Desabastecimento de alguns produtos, como frutas legumes e verduras, já é realidade em várias partes do Brasil
Hortifrutigranjeiro é um dos setores mais comprometidos na região (Thomaz Marostegan/Especial Para a AAN)
Filas no caixa, carrinhos cheios e falta de produtos nas prateleiras. A descrição é idêntica aos dias de promoções ou os finais de semana nos supermercados, mas a realidade constatada ontem em Campinas era de temor dos consumidores, que resolveram sair às compras para garantir o estoque de alimentos em casa diante da iminente falta de fornecimento de frutas, legumes e carnes nos estabelecimentos por causa da greve dos caminhoneiros. Aos poucos, alimentos já começam a acabar nas gôndolas, principalmente nas seções de hortifruti e açougue. A reportagem visitou ontem quatro supermercados e um varejão da cidade e deparou com falta de alface e carne de porco em alguns estabelecimentos. Nas unidades do Carrefour, a rede de hipermercados espalhou placas limitando a compra de até cinco itens por cliente. Consumidores também relataram que alguns legumes estavam mais caros que o habitual. O quilo da batata, que custava em torno de R$ 2 até anteontem, era cobrado por R$ 5,99 num mercado no Taquaral ontem. Mesmo assim, a comerciante Rosane Bagatini, de 51 anos, lotou seu carrinho para garantir a comida de casa nos próximos dias. “Eu já precisava fazer as compras da casa, e então aproveitei para comprar mais arroz e mais carne para não faltar nada depois” , disse. Glória Rezende, de 51 anos, que trabalha na área da saúde, também fez o mesmo: "Pelo que vi na mídia e nas filas dos postos, está acabando tudo, inclusive na Ceasa. Espero que volte tudo ao normal, mas por via das dúvidas já comprei carne e frango para uns 10 dias para não passar por imprevistos" . Em nota, a Associação Paulista de Supermercados (Apas) confirmou que as paralisações dos caminhoneiros autônomos já causam desabastecimento nos supermercados, em especial itens de FLV (Frutas, Legumes e Verduras), que são perecíveis e de abastecimento diário. O texto ainda informou que carnes, leite e derivados, panificação congelada e produtos industrializados que levam proteínas no processo de fabricação já estão com as entregas comprometidas pelos atrasos no reabastecimento. Por fim, a Apas assegurou que alguns supermercados já realizam ações de contramedida para não faltar produtos, limitando a uma quantidade máxima de venda por consumidor. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), há desabastecimento de produtos perecíveis nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Tocantins, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. O abastecimento na Ceasa Campinas seguia comprometido ontem. Segundo a central, entre 20% a 45% do total de produtos hortifrutigranjeiros comercializados diariamente foram descarregados no entreposto. Geralmente, em dias de mercado (segundas, quartas e sextas), a média movimentada na Ceasa Campinas é de 4.230 toneladas/dia.