas ao bem-estar animal também estão no foco do vereador. "Quero discutir o SAMU animal para todo estado e trabalhar para a criação do circuito turístico pet friendly", disse.
Os vereadores, Arnaldo Salveti, Rodrigo da Farmadic e Professor Alberto foram procurados, mas não retornaram até o fechamento da edição.
Análise
O professor André Pimentel Ferreira Leão, cientista político e pesquisador do Observatório Político Sul-Americano (OPSA), grupo de pesquisa vinculado ao Instituto de Ciências Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), analisa que as candidaturas dos atuais parlamentares da cidade têm relação tanto com uma projeção da estrutura partidária quanto pessoal de cada um. "Partindo de uma consolidação a nível local, esses parlamentares buscam alargar sua posição e de seus partidos para o nível estadual e federal. Isso é ainda mais importante para os partidos com menor estrutura e que têm menos representação nos legislativos estaduais e no congresso", disse.
O especialista explica que o lançamento dessas candidaturas, mesmo que os parlamentarem não sejam eleitos, serve como forma de aumentar a projeção das principais pautas dos partidos. O professor ressalta o aspecto das candidaturas serem também importantes para ajudar a construir e fortalecer as alianças partidárias para futuros governos. "Se um determinado partido faz aliança com um outro cujo candidato a um cargo majoritário, exemplo um governador, é competitivo, é importante que ele lance candidatos ao Legislativo para buscar dar sustentação e condições de governabilidade caso o candidato ao cargo majoritário seja eleito. Trata-se de uma forma de fortalecer a coalizão política que deve governar em conjunto", destaca.
Dados da Justiça eleitoral apontam que Campinas chegou a 878,717 mil eleitores, 29,5 mil a mais que os 849.127 das eleições de quatro anos atrás.