viracopos

Tarifa alta da Azul encolhe turismo de eventos

Convention observa que captação seria 30% maior com bilhete mais barato

Daniel de Camargo
daniel.camargo@rac.com.br
01/09/2019 às 09:20.
Atualizado em 30/03/2022 às 17:33

Os altos valores praticados pela Azul Linhas Aéreas na comercialização de bilhetes no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, prejudicam a captação de eventos para as cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC). A afirmação é de Vanderlei Costa e Silva, presidente da regional do Convention & Visitors Bureau, organização que promove o turismo e a receptividade, e também do Conselho Municipal de Turismo (Comtur). "Em 2018, Campinas recebeu pelo menos 8 mil eventos", comentou. O resultado, analisa, poderia ter sido 30% maior se as passagens aéreas no terminal local fossem mais acessíveis. Silva pontua que os preços cobrados pela Azul para destinos nacionais são, em média, 15% mais caros em Viracopos se comparados aos da própria companhia e de concorrentes em Congonhas e Cumbica. O problema, segundo ele, é o monopólio existente aqui, cenário não visto nos aeroportos paulistanos. "Os voos internacionais chegam a ser 50% mais onerosos", acrescenta. "Precisamos quebrar o controle da Azul, trazendo novas companhias que possam gerar concorrência", frisa. Algumas tentativas de se reunir com a direção da aérea foram realizadas, salienta. "A ideia é sensibilizar que a redução de preços pode resultar em aumento na demanda de passageiros", enfatiza. Silva destaca que melhores preços para voar por Campinas fomentariam os setores hoteleiros, gastronômicos e demais serviços ligados a eventos na RMC. O gestor relembra que a cidade ocupou a quinta colocação, em 2017, como município brasileiro que mais recebeu eventos e congressos internacionais. A posição de destaque foi no ranking anual da International Congress and Convention Association (ICCA, Associação Internacional de Congressos e Convenções, em tradução livre), que classifica destinos de todo o mundo, conforme o número de eventos internacionais realizados. Já na edição 2018, o município ficou apenas na 7ª posição, empatado com Belo Horizonte. São Paulo lidera o ranking nacional, seguida por Rio de Janeiro (2ª), Foz do Iguaçu (3ª), Brasília (4ª), Florianópolis e Salvador empatadas na 5ª posição e Fortaleza (6ª). No ranking geral da ICCA de 2018, o Brasil ocupa a 17ª posição no mundo, mantendo o primeiro lugar na América Latina. Para entrar no ranking, a cidade deve receber eventos internacionais organizados por associações com periodicidade fixa e, no mínimo, com 50 participantes. Além disso, o evento precisa ser realizado em pelo menos três países. Diferenciais No caso de Campinas, analisa Silva, o que chama a atenção dos organizadores de eventos é a malha rodoviária, o Aeroporto de Viracopos e o setor hoteleiro, que pode hospedar até 7 mil pessoas. Outro destaque é o fato de que pelo menos 50 das 500 maiores multinacionais do País estão na RMC. No quesito infraestrutura para eventos, entretanto, Silva põe Campinas, numa comparação nacional, atrás somente de São Paulo e Rio. "Temos dois centros de exposições gigantes", ressalta, fazendo menção ao Expo D. Pedro, que tem capacidade de até 2 mil pessoas em auditório, 13 mil m² de área construída, 7 mil m² de área para feiras, shows e festas sociais, e o Royal Palm Hall Eventos, que recebe até 5 mil pessoas, jantares para até 3,5 mil pessoas, além de 51 espaços de eventos, totalizando 13,5 mil m² de salas e foyers. O outro lado A Azul Linhas Aéreas informou, em nota, que é uma empresa que sempre defendeu a livre concorrência no setor aéreo. "Além disso, Viracopos é um terminal aberto e com infraestrutura pronta para receber novas empresas interessadas em operar no aeroporto", destaca o texto. Hoje, de acordo com a aérea, Viracopos é a maior base de operações da companhia e o maior centro de conexões da América do Sul, conectando o País e o mundo. No último ano, a Azul ampliou sua oferta de assentos em 22% no terminal campineiro, registrando também um recorde histórico no número de clientes transportados. "Somente no mês de julho deste ano, mais de 420 mil pessoas embarcaram com a Azul em Viracopos" , encerra a nota.    Entidades endossam movimento por redução Uma mobilização popular e do Conselho de Desenvolvimento da RMC — formado pelos prefeitos dos 20 municípios da região — , endossada por entidades de grande representatividade como Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas e Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef) de Campinas, pede a redução nos valores praticados pela Azul Linhas Aéreas na comercialização de bilhetes no Aeroporto Internacional de Viracopos. Uma série de reportagens publicadas pelo Correio neste mês evidencia que os altos preços das passagens, se comparados aos da própria companhia e outras aéreas em Congonhas e Cumbica, têm provocado o êxodo de passageiros para os terminais paulistanos. O assunto será debatido, inclusive, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Na semana retrasada, o deputado estadual Rafa Zimbaldi (PSB), ex-presidente da Câmara Municipal de Campinas, protocolou requerimento na Comissão de Defesa dos Direitos dos Consumidores. Nele, Rafa solicita a presença do presidente da Azul, John Rodgerson, para esclarecer os preços, em suas palavras, "abusivos" em Viracopos. No que diz respeito ao valor das passagens, a Azul Linhas Aéreas informou recentemente, em nota, que "os preços praticados na comercialização de seus bilhetes variam de acordo com alguns fatores importantes, como trecho, sazonalidade, compra antecipada, disponibilidade de assentos, entre outros. Além disso, a companhia ressalta que as altas do dólar e do combustível também influenciam nos valores das passagens."  SAIBA MAIS O Conselho Municipal de Turismo (Comtur) foi criado pela Lei nº 15.641, de 29 de junho de 2018, pelo então prefeito em exercício de Campinas, Henrique Magalhães Teixeira (PSDB). Se trata de um órgão deliberativo, consultivo, fiscalizador e de assessoramento, responsável pela conjunção de esforços entre o Poder Público e a sociedade civil na elaboração de políticas públicas na área de turismo. Composto por cerca de 20 membros, entre eles o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Delegacia Regional de Turismo do Estado de São Paulo, tem como uma de suas atribuições promover e executar amplos debates junto à sociedade, com a finalidade de conscientizar a população dos potenciais turísticos, bem como mobilizar o conjunto de equipamentos turísticos do município como hotéis, bares e restaurantes. Já o Convention & Visitors Bureau é uma organização de instituições que promovem o turismo e a receptividade de uma cidade ou localidade para convenções e visitação de eventos e atrações diversas. No Brasil, existe uma Confederação Brasileira que congrega as regionais espalhadas por todo o País.

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