empreendedorismo

Sucesso também se ensina na escola

Empresário acrescenta às aulas técnicas, experiências que vivenciou até ter êxito nos negócios

Daniel de Camargo
17/11/2019 às 13:50.
Atualizado em 30/03/2022 às 09:57

Aos 15 anos, Fábio Affonso ensinava informática nos fundos da casa onde morava, em Limeira, sua cidade natal. Hoje, aos 40, lidera uma rede de escolas profissionalizantes com sede em Campinas, que fatura anualmente R$ 21 milhões. A trajetória de sucesso de Affonso agora serve também de alavanca para outros jovens. Além das aulas técnicas, oferece em suas escolas ferramentas de desenvolvimento pessoal e profissional — repassa aos alunos o que aprendeu e conquistou como empreendedor. Filho de um mecânico e de uma dona de casa, deixou o emprego de office-boy para ajudar seu irmão, cerca de dez anos mais velho, a ensinar informática a alguns vizinhos. Com apenas um computador, a dupla ministrava aulas particulares, porque não havia outra alternativa. Com 17 anos, Affonso entrou na faculdade de Tecnologia de Sistemas. Na época, viu no jornal o anúncio de uma formação em hardware. Caro para suas condições financeiras, tentou convencer todos os alunos de sua turma da faculdade a fazerem a capacitação. Assim, ganharia uma bolsa. Porém, ninguém aderiu ao projeto, por ser um curso de férias. A solução foi parcelar o valor. O que ganhava com o irmão mais velho, detalha, não cobria a mensalidade. Por isso, a mãe ajudou a pagá-las. Na adolescência, o limeirense também se dedicava aos esportes. Lutava jiu-jitsu. Neste período, chegou a ser campeão paulista da modalidade. O empreendedorismo, entretanto, falou mais alto e ele deixou a luta um pouco de lado para dedicar-se mais ao negócio. O curso foi proveitoso. A partir do conhecimento obtido, afirma, desenvolveu seu primeiro curso próprio. Lá também conheceu Anderson Siqueira, atualmente seu sócio. Posteriormente, fez um anúncio gratuito em um jornal local e conquistou quatro alunos. "Com o dinheiro das matrículas, fiz 10 mil panfletos e comecei a distribuí-los porta-a-porta pela cidade", lembra. Em seguida, Affonso e o irmão alugaram uma pequena sala e compraram o segundo computador. Em seis meses, já atendiam 60 alunos. Para poder abrir uma empresa, foi emancipado pelos pais e conseguiu comprar outras máquinas e alugar novas salas. Em um ano e meio, chamou Anderson para ser seu funcionário, sem registro em carteira ou qualquer garantia. Três anos depois, com 500 alunos, os irmãos alugaram uma casa, ainda em Limeira, onde atingiram a marca de 800 alunos. Foi a hora de abrir a segunda escola, dessa vez em Piracicaba, com Anderson como sócio deles. Em 2005, os irmãos desfizeram a sociedade. Affonso seguiu a parceria com Siqueira. Com uma escola em Piracicaba. Nascia a MicroPro oferecendo os cursos profissionalizantes de hardware e gestão administrativa. Neste mesmo ano, os sócios inauguraram a segunda unidade em Americana e, a terceira, em Rio Claro. Em menos de um ano, as três unidades somavam mais de mil alunos. “Na cisão da sociedade, eu e o Anderson ficamos com a escola de Piracicaba. Conseguimos levantá-la e foi a primeira de nossa rede por dez anos, em número de alunos e faturamento. É um grande case em nossa história, chegamos a ter 1.750 alunos nela”, comenta. Em 2007, os sócios já tinham cinco escolas e decidiram abrir uma sede em Limeira, com direito a uma editora, a Inova, responsável pela impressão de todo o material didático da rede. Mas, até inaugurar sua sétima escola, Affonso conta que não tinha qualquer patrimônio. “Tudo o que eu ganhava, reinvestia em novas escolas", garante. "Não tinha carro do ano, casa própria, nada", completa, frisando que seu foco era abrir novas escolas. Alguns anos depois, sua rotina já se dividia entre Limeira e Campinas. Em 2010, surgiu a ideia de franquear o negócio. Diretores da própria marca — e até de concorrentes, que não podiam ter escolas das marcas que representavam — procuravam Affonso para abrir franquias. “Eu não entendia de franchising e fizemos alguns contratos simples. Mas, meu foco era mesmo abrir lojas próprias”. A marca foi crescendo, sempre oferecendo os cursos que os concorrentes também ofereciam. Reviravolta Com mais de 35 escolas, surgiram duas grandes reviravoltas na história de Affonso e da MicroPro.