Bacilo é resistente a antibióticos e muda rotina no Hospital Municipal da cidade
O Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, confirmou nesta quinta-feira (27) um surto da superbactéria Klebsiella pneumoniae, a KPC. Desde o final de fevereiro, já foram registrados sete casos de pacientes da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) contaminados com o bacilo, resistente a antibióticos. Deste grupo, duas pessoas morreram, mas a Secretaria de Saúde da cidade afirma que não foi em decorrência da infecção e sim por outros problemas de saúde não revelados. Três permanecem internados na unidade e dois receberam alta.De acordo com o médico infectologista e coordenador da Comissão de Controle de Infecção do hospital, Agnaldo Gouveia Júnior, a contaminação teve início após uma paciente do sexo feminino ser transferida de Bragança Paulista para a UTI do hospital. Ela ficou internada 14 dias em uma unidade da outra cidade, onde foi submetida a uma angiografia. Exames de urina identificaram a presença de um micróbio que nunca havia sido detectado no hospital de Americana. O Instituto Adolfo Lutz confirmou que se tratava da KPC.A unidade realizou exames nos demais pacientes para rastrear possíveis casos e outras seis pessoas tiveram a contaminação confirmada. O Hospital Municipal informou que não dirá o sexo e a idade deles, mas todos são moradores de Americana e apenas três desenvolveram a infecção. A mulher transferida de Bragança e outro paciente recebem acompanhamento domiciliar; um paciente está na UTI e dois na enfermaria.O médico afirma que nenhuma área foi ou será isolada, já que a bactéria não é transmitida pelo ar, mas sim por contato com outra pessoa contaminada. Por isso, foram destinados profissionais exclusivos para o cuidado desses pacientes. “Diariamente já é feita a desinfecção corrente no hospital. Em nenhum momento foi necessário interditar nenhuma das alas, uma vez que o problema não é o local em si”, diz. “Semanalmente fazemos exames nos pacientes que estão na UTI ou que saíram de lá para a enfermaria.”O hospital cancelou desde segunda-feira todas as cirurgias eletivas, que são as agendadas e sem urgência. O argumento é que o rastreamento continua e será necessário usar os leitos disponíveis caso novos pacientes contaminados sejam descobertos. A medida preventiva deve continuar até a próxima semana, com cerca de 15 cancelamentos por dia. As cirurgias de emergência são realizadas normalmente. EfeitosDe acordo com Gouveia Júnior, a superbactéria se instala no intestino e pode causar complicações caso passe para outros órgãos, como rins e pulmões. O tratamento é realizado com antibióticos desenvolvidos na década de 60, contra os quais a KCP ainda não está resistente.Quem procura atendimento no Hospital Municipal se preocupa com a contaminação, mesmo que não seja necessária a internação. “Minha filha está com dengue e por isso já esta com a saúde frágil”, argumenta a cabeleireira Irene Freitas, de 51 anos. “Trouxe ela preocupada com o risco, mas não temos opção.” O autônomo Irineu Donizete de Almeida, 51 anos, também alega que precisa do atendimento. “Mas fico com medo, porque sei que bactéria se transmite fácil se o hospital não tiver controle.”