superação

Supermães: uma entrega sem limites

Elas abriram mão de tudo quando suas filhas ficaram doentes e provam que amor e cura andam juntos

Renato Piovesan
13/05/2018 às 15:31.
Atualizado em 28/04/2022 às 08:34
Vera Lúcia se tornou uma ?rocha? para amparar sua pequena Elisa (Thomaz Marostegan/AAN)

Vera Lúcia se tornou uma ?rocha? para amparar sua pequena Elisa (Thomaz Marostegan/AAN)

Há quem diga que, se mãe tivesse algum sinônimo, as denominações seriam afeto, proteção ou carinho. O que dizer então daquelas que largam tudo que tinham para se dedicar única e exclusivamente aos seus filhos que precisaram enfrentar graves doenças ainda na fase que estão aprendendo a andar, falar, ler, escrever e brincar? Neste Dia das Mães, o Correio Popular traz a história de três “supermães”, como Raissa Thomazella Gabaldi, de 30 anos, que deixou tudo para trás em Manaus (AM) e veio a Campinas há dois anos para acompanhar o tratamento de LLA (leucemia linfoide aguda) de seu filho de 5 anos no Centro Boldrini, referência nacional em casos de câncer infantil. Ela passa as 24 horas do dia ao lado do pequeno Adriel, que descobriu sua doença quando estava prestes a completar 3 anos de idade. Um baque, que Raissa nem gosta de lembrar.

"Inicialmente fiquei em choque, não acreditei. Foi como um chute no estômago. Mas depois comecei a pesquisar, vi que não era um bicho de sete cabeças e resolvi encarar um dia após o outro."

Raissa Gabaldi, mãe de Adriel.   Ela cursava faculdade de pedagogia e trabalhava como assistente administrativa na capital amazonense antes de se mudar para Campinas para se dedicar integralmente a Adriel. Hoje Raissa lida com a situação com naturalidade, mesmo com os desafios que tem descoberto dia após dia na educação de uma criança tão nova e com tantas dificuldades. “Educar não é um papel fácil em situação nenhuma, e educar uma criança em tratamento se torna ainda mais complicado, porque tem o fator doença. Mas não vejo meu filho com um menino doente. Vejo sim uma criança que está passando por uma situação complicada, mas que daqui a 5 anos não vai mais estar com essa doença e tem todo um futuro pela frente”, comenta a supermãe. A psicóloga clínica Diana Laloni esclarece que no período conhecido como primeira infância, que é do nascimento aos seis anos de uma criança, o papel dos pais é fundamental para estimular seus filhos e ensinar as regras sociais. Em casos de doença, é preciso cuidado redobrado. E não esconder nada da criança, por mais duro que seja.

"Crianças são inteligentes e sensíveis. Quando adoecem, precisam de atenção e conforto, mas não podem ser enganadas. Precisam aprender com seus pais que estão doentes e em tratamento, qual a doença que têm e qual o tratamento que estão recebendo."

Diana Laloni, psicóloga clínica. Para Laloni, crianças enfrentam suas doenças melhor que os adultos e o melhor caminho é prepará-las para as restrições que podem sofrer, como os dias que não poderão ir à escola, brincar no parque ou ficar com seu bicho de estimação. É algo que Diana Correa, de 39 anos, que também é de Manaus (AM), tem procurado fazer desde que sua filha Maria Júlia, a Maju, foi diagnosticada com câncer com 5 anos.

"Quando recebi a notícia, o impacto foi tão grande que não soube lidar. Minha única filha foi diagnosticada com câncer, com 5 anos. Chegou ao hospital de cadeira de rodas. Desabei, mas precisei ser forte, e virei uma rocha. "

Diana Correa, mãe da Maria Júlia   Ela veio da capital amazonense para Campinas há três anos. Deixou outros dois filhos mais velhos com o sogro na capital amazonense porque, como ela mesma diz, “conversei com eles e disse que a 'maninha' deles estava precisando mais de mim agora, e eu também faria tudo de novo pelos meus outros filhos, o Neto e o João Vitor”. Ana Rita Costa, de 44 anos, tem história de vida parecida. Levava uma vida pacata em Casa Nova (BA) e se mudou para uma metrópole como Campinas no fim do ano passado por causa da sorridente e comunicativa Ana Laura, que descobriu uma leucemia quando tinha 6 anos.

"Não podia mais olhar para trás, só para frente. Deixei minhas duas empresas para trás, minha outra filha e meu marido para ter uma vida só de mãe da Ana Laura."

Ana Rita Costa, mãe da Ana Laura. Ana Laura irradia alegria por onde passa. Carismática, ela fala em virar 'youtuber' em breve, para contar da sua vida na internet, e sonha alto:

"Quando saí de da Bahia, não entendia nada. Para mim era uma doença normal, mas agora a psicóloga me ajudou a entender. Quando crescer, quero ter meu canal no Youtube, ser médica e levar minha mãe para um lugar melhor no Dia das Mães."

Ana Laura.   Não tem flor, roupa, celular ou cosmético que alegre o Dia das Mães de Raissa, Diana e Ana Rita este ano. Para as “supermães”, o maior presente é ter suas filhas ao seu lado, com saúde, sem saber o que é a palavra limite quando se fala de amor por suas xodós.

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