Baixa vazão nos rios da região de Campinas levou a região a pedir socorro para a ANA
A baixa vazão nos rios da região de Campinas já obrigou Sumaré e Jaguariúna a interromper a captação de água e levou a região a pedir socorro para a Agência Nacional de Água (ANA) e o Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) para que autorize o aumento da liberação do Sistema Cantareira para as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). A Câmara Técnica de Monitoramento Hidrológico (CT-MH) dos Comitês PCJ pediu 11 m3/s, mas enquanto a autorização não chega, o sistema está despejando nas bacias 7 m3/s, volume 40% superior ao que a região tem direito pela atual outorga do Cantareira. Sem perspectivas de chuvas em novembro que possam aumentar o estoque de água no sistema, a previsão é que a manutenção de vazões que permitam a captação de água para abastecimento, vai exigir muitas manobras no Cantareira. A Câmara Técnica, que mensalmente define quanto de água será liberado para os rios, concluiu que para novembro, somando os 5 m3/s garantidos pela outorga e mais a água que a região poupou este ano e está reservada para emergências no Banco de Água, será possível liberar 7,9 m3/s no mês. Baixa vazãoA questão é que, segundo o coordenador da CT-MH, Astor Dias de Andrade, por conta das baixas vazões dos rios da bacia e a insuficiência do Banco de Águas, a região vai precisar de 11 m3/s. Isso não significa que esse volume será necessário o tempo todo, mas é uma garantia para que, quando ocorram quedas que impeçam a captação, porque o rio fica abaixo das tubulações que retiram a água ou quando a qualidade fique muito ruim, o sistema possa liberar mais água para diluir os poluentes. Tanto Jaguariúna quanto Sumaré interromperam a captação por menos de uma hora, mas o fato sinalizou que novembro vai exigir muita atenção. A diretora administrativa do Departamento de Água de Jaguariúna, Luciana Souza, disse que houve, em outubro, uma queda na vazão do Rio Jaguari, onde a cidade capta água para o abastecimento público, por menos de uma hora na madrugada.A cidade não sentiu o efeito da interrupção, mas já serviu de alerta para um monitoramento mais constante. A causa da queda da vazão, segundo ela, não foi detectada. No ponto de captação o rio desceu e subiu rapidamente. Os municípios que se abastecem do Jaguari suspeitam que essa oscilação de vazão pode ser decorrência da retirada de água para irrigação. Já Sumaré interrompeu a captação no Rio Atibaia,de onde retira 60% do volume necessário para o abastecimento público, também em um período pequeno. A reportagem não conseguiu falar nesta sexta-feira (1º) com a Administração, porque foi ponto facultativo na cidade. O sistema de monitoramento dos rios da região apontaram, às 13h20, que o nível do Rio Atibaia está caindo, com 1,69 em Atibaia, 0,80 na captação de Campinas e 1,88 em Paulínia. Já o Rio Jaguari, também em queda, registrava 1,30 m em Bragança Paulista, 1,25 m em Morungaba e 0,62 m em Cosmópolis, enquanto o Rio Piracicaba, apesar de estar com 1,19 m em Piracicaba, estava estável. ReservatórioOs reservatórios do Sistema Cantareira estão cada vez mais baixos, a espera da chuva, e colocam os municípios das bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí em alerta. Os reservatórios com menos estoque de água são o Jaguari e o Jacareí, que ontem operavam com 32,1% de sua capacidade e liberaram, para o Rio Jaguari, 2 m3/s. Já o reservatório Cachoeira operou com 54,4% de sua capacidade soltando 3m3/s e o Atibainha, com 59,9%, liberou 2m3/s. Tanto o Cachoeira quando o Atibainha liberam água para o Rio Atibaia. A situação do sistema é resultado de manobras que vem sendo adotadas nas vazões dos reservatórios e que foi acordada no período de estiagem do ano passado, como uma estratégia para entrar no período de janeiro - o mais crítico em quantidade de chuva - com nível baixo de armazenamento. O acordo dos órgãos gestores, que vem valendo desde janeiro de 2011, prevê deixar dois dos reservatórios do sistema, o Atibainha e o Cachoeira, com volume de espera superior a 50%. Essa decisão levou em conta que, com chuvas intensas, enchem mais rápido que o outro reservatório que abastece a região, o Jaguari. Assim, com nível baixo, a previsão é que os reservatórios aguentem o excesso de chuva de janeiro e não seja necessário abrir comportas, evitando o agravamento de enchentes na região de Atibaia, vítima constante das inundações.