Segundo colocado nas pesquisas eleitorais para o governo do Estado, o pré-candidato do MDB, Paulo Skaf, afirma que não fará qualquer concessão
Segundo colocado nas pesquisas eleitorais para o governo do Estado, o pré-candidato do MDB, Paulo Skaf, afirma que não fará qualquer concessão para obter apoio de partidos à sua campanha. Mesmo bem posicionado nas intenções de votos, o MDB não fechou, até agora, aliança com outros partidos. Ele diz que não fará leilão de cargos na campanha para poder se eleger, e que a única coisa que tem para oferecer aos partidos que quiserem marchar com ele na eleição é um bom projeto para São Paulo. Skaf participou ontem em Campinas do encontro do MDB em apoio à sua pré-candidatura e a de Henrique Meirelles, à Presidência, e na sexta-feira, falou com o Correio. Correio Popular — Por que o MDB não conseguiu, até agora, fechar coligações para a campanha eleitoral ao governo do Estado? Paulo Skaf — Eu me sinto confortável nessa campanha. Nesse momento de busca de coligações, estou bastante tranquilo, porque não estou cedendo em nada. Os partidos que quiserem apoiar serão bem-vindos, mas a única coisa que posso dar é um bom projeto para São Paulo. Não vou assumir compromissos de cargos futuros, trocar cargos por apoio político, nem bancar campanha de ninguém. Isso está me deixando bastante leve. Pode me prejudicar nas coligações? Até pode, mas eu insisto em não fazer leilões de cargos na campanha. Esse seria o único motivo, já que está bem posicionado nas pesquisas? Às vezes um partido fala que quer coligar, mas quer recurso para a campanha, quer isso ou aquilo, quer cargos. Não cedo por radicalismo ou outra coisa, mas porque teremos muitos problemas para resolver em São Paulo e que não são novos. São problemas na segurança, na logística, na mobilidade, educação, saúde que precisam ser resolvidos. E precisamos resolver de um jeito diferente. E para fazer de um jeito diferente tem que ter gente competente, honesta, preparada. No momento em que você começa um governo já todo loteado, começa engessado. Até se quiser fazer uma reestruturação administrativa, buscar mais eficiência, estará imobilizado. O alto índice de rejeição do presidente Michel Temer vai prejudicar as alianças com o partido no Estado? Não vai prejudicar. O eleitor vai votar em pessoa, não vai votar em partido. O eleitor vai levar em consideração o candidato. Hoje sou pré-candidato e se ganhar a eleição, eu serei o governador. Então, eu tenho essa impressão que por causa dessa má imagem da política, dos partidos políticos, os eleitores prestarão atenção nas pessoas, nos candidatos, nas suas propostas. O MDB tem força suficiente para governar sozinho, sem a aliança de partidos? Temos, em termos de estrutura no Estado, entre prefeitos e vice-prefeitos, em torno de 160, temos cerca de 700 vereadores e nós temos tempo de televisão importante. Vamos imaginar, que se ficar como está, que num programa de 9 minutos, eu teria 1,5 minuto, meus concorrentes 2 minutos. Sinceramente, para ter 1,5 minuto a mais eu não faço questão nenhuma e tenho a vantagem de não ter compromisso com ninguém, e ter compromissos com o Estado e não com partidos políticos. E temos também que lembrar que nessas eleições o papel das redes sociais cresceu muito. Tem também que levar em consideração que não sou figura que está chegando. Já fui candidato a governador e sou conhecido. Isso abrevia a necessidade de rádio e televisão. O eleitor normalmente precisa primeiro conhecer a pessoa. Ninguém vota em quem não conhece. Como não estou começando agora e já tenho mais de 20% dos votos totais, tenho um bom capital. Se estivesse começando agora, ter um minuto a mais seria questão de sobrevivência. E mesmo assim eu não faria nenhum troca-troca. Com essa avaliação, a possibilidade de deixar a candidatura ao governo e se aliar a algum partido, como o PSDB, para concorrer ao Senado, está descartada, ou ainda é objeto de análise? Chance zero. Dia 7 de outubro, minha foto estará na urna eletrônica e meu nome como candidato ao governo do Estado. Não há possibilidade de nenhum entendimento e acordo. Uma coisa é você estar na política para pegar cargo, outra coisa é porque você tem um projeto político e meu projeto é ajudar o Estado a melhorar. Como fará