Desde a semana passada o número de internados caiu, mas demanda ainda sobrecarrega as duas unidades
Ontem, o Hospital PUC-Campinas informou que está com 40 pacientes internados no pronto-socorro, duas vezes a mais do que a quantidade disponível de leitos de acordo com a sua capacidade instalada; na última quinta-feira (25), o hospital chegou a ter 75 internados, o que levou a administração a apelar para que a população procurasse outras unidades (Kamá Ribeiro)
Quatro dias após notificarem superlotação em suas unidades de pronto-atendimento, o Hospital PUC-Campinas e o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp registraram redução no número de pacientes internados, porém ambos ainda operam significativamente acima da capacidade. Ontem, a primeira unidade informou à reportagem que trabalhava com 40 pacientes internados, quando a capacidade de atendimento é de até 20 pessoas. Isso faz com que o Hospital PUC-Campinas esteja trabalhando com duas vezes mais pacientes que a sua capacidade instalada. Na última quinta-feira, o hospital chegou a ter 75 internados, o que levou a administração a apelar para que a população procurasse outras unidades. Pessoas ouvidas pela reportagem disseram que, naquele momento, os pacientes estavam sendo acomodados nos corredores devido à falta de espaço. O atendimento, no entanto, não precisou ser interrompido.
Já o HC da Unicamp tinha ontem 71 pacientes em seu pronto-socorro que dispõe de 30 leitos. Ou seja, a unidade operou com 236% da sua capacidade, muito acima do ideal. No HC a situação também ainda é de superlotação, apesar de ter experimentado uma leve redução na comparação com o que foi registrado na semana passada, quando o número de internados chegou a 80.
Os dois hospitais estão com pacientes de alta complexidade, que exigem maior cuidado intensivo. Ambos atribuem a alta demanda à chegada do período frio, que comumente resulta no aumento de casos de doenças como acidente vascular cerebral (AVC) e infarto do miocárdio, por exemplo. Aliase a isso a baixa umidade relativa do ar, que tem registrado índices inferiores a 30% nas últimas semanas. Essa condição eleva os casos de síndromes respiratórias agudas graves, as SRAG’s.
Ambas as unidades também têm apelado ao poder público para que sejam tomadas medidas para aumentar a oferta de leitos na região, uma vez que os episódios de superlotação têm sido cada vez mais frequentes. No fim de maio, por exemplo, o Hospital PUC-Campinas chegou a ter 80 pacientes internados, 60 a mais do que comporta em condições normais.
Em resposta a isso, a Prefeitura de Campinas prometeu agilizar a abertura de ao menos 18 leitos, por meio de convênio com hospitais particulares, em 30 dias a partir da última quinta-feira (25). Segundo a administração, 14 deles seriam de enfermaria e os outros quatro de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Na semana passada, a Prefeitura informou ainda que “enviou um ofício à Secretaria de Estado de Saúde para pedir urgência na abertura de vagas de baixa e média complexidades em cidades da região. Importante ressaltar que o assunto já foi discutido com a Pasta estadual em outras ocasiões.”
Ontem, questionada sobre a situação dos hospitais municipais geridos pela Rede Mário Gatti (Ouro Verde e Mário Gatti), a Administração não detalhou a ocupação atual e se limitou a dizer que “nenhum paciente que necessita de internação está desassistido. Enquanto espera pela liberação de leitos, aguarda nas áreas de observação do pronto-socorro e recebe a atenção e o tratamento necessários”, dando a entender que também trabalhava ontem com sobrecarga.
A Prefeitura ainda justificou que a rotatividade diária é muito elevada, o que a impede de divulgar um número exato que exprime a real taxa de ocupação das unidades. “A taxa de ocupação varia bastante. Em média, 30 pacientes têm alta e outros 30 são internados em cada hospital municipal diariamente.”
Por fim, a Administração informou que entre 2020 e 2024 o Sistema Único de Saúde (SUS) municipal teve uma ampliação de 22,5% no número de estruturas, de 359 para 440.
Os dois hospitais e a própria rede municipal aguardam ainda um aceno do Estado para resolver o problema da falta de leitos. Em agosto do ano passado, o secretário Eleuses quanto a própria rede municipal aguardam ainda um aceno do estado para resolver o problema da falta de leitos. Em agosto do ano passado, o secretário Eleuses Paiva prometeu, sem definir um prazo, a abertura de mais de 200 leitos de média e alta complexidade. A promessa se deu em visita Campinas e no contexto de discussão da viabilidade da construção de um Hospital Metropolitano, que serviria voltado para atender às cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e aliviar a situação no Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, que recebe uma grande demanda de pacientes de diversas cidades.
O governo estadual foi questionado sobre a situação dos leitos no fim da tarde de ontem, porém a solicitação não foi respondida até o fechamento desta reportagem.