Setor de atendimento pediátrico do Hospital Mário Gatti; esforço nas ações da administração para garantir a assistência às crianças de até 4 anos (Ricardo Lima)
A multiplicação dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças fez disparar um sinal de alerta na gestão de saúde do município. Diante da crise, que se agravou nas últimas semanas, as autoridades sanitárias informaram ontem que vão continuar insistindo nas tratativas junto ao governo do Estado para aumentar a quantidade de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs) e enfermaria para garantir o atendimento pediátrico na cidade.
Apesar do último balanço divulgado ontem pela gestão municipal apontar para uma redução no número de internações pediátricas em relação aos dados anteriores, o trabalho para ampliar a estrutura permanecerá até que os objetivos sejam atendidos. A prefeitura não confirmou se pretende recorrer mais ao Estado ou a leitos privados para absorver a demanda de atendimento sazonal, mas garantiu que nenhuma criança ficará sem atendimento na cidade.
Na semana passada, a Secretaria Municipal de Saúde já havia informado a abertura de cinco UTIs pediátricas na cidade, ampliando para 34 as estruturas disponíveis na rede municipal, além das 59 enfermarias para crianças.
Apesar do esforço nas ações da administração para garantir a assistência às crianças de até 4 anos, que vêm sofrendo com o expressivo crescimento de casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR), o atendimento público pediátrico está sobrecarregado na cidade.
O Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que mantém atendimento pediátrico público em Campinas, informou ontem, por meio de assessoria de imprensa, que segue hoje ainda com a restrição de 48 horas nos atendimentos pediátricos na Unidade de Urgência e Emergência (UER) e Pronto-Socorro (PS).
De acordo com informações do HC, a medida foi tomada após o hospital registrar ocupação máxima nos 36 leitos de enfermaria e 20 de UTI voltados para crianças. A superlotação está ligada ao aumento expressivo de atendimentos pediátricos de síndromes respiratórias nas últimas semanas.
A assessoria de imprensa do HC informou que também prosseguem válidos os alertas ao Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), ao sistema de regulação de vagas do Estado, à Diretoria Regional de Saúde (DRS-7), às prefeituras da região e ao grupamento Águia da Polícia Militar para que nenhum paciente seja encaminhado ao hospital e que a situação será novamente revista a partir de hoje. O hospital informa que a medida não significa uma suspensão total de novos atendimentos, mas a orientação é para que os encaminhamentos sejam evitados.
A Secretaria de Saúde informa, porém, que a assistência está garantida a todas as crianças nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Prontos-Socorros infantis da rede municipal e no hospital PucCampinas, administrado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Em nota, a administração reforça que "a responsabilidade pelos leitos pediátricos deve e precisa ser compartilhada entre entes municipais e estaduais, e o município tem reforçado este entendimento".
UTI Infantil
O boletim divulgado ontem pela Secretária Municipal de Saúde aponta para um total de 105 leitos de UTI Infantil na cidade, sendo que 91 deles estão ocupados, o que corresponde a 86,6% de ocupação. Há 14 leitos livres. Do total de leitos de UTI Infantil ocupados, 56 são por crianças com SRAG. No boletim anterior, a ocupação estava em 90,04%.
Segundo a gestão municipal em Saúde, são 34 os leitos de UTI infantil no SUS Municipal, dos quais 33 estão ocupados, o que equivale a 97% de ocupação. Há um leito disponível. No SUS Estadual são 20 leitos, dos quais 19 estão ocupados, o que equivale a 95% de ocupação. Também há um leito livre.
Já na rede particular dos 51 leitos, 39 estão ocupados, o que equivale a 76,4% de ocupação. Há 12 leitos disponíveis. A Prefeitura de Campinas informa ainda que no SUS Municipal há 59 crianças internadas em leitos de enfermaria. Onze esperam por vagas e estão sendo assistidas nos prontos-socorros.
Pesquisadores responsáveis pelos dados do InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em São Paulo, explicam em nota do boletim da entidade, que com a entrada do período de temperaturas mais baixas, o clima vai favorecer a circulação de vírus e a disseminação de doenças respiratórias. O coordenador Marcelo Gomes ressalta que "o aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave também tem influência com o início do ano letivo de forma presencial". O pesquisador reforça a importância do uso da máscara no transporte público, em hospitais e postos de saúde e nas escolas