“Eu estava bem insatisfeito. Olhava para minhas escolas e pensava: eu ofereço exatamente o que todo mundo oferece", reviveu. Ele se questionava, menciona, como poderia querer ganhar mais, se destacar e vender franquias, sendo que era mediano. Duas ações mudaram o perfil da empresa e do franqueador. A primeira foi a forma como a MicroPro trabalha e oferece seus cursos. “Em alguns meses, mudamos a gestão da rede e a forma de operar, passando a oferecer mais de 20 cursos, em vez de quatro, com uma nova plataforma tecnológica, que consome menos recursos. Com essa mudança, geramos uma economia mensal astronômica, bem como atraímos alunos de outras áreas. As vendas aumentaram 20% em dois meses”, comenta. A segunda e expressiva mudança foi a criação do CoachingMax. Affonso viu uma reportagem e, a partir dela, desenhou o curso de 92 aulas comportamentais, que são ministradas a todos os alunos que compram um curso MicroPro, em qualquer área. Ele grava as aulas. “Eu não gosto de ser chamado de coach e nem me sinto assim. CoachingMax é um nome fantasia, na verdade eu me sinto um mentor, quase um padrinho desses jovens, porque sei o que eles estão sentindo. São muitos conflitos internos e não é fácil lidar com tanta informação. Por isso, os temas falam sobre tudo o que os jovens sentem”, diz. Em 2015, criou o Grupo MaxPro Educacional, que abriga outras marcas, além da MicroPro. Cresce nível de confiança de micro e pequenas empresas Profissionais liberais, micro e pequenas empresas das regiões de Campinas, Jundiaí e Bragança Paulista registraram alta de 19% nas vendas de outubro, se comparado a setembro. Os dados são do Índice BNI Planalto Paulista, que apontou ainda um crescimento de 1,3% ante outubro de 2018. O estudo é medido mensalmente junto aos 562 profissionais liberais e empresas associadas à entidade de diversos segmentos de negócios. Juntas, elas reportaram um volume de R$ 5.756 milhões em negócios fechados em outubro, contra R$ 4.834 milhões de setembro deste ano. No mesmo mês do ano passado, as vendas fechadas atingiram R$ 5.684 milhões. O BNI conta atualmente com grupos de empresários em Campinas, Indaiatuba, Jundiaí, Americana e Atibaia, mas que têm empresas de cidades vizinhas. Outros grupos de negócios estão em fase de implantação nas cidades de Valinhos, Paulínia, Bragança, Campinas e Louveira. O levantamento também aponta três meses consecutivos de alta nas vendas: setembro (5,87%), agosto (5,8%) e julho (44%). Nos três meses anteriores: junho, maio e abril (quando foi criado o Índice BNI Planalto Paulista) foram assinaladas quedas no faturamento. Diretor do BNI regional Planalto Paulista, Eduardo Santana analisa que o mercado começa a dar sinais de retomada e de melhoria no ambiente de negócios, especialmente para profissionais liberais, micro e pequenas empresas, que representam 99% das empresas em atividade e por mais de 70% da economia brasileira. “Os números de outubro e dos dois meses anteriores mostram uma recuperação consistente para micro e pequenos empresários”, destaca. “A expectativa é de que esta trajetória se mantenha daqui para frente”, projeta. Santana entende que a estabilidade do mercado, junto com recuperação de vendas tendem a criar um círculo virtuoso, trazendo aumento do nível de confiança dos empresários para voltar a investir e contratar funcionários em 2020. “Algumas empresas já começaram a contratar para atender ao aumento da demanda, mas uma recuperação maior só virá com crescimento constante dos negócios”, completa.

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