Secretário de Saúde e diretora da Devisa revelaram a preocupação ontem em uma coletiva na Prefeitura
(Leandro Ferreira)
A reintrodução de doenças já erradicadas somada aos constantes sinais de queda nas coberturas vacinais em todo o País se tornaram motivos de preocupação por parte das autoridades sanitárias de Campinas. Ontem, o secretário de Saúde, Carmino Antonio de Souza, e a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), Andrea von Zuben, convocaram uma coletiva de imprensa na Prefeitura e revelaram que a cidade pode, depois de 21 anos, voltar a apresentar uma epidemia de sarampo, caso a população não se vacine contra a doença. O último surto da enfermidade no município ocorreu em 1997, enquanto a última morte registrada aconteceu em setembro de 2011 e foi importada. No Brasil, os primeiros sinais de queda nas coberturas vacinais começaram a surgir ainda em 2016. De lá para cá, doenças já erradicadas voltaram a ser motivo de preocupação. Amazonas, Roraima, Rio Grande do Sul, Rondônia e Rio de Janeiro são alguns dos estados que já confirmaram casos de sarampo este ano. Segundo Carmino, a recente reintrodução da doença, sobretudo nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, preocupam o município. “Tudo isso nos acende uma luz amarela, porque, no momento, Campinas não tem nenhum caso suspeito da doença, mas a gente precisa se mover. Estamos dentro de um mês de férias (julho) e isso significa que muitas pessoas vão viajar e podem ter contato com a doença. O sarampo não é brincadeira, pois tem uma letalidade muito alta e é completamente imunoprevenível”, explicou. Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do vírus. Entretanto, segundo dados do Ministério da Saúde, a aplicação de todas as vacinas do calendário adulto e infantil está abaixo da meta no Brasil, incluindo a dose que protege contra o sarampo. Campinas não está fora dessa lista, já que menos de 80% da população encontra-se vacinada. “Quando nós não temos uma cobertura adequada, acima de 95% da população vacinada, corremos o risco da reintrodução da doença. Hoje, Campinas tem uma cobertura muito abaixo, com de cerca de apenas 76%”, revelou Andrea von Zuben.