isso? Quero levar toda a experiência do Sesi para as escolas públicas do Estado, a experiência do Senac para as Etecs e Fatecs, quero levar toda minha experiência de gestão, de liderança, para a gente fazer mudanças fortes na segurança pública, investir na Polícia Civil. Precisamos investir em tecnologia, em inteligência, entrosamento e integração das polícias. A saúde ainda nem tem prontuário eletrônico. Cabe ao governar resolver essas questões. Não tem que delegar, não tem que dizer que é do governo federal ou do municipal. Se tiver problema na Prefeitura, ele tem que ajudar a viabilizar e fazer funcionar e não ficar reclamando e jogando responsabilidade. Moral da história: é isso tudo que me atrai. Veja na mobilidade: nós não temos um trem para sai daqui e chegar a São José dos Campos, a São Paulo, na Baixada Santista. A hidrovia não está ligada na ferrovia. São essas coisas que me atraem estar na política, para tentar resolver. Na cabeça dos que pensam só em política não conseguem entender isso. Por isso é inviável qualquer entendimento. Quais critérios usará para definir sua equipe, se eleito? Qual o critério que você usa para escolher sua equipe em uma empresa? Você escolhe pessoas que tenham experiência na área, que sejam idôneas e competentes. Para montar um governo tem que ser a mesma coisa. Tem que ter gente que quer trabalhar. É proibido ouvir uma sugestão vindo da política? Não. O que eu não aceito, em hipótese nenhuma, é lotear os cargos e definir que essa secretaria é desse partido, aquela, daquele. Se o partido envia uma lista de dez nomes, você avalia e se existe lá um nome brilhante, ótimo. Quando você é um verdadeiro líder e faz um projeto para São Paulo impulsionando a educação, a segurança pública, infraestrutura, ferrovia, hidrovia, você está mexendo em tudo, é natural que a classe política quer estar a seu lado porque quer compartilhar dessa revolução. Nem sempre para ter apoio político, tem que pagar por isso. Sem alianças, o MDB não enfrentará problemas para se relacionar com a Assembleia Legislativa? Não é o MDB sozinho. Eu estou falando de uma liderança, de um governador eleito. Se for eleito, eu não sou o governador para governar para aqueles que estiverem com o MDB. Sou governador para todos, para o Estado. Meu partido é o MDB, mas minha missão passa a ser governar o Estado de São Paulo. Hoje ninguém mais aceita essa troca-troca, gente incompetente ocupando cargo público, pessoas que entram para roubar, levar vantagens pessoais, ter recursos para fazer suas campanhas de forma ilícita. Isso é impossível. Por isso, a discussão já começa agora, nas coligações. Se você começa aceitar essas barganhas, você vende a alma e depois o governo não será mais seu. O governo é de todo mundo e você é quase um palhaço no meio. O senhor prevê que haverá, por exemplo, polarização na campanha entre sua candidatura e a de João Doria, que lideram até agora as pesquisas? Imagino que sim. As pesquisas mostram isso. Quando você tem dois candidatos na casa dos 20% e os demais bem abaixo, há uma tendência de polarização entre os dois. Eu não escolho adversários, não tenho receio de nada, nem de ninguém. Acho que quanto mais opções o eleitor tem e quanto mais qualidades tiver o candidato, isso é bom para a democracia e para o eleitor poder escolher. O senhor acredita que haverá grande renovação, especialmente no Legislativo? De um lado há um grande desejo do povo de que isso aconteça, mas de outro, pelos recursos, isso pode não ocorrer. As empresas não podem mais fazer doação e hoje temos duas fontes de recursos para a eleição. As doações de pessoas físicas e o fundo eleitoral dos partidos. Como doação de pessoas física tem muito limite porque, com esse ambiente que está a política, são poucos os que têm disposição de fazer doações. Existem, mas são poucos. Não é todo candidato que terá possibilidade de doação. Aí a fonte que fica é o fundo eleitoral de partidos. Como esse fundo é limitado, os partidos devem direcionar o fundo para quem tem mandato. Enquanto há uma grande vontade de renovação, por outro lado haverá mais acesso a recursos para aqueles que têm mandato. Tirando uma média disso, a renovação de qualquer forma será de 50% ou acima. Se não fosse essa questão dos recursos, seria maior ainda.