Levantamento foi feito pelo TCE, com base nas informações prestadas pelos 639 municípios fiscalizados (Cedoc/RAC)
O planejamento para a gestão dos leitos de UTI para pacientes com covid-19 e a consequente redução da taxa de ocupação dessas vagas continuam sendo um desafio para Campinas. No dia em que a Prefeitura anunciou o início da vacinação para o grupo de idosos acima de 85 anos, a partir de hoje, e o início da aplicação da segunda dose de vacinas para os profissionais de linha de frente da Saúde, a partir da próxima semana, o município se vê tendo que enfrentar ainda a sobrecarga de leitos de UTI da rede pública devido à propagação do novo coronavírus na cidade.
Apesar da taxa de ocupação de leitos UTI na cidade estar em 88%, considerando os leitos públicos SUS, tanto municipais quanto estaduais, a situação é preocupante. Segundo informações da Prefeitura, os leitos SUS no âmbito municipal estão com 90% de ocupação. São 107 leitos disponíveis e 96 ocupados. Há 11 livres. Nos leitos SUS do Estado, dos 17 disponíveis, 15 estão ocupados, uma taxa de 88%, com apenas dois livres.
Para o secretário municipal de Saúde, Lair Zambon, a situação ainda é controlada, mas inspira preocupação para os próximos, pois a pressão e a sobrecarga sobre os leitos públicos na cidade são evidentes. "Estamos vendo um estrangulamento. É uma situação controlada, mas estamos apreensivos. Esperávamos uma taxa de ocupação menor, mas ela continua alta, superando o setor privado. Estamos fazendo todo um mapeamento do cenário", disse.
Segundo ele, a administração acertou em aumentar em 33 os leitos de UTI na cidade nesses 40 primeiros dias de governo. "Ampliamos e continuamos com uma alta taxa de ocupação, o que mostra que estávamos certos, senão a situação estaria mais complicada", completa.
De acordo com o secretário, a situação dos leitos UTI covid na cidade também é comprometida pelo fato da cidade receber pacientes de outras localidades. "Tivemos um problema nesse final de semana, quando precisamos ajudar a Cross São Paulo, fornecendo dois leitos. Campinas é uma cidade metrópole e precisa prestar esse auxílio", esclarece.
O prefeito Dário Saadi (Republicanos), ao comentar a pressão sobre o sistema de UTI pública na cidade, informou que era esperado um aporte do Governo do Estado e a abertura de novos leitos UTI covid no Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Porém, apesar dos esforços da Administração, as duas coisas ainda não aconteceram.
"Tínhamos uma perspectiva de ampliação dos leitos da Unicamp de 17 para 30, um acréscimo de 13 leitos, que inclusive já foi anunciado há muito tempo. Não entendemos até o presente momento o motivo do atraso. Tínhamos a expectativa de recursos do Governo do Estado para ampliação também de vagas covid na cidade, e por isso vivemos esse momento de pressão", disse. Segundo informações do Hospital das Clínicas da Unicamp, a ampliação dos leitos não foi ainda concretizada devido a uma dificuldade da unidade de contratação de médicos intensivistas para ambientes covid.