Filho de advogado envolvido em emboscada perto da Hípica fala que reagiu a uma provocação
O defensor Daniel Leon Bialski, que defende o filho do advogado criminalista José Pedro Said Filho, disse que seu cliente está arrependido e que nunca negou a agressão a outro adolescente. Também falou que o agressor perdeu a cabeça ao ser provocado pela vítima. A afirmação ocorreu durante uma entrevista coletiva na noite de ontem, na cidade Judiciária, onde aconteceu a primeira audiência dos três adolescentes envolvidos em uma emboscada e agressão nas proximidades da Sociedade Hípica de Campinas, no dia 2 deste mês. Os agressores foram ouvidos pelo juiz da 3ª Vara Criminal, Nelson Augusto Bernardes. A oitiva durou cerca de 2h30. Familiares e advogados dos demais menores deixaram o prédio por uma saída oposta à entrada principal. Apenas Bialski falou com a imprensa. De acordo com Bialski, os advogados aguardarão a decisão do juiz a respeito dos pedidos de revogação de internação. “Já houve manifestação do Ministério Público (MP) e o magistrado deve decidir a respeito dos pedidos entre amanhã (terça) e quarta-feira”, disse o advogado. A audiência teve início às 17h30, com 1h30 de atraso, e terminou por volta das 20h. Os pais e os advogados, um total de 11 — sete só do adolescente filho do advogado criminalista. Said Filho chegou por volta das 16h acompanhado de Bialsk. A imprensa não teve acesso ao andar onde ocorreu a audiência. Bialsk voltou a garantir que o pai de seu cliente não teve participação no evento e tampouco incentivou a agressão. Segundo ele, no dia, seus clientes se preparavam para uma viagem e o pai deu carona para o filho e os amigos, que iam na casa da vítima. O pai seguiu para um shopping nas proximidades, onde faria compras para a viagem. Porém, teve um pressentimento e voltou no local, momento que deparou com a briga. “Ele vai com o carro perto dos meninos e berra para eles pararem. As imagens estão claras”, disse Bialsk, que garante que o advogado quis ajudar a vítima, que recusou e pediu ajuda no clube. “O pai repreendeu todos os menores (…) tudo isso será esclarecido em outra investigação que foi determinada a abertura e ele será ouvido”, comentou. Na última sexta feira, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) negou a liminar que Bialski impetrou em favor do filho de Said Filho, para que seu cliente não fique apreendido na Fundação Casa aguardando julgamento do caso. Apesar de a liminar ter sido negada, o Habeas Corpus ainda não foi julgado, o que deve acontecer em até 30 dias. Os advogados ainda podem recorrer junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. O benefício poderia ser estendido para os outros dois garotos. Internação Os adolescentes envolvidos, todos de 17 anos, foram internados por um período provisório de 45 dias. O filho do advogado criminalista está em uma unidade separada dos outros dois. O envolvimento do advogado no caso é investigado pelo 13º Distrito Policial (DP). O caso A agressão ocorreu por volta das 19h, quando a vítima seguia para a academia. Os três garotos já esperavam o estudante na calçada da casa dele. A briga foi motivada por um beijo, que aconteceu dois dias antes, entre a ex-namorada do filho do advogado e a vítima. A briga foi registrada pelo sistema de segurança do clube. O caso está sob sigilo de justiça, por envolver menores. Bernardes assumiu o caso, após o juiz responsável pela Vara da Infância e Juventude pedir para ser afastado do processo, já que ele tem amizade com a família de um dos envolvidos. Uma nova audiência deverá ser agendada e nela também serão chamadas testemunhas para depor. A data ainda não foi definida. De acordo com a denúncia, câmeras de segurança do clube registraram a ação. Elas mostram quando o pai chega com o carro e os jovens desembarcam e seguem até o portão social do imóvel. O carro sai e segue em frente. Depois volta e passa pelos garotos que ainda esperam a vítima. Quando a vítima saía de casa, um dos agressores segue até o portão e fica em pé, como que querendo impedir que o estudante voltasse para dentro de sua casa. Pouco tempo depois começa a agressão. A vítima corre, atravessa a rua. Os três vão atrás. Neste momento o carro do pai volta, reduz a velocidade e passa acompanhar o grupo. Em outro ângulo, aparece os garotos correndo e um deles cai. A agressão continua. O pai aparece e puxa um dos garotos. A vítima consegue escapar e corre até o portão da Hípica, onde pede socorro. As câmeras ainda mostram, em outro ângulo, o pai quando para com o carro e espera os três a entrarem no veículo. A casa do estudante fica a cerca de 200 metros da portaria do clube. Desde o início, quando o caso foi divulgado, Said fez uma carta pública na qual se defende e afirma que não participou da agressão, mas admitiu que levou o filho e os amigos para conversarem com a vítima, uma vez que tinham combinado por WhatsApp o encontro. Ele também disse que voltou ao local por intuito paterno e que ofereceu ajuda a vítima, que se recusou e correu. Correio retira vídeo do ar por ordem de juiz Atendendo a pedido do Ministério Público, o juiz Nelson Bernardes, da 3ª Vara Criminal de Campinas, determinou ontem que o site do Correio Popular retire do ar as imagens em que três jovens espancam uma pessoa, nas proximidades da Sociedade Hípica de Campinas. O juiz determinou ainda que o jornal se abstenha de divulgar informações sobre o caso que estejam sob sigilo. Na semana passada, o jornal tornou públicas imagens em que três menores agrediam um rapaz em frente à casa dele, após uma emboscada. Segundo denúncia do pai da vítima, a agressão foi premeditada pelos jovens e teria contado com a ajuda do pai de um deles, que levou os três agressores até a casa da vítima e esperou que a briga terminasse para levá-los de volta, segundo versão da acusação. O Correio teve o cuidado de reduzir a nitidez das imagens para preservar a identidade de todos os envolvidos. A determinação do juiz foi cumprida assim que ela chegou ao jornal.