Treinamento à distância visa capacitar estudantes de engenharia e arquitetura
SindusCon-SP anunciou a retomada da realização de cursos de formação de mão de obra para a construção civil; setor emprega em torno de 30 mil pessoas na RMC (Rodrigo Zanotto)
O Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (SindusCon-SP) apresentou oficialmente na terça-feira (18) a plataforma SindusCon-SP na Prática, que oferece cursos online gratuitos para aproximar os cerca de 500 mil estudantes de arquitetura e engenharia do país da realidade de trabalho. Aproximadamente 4% desses estudantes são de Campinas, o que equivale a 20 mil alunos. "Uma das dificuldades que senti ao sair da universidade foi a falta da prática", disse a diretora adjunta da entidade, Marina Benvenutti. As aulas abrangem diversos tópicos, desde aprovação de projetos em prefeituras e legislação até cálculo de custos e obtenção de financiamento bancário.
O projeto-piloto da plataforma foi lançado em Campinas há um mês e já atraiu cerca de 2 mil inscritos para dois cursos voltados especificamente para o município, que abordam as legislações para aprovação de projetos e zoneamento e ocupação de solo. Segundo Marina, atualmente apenas um em cada dez estudantes sabe como aprovar um projeto.
A demora na análise de processos muitas vezes se deve ao fato de os projetos estarem em desacordo com as normas municipais, levando à convocação dos profissionais para realizar retificações. "Várias vezes há falhas nas apresentações dos desenhos nos projetos e, em muitos casos, também não estão atendidas as legislações", disse a secretária municipal de Urbanismo de Campinas, Carolina Baracat Lazinho.
No total, a plataforma oferece 21 cursos de Ensino a Distância (EAD), abrangendo temas como projetar edifícios com elevadores, lajes maciças e treliçadas, corte e dobra de aço, sistema de drywall, adesivos e selantes, sistemas de impermeabilização para lajes, rejuntes, sistemas de paredes de concreto, argamassas colantes e o uso de perfis metálicos em fundações.
Os cursos foram roteirizados pelo SindusCon-SP em parceria com os principais fabricantes de cada segmento, com a gravação sendo feita por uma produtora de vídeo contratada. As videoaulas, com duração média de uma hora, podem ser contadas como as horas complementares obrigatórias exigidas pelas faculdades e dão direito a um certificado de conclusão, após a realização de uma prova. Os participantes contam ainda com um e-book e um guia rápido de consulta.
Apesar de voltado aos estudantes, o SindusCon-SP na Prática é aberto a qualquer interessado. Basta se cadastrar na plataforma. Porém, somente os alunos de arquitetura e engenharia participantes têm direito ao certificado. De acordo com Marina, outros 27 cursos já estão sendo produzidos.
OUTROS PROJETOS
Durante a apresentação do curso de EAD, o diretor regional do SindusCon-SP, Márcio Benvenutti, anunciou a retomada da realização de cursos de formação de mão de obra para a construção civil. "Se não fizermos nada agora, daqui três, quatro anos vamos ter falta de mão de obra no Brasil", disse. Para ele, o número de trabalhadores disponíveis hoje no mercado não atende a demanda em caso de um crescimento acentuado da indústria da construção.
Somente na Região Metropolitana de Campinas (RMC), o setor emprega em torno de 30 mil pessoas, o equivalente a soma das populações de Holambra e Morungaba. Antes da pandemia de covid-19, iniciada em 2020, os cursos de qualificação do SindusCon-SP chegaram a formar 3 mil pessoas por ano, mas as medidas sanitárias para evitar a proliferação da doença praticamente paralisaram as aulas. Atualmente, há apenas um curso em andamento, voltado para mestre de obras, com a participação de 40 alunos.
Benvenutti aponta ainda que o avanço da tecnologia na indústria da construção exige a uma nova qualificação profissional, como o uso de paredes internas de drywall, avanço da automação residencial e as novas exigências do mercado, como espaços para trabalho e estudo em casa, o home office e o home school. Além disso, novos materiais chegaram ao mercado e exigem mão de obra especializada. "Não se usa mais o azulejo 15x15. Agora é o porcelanato, que tem até 1x1,5 metro e exige outros cuidados", exemplificou.