De acordo com o diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, a ampliação do número de estações meteorológicas na RMC é uma medida importante para melhorar a qualidade e a precisão das informações sobre o clima; objetivo é que os municípios estejam mais preparados para enfrentar as ocorrências causadas por eventos climáticos extremos (Rodrigo Zanotto)
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) terá 120 estações meteorológicas como parte do projeto de monitoramento de multirriscos para o enfrentamento aos extremos climáticos. A instalação das unidades, que já vinha sendo discutida, foi aprovada ontem durante reunião do Conselho de Desenvolvimento da região (CD-RMC), composto pelos prefeitos das 20 cidades. Outros temas relacionados ao meio ambiente também foram apresentados aos gestores, como a implantação das Microflorestas Urbanas, projeto iniciado em Campinas e que será estendido para a região, e o programa Reconecta RMC.
A apresentação do projeto de monitoramento de multirriscos foi feita pelo coordenador da Câmara Temática da Defesa Civil da RMC e diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado. O projeto atualiza e amplia os atuais alcances da rede de monitoramento meteorológico. Serão 120 estações meteorológicas, seis em cada cidade, integradas às 21 estações do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro), do Instituto Agronômico de Campinas. De acordo com Furtado, a ampliação do número de estações meteorológicas na RMC é uma medida importante para melhorar a qualidade e a precisão das informações sobre o clima. O objetivo é facilitar o monitoramento das condições do tempo, para que os municípios possam se preparar melhor para enfrentar os extremos climáticos. Será a primeira região metropolitana do Brasil a ter uma rede como essa.
“A implementação do monitoramento de multirriscos é um avanço bastante significativo para os municípios. Os alertas para as emergências também vão entrar no sistema do governo de Estado. O sistema on-line vai funcionar 24 horas, disponibilizando os dados meteorológicos em tempo real”, disse Furtado.
O coordenador explicou ainda que as novas estações serão instaladas por etapas. Para que o município habilite o projeto, é necessário que tenha um Centro de Operações de Emergência (COE) em funcionamento. “Quem ainda não tem uma sala de COE não consegue operar as novas estações nem o radar, que está em fase de teste. Então, é fundamental que façam a adesão ao Centro de Operações de Emergências”, alertou Furtado.
“A aprovação desse projeto é muito importante para a nossa região. Vamos seguir com os encaminhamentos do Fundocamp para garantir a implantação das novas estações meteorológicas, que vão abarcar diferentes políticas ambientais, ajudar na detecção de ilhas de calor, previsão de precipitação, ventos, entre outros componentes que serão monitorados.”
MICROFLORESTAS
O projeto de implantação das microflorestas urbanas, que está em execução em Campinas, também foi aprovado pelos demais municípios durante reunião do CD-RMC. Para o prefeito de Campinas, o programa de microflorestas é uma maneira inteligente de enfrentar as mudanças climáticas. “Nós temos ilhas de calor em Campinas com temperaturas em torno de cinco a seis graus mais altas em relação a outras áreas. Isso exige que a gente trabalhe a questão ambiental com inteligência. A microfloresta é uma intervenção de baixo custo que pode ser adotada nas demais cidades da RMC”, pontuou Dário Saadi.
O secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Paulella, falou da interferência da microfloresta urbana no clima e como implantar esse mecanismo nas cidades. “Estruturalmente, as microflorestas são aglomerados de árvores que podem ser plantadas em espaços muito pequenos, cem ou duzentos metros quadrados, por exemplo. Essa aglomeração de árvores provoca uma série de efeitos secundários, relativos à pequena fauna, que vão provocar um novo processo de equilíbrio de vida nesses espaços. A microfloresta também pode diminuir em até 3 graus centígrados o microclima local”, destacou Paulella.
O projeto foi bem recebido pelos prefeitos da região, que prometeram dar andamento ao programa em suas cidades. A cidade já conta com o protótipo da microfloresta no Balão do Kartódromo, na Avenida Dr. Heitor Penteado, Parque Taquaral (ao lado do portão 6 da Lagoa do Taquaral, antigo kartódromo); Balão do Laranja, na Avenida Presidente Juscelino, Jardim Novo Campos Elíseos; na Avenida John Boyd Dunlop, no Terminal Campo Grande; na Praça da Concórdia, na Rua Edson Luiz Rigonatto com Avenida Armando Mario Tozzi, Jardim Novo Maracanã; e no Parque Valença 1, na Rua Waldemar Padovani com a Edson Luiz Rigonatto. Os dois últimos foram implantados nesta semana.
No total serão criadas 200 microflorestas em áreas urbanas de Campinas. Estão sendo utilizadas árvores nativas, como peroba-rosa, jequitibá, paubrasil, ipês, paineiras e outras, provenientes do Viveiro Municipal Otávio Tisseli Filho. Pessoas jurídicas poderão adotar uma microfloresta, seja para implantar uma nova ou para cuidar de uma existente, contribuindo para o sucesso do projeto.
PROGRAMA RECONECTA
O Programa Reconecta foi outro tema discutido durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento da RMC. Trata-se de um programa inédito, em uma região metropolitana, de conexão da fauna através dos corredores ecológicos. “O que nós precisamos é atualizar as ações que cada município fez e com esse balanço divulgar os resultados”, disse Dário Saadi.
O secretário do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade de Campinas, Braz Adegas Júnior, explicou que o projeto, aprovado em 2017 pelo Conselho da RMC, terá um grande impacto para os municípios deixando um legado de biodiversidade, resiliência e reconexão de fragmentos da vegetação remanescente da Mata Atlântica e do cerrado.
“Nós temos quase 3,8 quilômetros quadrados de extensão, aproximadamente 3,3 milhões de habitantes e apenas 15% do total do nosso território tem vegetação remanescente da Mata Atlântica e muito pouco de Cerrado. Em 2020-2021, refizemos o convênio do Reconecta, programa inédito em regiões metropolitanas para implementação do plano de ação da área de conectividade da nossa região até 2030”, afirmou.
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