TECNOLOGIA

Startup cria corrente de boas ações

Empresa atua em várias frentes; numa delas, criou sistema que permite a surdo acionar o Samu

Gilson Rei
28/09/2019 às 16:51.
Atualizado em 30/03/2022 às 15:28

O propósito de fazer o bem sem saber a quem é uma prática que pode ser vista também entre jovens. Enquanto alguns rapazes e garotas seguem caminhos tortuosos, cercados pela violência, outros formam uma legião que alimenta uma corrente de boas ações, usando como "arma" a inteligência, o conhecimento e a tecnologia. São jovens que fazem a diferença, como acontece na startup NearBee, de Campinas, que conta com mais de 30 profissionais com idade entre 18 e 25 anos, para desenvolver aplicativos e dispositivos de tecnologia avançada na solução de questões sociais gritantes que afligem a sociedade. As mentes jovens da startup trabalham, por exemplo, para obter maior agilidade e acessibilidade em emergências na área da Saúde, tanto para a população em geral, como para pessoas com deficiência. Auxiliam também na proteção de mulheres contra a violência de homens e nas emergências da população contra criminosos na área da Segurança. Entre os seus feitos, estão a Tecla Samu, que a Prefeitura de Campinas abraçou a causa e colocou em prática na sociedade. Trata-se de um aplicativo que permite os quase 50 mil surdos da cidade a conectar-se com rapidez e facilidade o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Os surdos nunca tiveram este tipo de facilidade antes, mas com o aplicativo Tecla Samu (com base em imagens) eles conseguem acessar em pé de igualdade os serviços de emergência e salvar vidas deles e até de pessoas que eles querem ajudar em casos de emergências. Basta baixar o aplicativo no celular. Origem A startup surgiu, inclusive, quando mulheres começaram a sofrer violência de homens no entorno da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no ano de 2015. Na época, um jovem de 25 anos, Felipe Fontes, estudante de Ciências Sociais da Unicamp e com formação em computação, começou a desenvolver um aplicativo em smartfone com seus amigos da área de Tecnologia da Informática (TI). A proposta era criar um meio alternativo para ajudar o serviço de segurança. "O objetivo foi de criar algo para proteção das mulheres que estavam sendo agredidas. A ideia era ter uma rede de informações com celulares para auxiliar na denúncia de casos e de acessar também com maior rapidez a Polícia", afirmou Fontes. O aplicativo foi desenvolvido, mas não havia como colocar em prática. Fontes e os amigos foram orientados por especialistas a empreender um projeto de inovação de impacto social, para obter recursos e viabilizar. "Partimos para esta proposta, que é uma tendência que vem sendo feita e que foge um pouco do caminho das ONGs e Associações, mas a base é impactar na sociedade com ações do bem", disse. Fontes explicou que, na Unicamp, ele tinha formação em computação e fazia Ciências Sociais e, por isso, usou este conhecimento como ferramenta. "Alimentei a ideia de fazer o uso de tecnologia para gerar impacto social e combater esta cultura do ódio que surgia na sociedade, unindo a tecnologia para combater os problemas sociais. Começamos a desenvolver o aplicativo que é utilizado hoje em algumas cidades", afirmou. Assim surgiu o NearBee Ajuda e Proteção, primeiro aplicativo da startup. Gratuito, ele é aberto para uso com o objetivo de promover o engajamento contínuo e crescente. Com o aplicativo os jovens receberam investimentos que permitiram criar uma linha de negócios para impacto social. Eles deixaram de ter uma plataforma apenas para a proteção das mulheres e passaram a oferecer soluções inovadoras para a segurança pública como um todo. Em Campinas, o aplicativo conecta pessoas desconhecidas em uma plataforma comunitária colaborativa, onde os usuários podem solicitar produtos e serviços, além de usar para um pedido de ajuda ou socorro. Paralimpíada Em 2016, o governo do Rio de Janeiro abriu oportunidade para startups desenvolverem um aplicativo para a Polícia em função das Paralimpíadas. "Muitas pessoas e turistas com deficiência, entre surdos e mudos, não teriam acesso para acionar os serviços da Polícia e de emergências" , disse Fontes. Com isso, foi criada a solução com um aplicativo para emergências às pessoas com deficiência, usando como base imagens no celular. "A ideia deu origem ao Tecla Samu, que está em Campinas, e ao Emergência RJ, que está no Rio. Depois, a base foi desenvolvida para Salvador e Fortaleza", afirmou. Fontes explicou que a solução Emergência RJ foi incorporada para toda o uso da população e é mais abrangente porque pode ser utilizada por qualquer cidadão do Rio de Janeiro. Basta baixar o aplicativo no smartfone e usar em casos de emergência (ou de denúncia em casos em que está sendo coagido a não ligar). "A pessoa pode fazer um chamado via aplicativo e a central da Polícia vai ter sua localização, imagens e informação para mandar uma viatura ao local, sem ter feito a ligação. É um canal alternativo que garante acessibilidade. Funciona como um botão de pânico conectado direto com o Poder Público", disse. O jovem disse que é uma ferramenta importante porque a estrutura brasileira de socorro tem como base o serviço público. "Um passo importante para agilizar os atendimentos de emergência é exatamente haver esta abertura do Poder Público para o uso da tecnologia e ter este complemento para qualificar", afirmou.  

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