instituto penido burnier

Sonho de um baiano vira referência

Há um século, João Penido Burnier concluía os detalhes finais do projeto para inaugurar, em Campinas, um instituto oftalmológico de ponta

Rogério Verzignasse
26/02/2019 às 10:51.
Atualizado em 05/04/2022 às 00:54

Há um século, João Penido Burnier concluía os detalhes finais do projeto para inaugurar, em Campinas, um instituto oftalmológico de ponta. Ele tinha se estabelecido na cidade uma década antes. Trabalhava, na época, como médico na Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Naquele tempo, ele viajou a Paris. Se especializou em oftalmologia e se inspirou para reunir, sob o mesmo teto, a pesquisa científica e o atendimento ao público. Sonho ousado. Ele nem se arriscava a estimar os custos do empreendimento. Acontece que a vida premia a boa vontade. Ao longo da década seguinte, o complexo projetado foi ganhando forma, graças à reunião de especialistas associados. As intervenções físicas, para se ter uma ideia, se prolongaram até os anos 1960, e o conjunto arquitetônico definitivo se espalhou por 10 mil metros quadrados de área construída. Em 1971, quando João Penido Burnier deixou este mundo, o instituto já tinha reconhecimento mundial. Aqueles profissionais engajados conseguiram importar para Campinas o que havia de mais avançado no mundo para atendimento em oftalmologia e otorrinolaringologia. Era executada uma premissa básica: o trabalho especializado em grupo, e em tempo integral. A equipe técnica recebeu a influência de profissionais de todo o mundo por meio de intercâmbios científicos, e nunca abriu mão dos investimentos em tecnologia. Ainda na década de 1930, o instituto já era uma referência no tratamento de endemias de tracoma e cisticercose ocular, males da época. Dali, saíam os artigos que ilustravam as primeiras revistas especializadas sobre o tema. O pioneirismo foi marcante. No Penido foi feito o primeiro transplante de córnea do Brasil. Também era um dos raros centros oftalmológicos do Brasil que dominavam as técnicas como a cirurgia de descolamento de retina e a introdução do laser, entre tantas outras. O Instituto Penido Burnier (IPB) virou passagem obrigatória para presidentes, governadores, embaixadores e artistas, que transformaram em noticiário nacional os serviços de excelência, aplicáveis a quaisquer patologias oculares. Hoje Atualmente, o Penido segue oferecendo o que existe de mais avançado em exames e cirurgias contra miopia, hipermetropia, astigmatismo, presbiopia, catarata. As intervenções precisas eliminam imprecisões da retina; a tomografia oferece rigor aos processos operatórios, transplantes de córnea e tratamento do glaucoma. Os exames computadorizados garantem eficiência e precisão. Mas a tecnologia tem preço, e o acesso ao tratamento nem sempre é acessível para grande parte dos brasileiros. Diante do quadro, o Penido firma parcerias com organismos nacionais e internacionais - públicos e privados — que tornam viáveis os exames e as cirurgias. O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor do instituto, afirma que as consultas e a distribuição de óculos chegam até as comunidades ribeirinhas da Amazônia, e o acesso à visão saudável é cada vez mais viável. A HISTÓRIA O baiano João Penido Burnier nasceu em Alagoinhas, em 1881. Seu pai era Miguel Nascentes Burnier. Engenheiro renomado. A mãe era Maria Antonia Penido, de uma tradicionalíssima família mineira. Família estruturada, que lhe garantiu formação educacional de primeira e uma carreira profissional sólida. Se formou em medicina no Rio e se especializou em oftalmologia estudando na Europa. Contratado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, se transferiu para Campinas e idealizou o instituto de ponta. Penido Burnier tinha 90 anos quando partiu para o lado de lá. SAIBA MAIS O Instituto Penido Burnier se confunde com a história de Campinas. O primeiro estádio da Ponte foi construído em terreno doado por João Penido Burnier, na Rua Guilherme da Silva. A biblioteca do Instituto Penido Burnier conta com nada menos que seis mil títulos que tratam da oftalmologia. Os dirigentes do instituto tiveram participação decisiva para a inauguração da primeira faculdade de medicina em Campinas, berço da Unicamp. FRASE “Às vésperas de fazer cem anos, o instituto não vai baixar os olhos. O envelhecimento natural da população exige mais cuidado com a visão, mais trabalho da equipe. Ver o paciente bem nos gratifica.” LEÔNCIO QUEIROZ NETO, Oftalmologista, diretor do Instituto Penido Burnier

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