Choque e queda de energia são alguns dos riscos por trás dessa antiga diversão
Garoto solta pipa sem se dar conta dos riscos de acidentes (Rodrigo Zanotto)
Soltar pipa é uma brincadeira divertida que atravessa gerações e encanta não só crianças, mas também jovens e adultos. No entanto, é importante estar ciente dos riscos envolvidos para garantir que esse momento de lazer não se torne uma situação perigosa. Recentemente, a região de Campinas registrou um alto número de ocorrências relacionadas a pipas na rede elétrica, demonstrando a necessidade de conscientização e cuidados.
Segundo dados levantados pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL Paulista), durante o primeiro semestre de 2023, foram reportadas 676 ocorrências causadas por pipas na rede elétrica, uma média de 112 casos por mês. Embora esse número represente uma redução de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior, ainda é alarmante. As cidades de Piracicaba e Amparo também foram consideradas no levantamento.
Campinas lidera as estatísticas com 283 casos em 2023, seguida por Sumaré e Hortolândia, com 104 e 69 ocorrências, respectivamente. Esses números deixam claro que é preciso adotar medidas para evitar acidentes graves e proteger a população.
O gerente de Saúde e Segurança do Trabalho da CPFL Energia, Marcos Victor, enfatiza que a segurança da população é a prioridade da companhia. A campanha "Guardião da Vida" busca conscientizar a população sobre os perigos relacionados às brincadeiras com pipas próximas às redes elétricas e subestações. Palestras em escolas têm sido realizadas para alertar sobre os riscos iminentes de descargas elétricas e interrupções no fornecimento de energia, que podem afetar hospitais e estabelecimentos comerciais essenciais.
A conscientização é a melhor forma de prevenir acidentes. Fernando Amaral Zica, consultor de relacionamento da CPFL Paulista, ressalta que é fundamental informar e conscientizar a população sobre os cuidados necessários. Embora não seja necessário proibir as brincadeiras com pipas, é crucial priorizar a segurança de todos os envolvidos, sejam aqueles que soltam as pipas ou os pedestres e motociclistas que circulam pela região. Além disso, ele destaca a importância de evitar soltar pipas próximas a rodovias e à rede de energia. Essas precauções simples podem evitar acidentes graves e garantir que a diversão em família seja verdadeiramente segura e prazerosa.
CEROL
O uso do cerol, também conhecido como "linha chilena," é considerado crime em São Paulo, de acordo com a Lei Estadual nº 12.192, de 2006. Essa prática representa um grande perigo, uma vez que essas linhas conduzem eletricidade, aumentando significativamente o risco de choques elétricos quando entram em contato com a rede elétrica. Além disso, o cerol possui um poder cortante que pode danificar os cabos da rede elétrica, causando curtos-circuitos e colocando em risco a vida de pedestres, ciclistas e motociclistas.
A Guarda Municipal de Campinas (GM) vem alertando a população para os perigos associados ao uso da linha chilena em brincadeiras de empinar pipa. O cerol é uma mistura perigosa de cola com vidro moído ou pó de ferro, aplicada em linhas de pipas com o intuito de cortar as linhas de outras pipas em voo. O resultado dessa prática pode ser ferimentos graves em pessoas e animais, além de provocar acidentes de trânsito e causar danos ao meio ambiente.
Para garantir a segurança de todos, é fundamental substituir o cerol por materiais seguros ao empinar pipas, como nylon e algodão. A GM tem se empenhado em realizar campanhas de conscientização sobre os riscos associados ao uso do cerol, com o objetivo de informar as crianças e adolescentes sobre como se divertirem de forma segura.
EDUCAÇÃO
A Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) tem investido em programas permanentes de educação para mobilidade, com foco em conscientizar estudantes sobre os perigos do cerol desde o Ensino Fundamental. Além disso, a importância do uso de antenas corta-pipa pelos motociclistas tem sido enfatizada para prevenir acidentes envolvendo linhas cortantes.
Uma das iniciativas da Emdec envolve a realização de blitz direcionadas aos motociclistas, nas quais são distribuídas antenas corta-fio. Durante essas ações, agentes da mobilidade urbana e educadores orientam o público sobre comportamentos seguros no trânsito, buscando prevenir acidentes e garantir o uso adequado dos equipamentos de segurança.
Nos dias 13 e 20 de julho, a campanha 3Rs (Respeite, Repense, Reduza) promoveu tais ações nas regiões do Balão do Londres e no cruzamento entre as ruas Ferreira Penteado e Regente Feijó. Foram distribuídas 630 antenas corta-fio como parte dessas atividades.
Em comemoração ao Dia do Motociclista, comemorado hoje, a Emdec intensificará suas ações com abordagens educativas em áreas de espera de motos em diversos cruzamentos da cidade. Os motociclistas receberão orientações sobre fatores de risco para acidentes, o uso correto dos equipamentos de proteção e a importância de respeitar a sinalização.
Mariângela Marini dos Santos Pereira, coordenadora do Processo de Educação e Cidadania, destaca que a segurança no trânsito é responsabilidade de todos os atores envolvidos. A Emdec tem se esforçado para promover a conscientização e proteção dos motociclistas em relação aos comportamentos de risco, incentivando o uso adequado dos equipamentos de proteção, como a antena corta-fio, um dispositivo capaz de salvar vidas.