Estruturas

Situação de viadutos aflige campineiro

Estado de conservação dos elevados causa má impressão aos usuários, embora não haja risco iminente de queda

Renato Piovesan
01/09/2018 às 19:00.
Atualizado em 22/04/2022 às 06:01
Situação dos viadutos preocupa campineiros (Carlos Ramos/RAC)

Situação dos viadutos preocupa campineiros (Carlos Ramos/RAC)

Uma árvore que cresceu na estrutura do Viaduto Suleste, em frente ao Terminal Rodoviário de Campinas, foi removida esta semana por equipes da Secretaria Municipal de Serviços Públicos. O vegetal, da espécie popularmente conhecida como figueira, cresceu de forma curiosa no local e intrigou moradores, que temiam que o tronco pudesse se alargar e abalar a estrutura do elevado, que liga a região central da cidade à Avenida Lix da Cunha. Quem passou pelo local nos últimos meses se assustou ao ver a árvore se expandir lateralmente por um buraco embaixo do concreto, a cerca de 5 metros do solo. O galho não era dos maiores, mas ainda assim afligia motoristas e pedestres. “Estamos vendo os acontecimentos com viadutos, como o de Brasília e o de Gênova (Itália) que caíram neste ano, porque não fizeram a manutenção, e aqui em Campinas a gente vê essas fissuras e até uma vegetação crescendo na estrutura”, diz o vendedor Francisco Paulo Cavalcante, de 63 anos. Apesar do susto, o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Dimas Paulella, trata de tranquilizar a população. “O local onde o vegetal se instalou não tem força nenhuma para expandir. Até já removemos os ramos esta semana”, explica. Segundo ele, a inusitada árvore germinou por causa de pássaros que se alimentam de figos e deixam algumas sementes nos buracos do viaduto onde costumam dormir. O secretário afirma que o caso é comum em qualquer tipo de ponte ou viaduto e que em Campinas todas as manutenções estão em dia. “Anualmente realizamos a manutenção da pintura, do recapeamento e da pavimentação asfáltica, além de reparos de guarda-corpo dos elevados de Campinas. A Secretaria de Infraestrutura também monitora todos eles e assegura que não há risco de queda em nenhum deles”, garante. Campinas tem 21 viadutos atualmente. O Viaduto Miguel Vicente Cury, ao redor do Terminal Central, é um dos mais antigos – e problemáticos – deles. O trecho sob as alças se transformou em um imenso mercado, tomado por barracas que comercializam alimentos, bebidas, aparelhos eletrônicos e acessórios. O emaranhado de fios impressiona. Locais de infiltração são notados em diversos pontos da parte inferior da estrutura. Sobre a estrada de ferro, o alambrado - que garante segurança dos pedestres na passarela de acesso à Vila Industrial - está cheio de rombos. O engenheiro civil e professor da Faculdade de Tecnologia da Universaidade Estadual de Campinas (Unicamp), Paulo Sérgio Saran, considera o Viaduto Cury “superado”. “Ele tem uma série de falhas, principalmente no guard rail (muretas), que não é adequado para aquele trânsito e, constantemente, tem acidentes. É um elevado superado, o que não significa que ele vá cair, mas precisa de cuidados”, afirma. Há dois anos, Saran fez uma vistoria pelos viadutos de Campinas e não detectou riscos iminentes de colapso em nenhum deles, mas alerta para a necessidade constante de manutenção. “Todos os viadutos de Campinas precisam de vigilância permanente. Por falta de manutenção, a maioria deles apresenta muitas vezes as vigas mais expostas e sendo corroídas com o tempo. Não é nada que ainda comprometa a segurança, mas isso precisa ser corrigido para não se transformar em um problema maior”, comenta o professor, que lembra que essas estruturas podem ter vida útil superior a pelo menos 100 anos caso tenham sido bem executadas, com materiais de boa qualidade e passem por manutenção frequente.

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