Empresa, que mantém unidades em Paulínia e Indaiatuba, tem feito elevados investimentos em projetos de preservação ambiental
A Braskem instalou em Indaiatuba a sua primeira planta de reciclagem mecânica no país: unidade faz com que o plástico coletado por cooperativas de reciclagem retorne à cadeia produtiva (Divulgação)
A Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas e a maior produtora de polipropileno nos Estados Unidos, investe em sustentabilidade, um de seus pilares de atuação. Ao todo, ela desenvolve 145 projetos de impacto ambiental e social em diversas frentes, desde promover projetos para preservar o meio ambiente até incentivar a economia circular e adoção de novos processos.
A empresa, com capital 100% nacional, tem uma fábrica de polipropileno (PPP) em Paulínia e está presente na vida das pessoas, embora muitas vezes não percebam. Ela produz pellets (pequenos grânulos) usados pela indústria para produzir diferentes tipos de plástico, que depois são utilizados para diversas finalidades, como embalagem do arroz, copos descartáveis e para-choque de carros.
A Braskem instalou em Indaiatuba a sua primeira unidade de reciclagem mecânica no país. Operada pela Valoren, desenvolvedora de tecnologia e gestora de resíduos para transformação em produtos reciclados, ela faz com que retorne à cadeia produtiva o plástico coletado por cooperativas de reciclagem, que é transformado em resina para que a indústria possa produzir novos produtos.
Inaugurada em março de 2022, a planta de reciclagem mecânica recebeu um investimento de cerca de R$ 67 milhões e tem capacidade para transformar, por ano, 250 milhões de embalagens pós-consumo feitas de polietileno e polipropileno em 14 mil toneladas de resina reciclada com alta qualidade. Esses plásticos estão presentes, por exemplo, em materiais de limpeza, higiene pessoal, cosméticos e alimentos.
FECHA O CICLO
A unidade fecha o ciclo da economia circular, um conceito que associa o desenvolvimento econômico a um melhor uso dos recursos naturais. No caso da Braskem, o trabalho começa com o incentivo ao descarte correto das embalagens plásticas para que possam ir para a reciclagem e serem usadas novamente como matéria-prima para a produção de novos invólucros, criando um ciclo que se autoalimenta.
O cuidado da empresa começa desde as suas fábricas e escritórios, com coletiva seletiva, e se amplia para todo o país. A companhia se uniu recentemente à empresa Coletando em uma iniciativa que visa a ampliar o descarte consciente e adequado de produtos plásticos através da logística reversa. A startup é uma greenfintech que atua em 17 municípios em quatro Estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia -, nos quais o lixo descartável é trocado por créditos que podem ser usados para compras em mercados, farmácias, padarias e outros estabelecimentos. A troca vale para materiais como plástico, vidro, papel, papelão, alumínio, entre outros.
A Coletando atua com um sistema de cashback. As pessoas que fazem as entregas nos ecopontos têm os créditos disponibilizados em um cartão. Os resíduos coletados são encaminhados para uma das 25 cooperativas parceiras, que destinarão os materiais para a reciclagem. Os itens de plásticos (polietileno e polipropileno) serão direcionados para a Braskem, que realiza a reciclagem desses artigos em Indaiatuba.
Desde 2019, o projeto da Coletando já gerou mais de R$ 500 mil em renda para a população, beneficiou 4,2 mil usuários e recolheu mais de 3 milhões de embalagens de diversos tipos e materiais. A ação contribui para a redução do desperdício, preservação do meio ambiente e, ao mesmo tempo, proporciona dignidade e respeito às pessoas de baixa renda que atuam na coleta e separação de materiais recicláveis, garantindo uma fonte de renda.
A Braskem tem planos para ampliar seu portfólio para incluir 300 mil toneladas de produtos com conteúdo reciclado até 2025 e 1 milhão de toneladas até 2030. Também até esse ano, a empresa vai trabalhar para evitar que 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos sejam enviados para incineração, aterros, ou depositados no meio ambiente.
Na planta de Paulínia, inscrição em torno de boca de lobo adverte sobre o impacto gerado pelo descarte irregular de resíduos (Rodrigo Zanotto)
A primeira unidade de reciclagem mecânica no país faz parte de um aporte de R$ 130 milhões da Braskem em projetos de economia circular. Outro é a construção também em Indaiatuba de uma unidade de reciclagem avançada. Prevista para ser inaugurada no segundo semestre deste ano, ela irá transformar quimicamente, por meio do processo de pirólise, resíduos plásticos em matéria-prima circular certificada, que será utilizada para fabricação de resinas ou insumos químicos.
A nova unidade, que envolve um desembolso conjunto com a Valoren de R$ 44 milhões, terá capacidade de produzir 6 mil toneladas de produtos circulares por ano. A empresa também inaugurou há dez meses o Cazoolo, um Centro de Desenvolvimento de Embalagens para Economia Circular, na Zona Oeste de São Paulo.
O hub de inovação recebeu um investimento de R$ 20 milhões, por meio do qual a companhia estabelece parcerias com clientes, brand owners, designers, startups e universidades para desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis por meio de melhorias no design e na jornada das embalagens, desde sua concepção até o pós-consumo, visando à circularidade e menor impacto ambiental. O projeto tem como base conceitos de Design for Environment (Design para o Meio Ambiente, em português livre) e Análise de Ciclo de Vida (ACV), para desenvolvimento de embalagens inovadoras e sustentáveis.
Com equipamentos de ponta para prototipagem rápida, o Cazoolo está aberto a toda a cadeia de embalagens plásticas, e tem como objetivo acelerar o avanço da circularidade das embalagens. Além de ações de sustentabilidade, a Braskem tem como meta reduzir em 15% as emissões diretas de gases de efeito estufa até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
As metas seguem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que integram a agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Na área de eficiência hídrica, a empresa implantou melhorias em suas unidades com projetos de ecoeficiência e aumentou em 99,2% a utilização de água de reuso pelo Projeto Aquapolo. Também reduziu em 51% a geração de resíduos e em 25% o consumo de energia com a otimização energética.
Unidade produz pellets (pequenos grânulos) usados pela indústria para fabricar embalagem de arroz, copos descartáveis e para-choque de carros (Rodrigo Zanotto)
A EMPRESA
Prestes a completar 21 anos, o que ocorrerá em agosto, a Braskem tem hoje 42 fábricas, sendo 29 no Brasil, 11 na América do Norte e duas na Europa. Elas têm a capacidade instalada para produzir 107 milhões de toneladas de químicos, dos quais 9,3 milhões de toneladas são de resinas termoplásticas. A empresa tem clientes em 71 países distribuídos por cinco continentes.
A unidade de Paulínia, inaugurada em 2008, foi a primeira construída pela companhia no país - as outras foram incorporadas. Moderna e altamente automatizada, ela tem capacidade para produzir 380 mil toneladas/ano de polipropileno. Atualmente, a planta produz 42 toneladas/hora, o equivalente a duas carretas cheias. "O nosso foco é buscar soluções para uma sociedade cada vez mais sustentável", diz o gerente industrial a unidade, Maurício Britto.
Uma mensagem pintada em torno de uma boca de lobo na entrada da unidade de produção de Paulínia lembra que o plástico jogado nesses pontos chega aos córregos, rios e, por fim, ao mar. É um recado que lembra que pequenas ações individuais, como o descarte correto dos resíduos, têm reflexo na preservação do meio ambiente, da vida e do planeta.