EPIDEMIA

Taquaral é principal alvo do combate à dengue

Prefeitura vê no bairro, localizado na região leste, um crescimento na curva de transmissão da doença; o Correio Popular recebeu denúncias desta região e de outros 7 pontos críticos da cidade

Sarah Brito/ AAN
25/03/2015 às 19:14.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:49
Nesta quarta-feira (25), foram visitados nove pontos, entre casas abandonadas, terrenos baldios e piscinas que têm gerado preocupação nos moradores de Campinas. ( Leandro Ferreira/ AAN)

Nesta quarta-feira (25), foram visitados nove pontos, entre casas abandonadas, terrenos baldios e piscinas que têm gerado preocupação nos moradores de Campinas. ( Leandro Ferreira/ AAN)

Em meio a uma nova epidemia de dengue, a região leste (Taquaral) é a nova preocupação da Prefeitura de Campinas, que vê na área um crescimento na curva de transmissão da doença. O Correio Popular recebeu denúncias da região, além de outros sete pontos da cidade, que foram visitados.   Os leitores enviam os pontos que são possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti via redes sociais, telefonemas, e-mails para a redação ou pelo aplicativo Whatsapp. Também é possível enviar informações pelo Portal RAC ou Correio.com.brOs endereços são vistoriados e publicados no jornal diariamente, além da reportagem procurar os responsáveis pelas residências ou Prefeitura. Nesta quarta-feira (25), foram visitados nove pontos, entre casas abandonadas, terrenos baldios e piscinas que têm gerado preocupação nos moradores de Campinas.Na região leste, uma residência utilizada como abrigo de crianças, locado pela Administração pública, causa transtorno a moradores do entorno do bairro Taquaral. A casa possui piscina, que tem proteção para evitar acidentes, mas está sem manutenção e descoberta.   Um morador, que pediu para não ter sua identidade revelada, afirmou que o local está assim há anos, e que existem muitos mosquitos na vizinhança.Duas casas da rua tiveram pessoas infectadas pela doença. Vizinhos também relatam que as crianças sofrem maus tratos e que a casa não tem infraestrutura para atender os 13 jovens (de 7 anos a 17 anos) que moram lá.     A Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social informou, por meio de assessoria de imprensa, que a piscina está sendo tratada com cloro constantemente.   Sobre as acusações de maus tratos, a Administração informou que não existe registro do problema e que a infraestrutura da casa também passa por manutenção semanalmente.Uma segunda casa que causa preocupação fica no bairro Boa Esperança, na rua Ermínio Vassoler. Na calçada, há uma montanha de lixo, que pode servir de criadouro do mosquito da dengue.   A locatária do imóvel, que pediu para não aparecer na reportagem, afirmou que o entulho é do proprietário, que não permite jogá-los fora. Ela disse que vai encerrar o contrato de locação. O proprietário do imóvel não foi localizado. A Prefeitura informou que irá procurar o proprietário e, caso não o encontre, usará a lei que modifica penalidades e obriga proprietários de imóveis fechados a fazer a limpeza dos locais no prazo de 48 horas.   Há ainda uma liminar concedida pela Justiça que concede a Prefeitura autorização para abrir imóveis fechados ou abandonados para realizar a fiscalização e limpeza. Este ano, essa liminar ainda não foi usada.TerrenoUm segundo ponto visitado foi o terreno abandonado na rua Mário Siqueira, no bairro Botafogo. O terreno é propriedade do Instituto Paulista de Ensino e Pesquisa (Ipep), que comprou a área de 10 mil metros quadrados, em 2006.   Os moradores do entorno afirmaram que a área causa preocupação por estar com mato alto e não ser possível visualizar se há lixo ou entulho. Com as chuvas, esse material poderia acumular água e se tornar criadouro do mosquito da dengue.Um funcionário cuida da segurança do local, e informou que não há criadouros de dengue. O terreno também foi notícia em 2013, quando usuários de drogas tomaram o local. O Ipep foi procurado ontem, por telefone e e-mail, para comentar o caso, mas não retornou o pedido de informação até o fechamento desta edição.Outros dois terrenos no bairro Boa Esperança também causam preocupação nos moradores. O primeiro fica na Rua Ermínio Vassoler, e o mato está alto. Na rua Miguel Arnaldo Anderson, o terreno também está com mato alto. Em ambos casos, o medo dos vizinhos é de que haja entulho no terreno e que ele possa acumular água. Os proprietários dos terrenos não foram encontrados.Também com mato alto - de cerca de 23 metros - um terreno baldio na rua José Rodrigues também assusta os moradores. O terreno tem uma obra inacabada e os vizinhos reclamam de água parada e criadouros de mosquitos. O último terreno denunciado fica na rua José dos Santos, próximo a avenida John Boyd Dunlop.O bairro é o Jardim Aurélia. O local acumula entulho e também animais, como ratos. Uma casa foi construída no terreno há seis anos, pelo morador Airton Andrade. Ele admite a invasão e afirmou que tenta manter o local limpo. Ele está com sintomas de dengue: febre, dor no corpo e dor de cabeça. A Coordenadoria de Fiscalização de Terrenos (Cofit), ligada à Secretaria de Serviços Públicos, informou que vai averiguar todos os casos citados pela reportagem. Após análise, cada qual terá a providência cabível. Por exemplo, nós temos que ver se determinado terreno já foi averiguado, se o dono já foi contatado e autuado e multado.Por mês, em média, 400 proprietários têm sido notificados pela Cofit a fazer a limpeza de seus terrenos. Mas, antes de partir para esta medida, a Prefeitura sempre busca o contato com o dono para as providências.AcumuladoresNa rua Orestes Colombari, no Jardim Paulicéia, o problema ocorre em uma casa onde há acúmulo de roupas, material reciclável e outros objetos.   A dona da residência, Joana Rosa, admitiu que acumula as coisas e não consegue vendê-las, mas que vai solucionar o problema. Ela não acredita que os objetos possam ser criadouros de dengue. Os vizinhos denunciaram a casa porque há muitos pernilongos no bairro, e há três vizinhos de Joana com dengue. Ela não permitiu fotografar o interior da residência ou a garagem, onde há caixas, garrafas pets e outros objetos espalhados pela chão.   A Prefeitura informou que enviará uma equipe de saúde do Centro de Saúde da região para avaliar a situação. O caso é conhecido como acumulador compulsivo, e a Administração acompanha pessoas com o transtorno e oferece auxílio médico para tratamento.Comércio fechadoNa região Central, na rua Duque de Caxias, um prédio de três andares onde funcionava há cerca de cinco anos uma sauna tem causado preocupação nos moradores. O comércio se chamava "Thermas Atlântida" e o telefone que ainda está na fachada não existe mais. O problema é uma fonte, que fica no último andar, e está desativada. Não há manutenção, afirmaram os vizinhos. Quando chove, a água se acumula no chafariz. A moradora da rua, que pediu para não ser identificada, afirmou que a rua está infestada de pernilongos. A Prefeitura informou que tentará contato com imobiliária ou proprietário. Caso não consiga, irá lançar mão da lei que modifica penalidades e obriga proprietários de imóveis fechados a fazer a limpeza dos locais no prazo de 48 horas.

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