Intervenção será finalizada em um ano e custará R$ 2 milhões, com recursos do Programa de Ação Cultural de SP
As telhas que não puderem ser reaproveitadas serão substituídas por novas unidades do mesmo modelo, mantendo a estética original (Arquivo PMC)
A Prefeitura iniciará na próxima segunda-feira (7) a restauração do telhado da Ala Leste da histórica Estação Cultura, no Centro. A intervenção custará R$ 2 milhões, financiada com recursos do Programa de Ação Cultural (ProAC) do Governo do Estado de São Paulo. A obra é considerada fundamental para manter a integridade do conjunto arquitetônico da Estação, que tem 153 anos. A iniciativa é resultado de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Ministério da Cultura e a Secretaria Estadual da Cultura, Economia e Indústria Criativas. A Estação Cultura é um dos principais cartões-postais da cidade e patrimônio histórico ferroviário.
A obra tem prazo estimado de 12 meses. O projeto foi aprovado pelo Condepacc (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) em outubro passado. O trecho da Ala Leste da Estação Cultura que passará por recuperação do telhado fica entre a Torre do Relógio e o prédio do Centro de Educação Profissional de Campinas (Ceprocamp).
A área de telhado a ser restaurada tem 650 metros quadrados (m²). Todas as telhas serão lavadas e submetidas a teste de estanqueidade, procedimento utilizado para verificar se há vazamentos. Aquelas que não puderem ser reaproveitadas serão substituídas por novas unidades do mesmo modelo – chamadas telhas francesas – mantendo a estética original. O objetivo é garantir que o sistema está vedado corretamente. Além disso, as partes deterioradas do ripamento de madeira serão trocadas.
CUIDADOS
“Vamos trabalhar a recuperação do telhado da Ala Leste da Estação. A originalidade da estrutura não será comprometida. A equipe responsável pelo restauro será formada por cinco a sete profissionais, além do arquiteto responsável, que acompanhará de perto todas as etapas da intervenção”, explicou Luiz Monteiro, proprietário da empresa que fará o processo de restauro. De acordo com ele, a equipe poderá ser ampliada conforme o avanço das obras e a complexidade das demandas identificadas. Durante a recuperação, o funcionamento da Estação Cultura não será impactado. Haverá apenas movimentações pontuais nas imediações da Ala Leste, durante a entrega e retirada de materiais.
A Estação Cultura foi inaugurada em 1872 pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro para o transporte de passageiros e cargas, essencialmente o café, principal produto agrícola da região na época. O prédio é marcado pela arquitetura gótico-vitoriana da época cafeeira. O edifício, com tijolos importados da Inglaterra e telhas francesas, passou por diversas reformas e adaptações ao longo do tempo. A nova estação marcou a extensão da linha férrea de Jundiaí até Campinas, passando a ser a principal ligação da cidade com o Porto de Santos para exportação das sacas de café. O trem passou a substituir os burros, jegues e mulas que faziam o transporte em longas e demoradas viagens por estradas de terra. A estação também se tornou uma barreira física que dividiu a cidade, tendo na frente o Centro e a parte de trás que originou a Vila Industrial, bairro de operários onde também morava parte dos funcionários da Companhia Paulista. Depois, foram instalados abatedouros, curtumes e outros equipamentos.
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