A entidade representa as concessionárias do transporte urbano de Campinas, setor que emprega cerca de 2,5 mil pessoas
Com queda constante no número de passageiros transportados na última semana, em decorrência da pandemia da Covid-19, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas (SetCamp) mostra preocupação com a interrupção, a partir desta segunda-feira (23), do serviço regular de transporte público. A entidade representa as concessionárias do transporte urbano de Campinas, setor que emprega cerca de 2,5 mil pessoas. A suspensão foi anunciada pelo prefeito Jonas Donizette (PSB) neste sábado (21), e formalizada neste domingo (22), em decreto publicado em edição extraordinária do Diário Oficial, que determinou situação de calamidade pública no Município para enfrentamento da Covid-19. Ficou estabelecida quarentena entre amanhã e 12 de abril. Em seu artigo 4º, fica definido que a Secretaria de Transportes deve garantir atendimento mínimo a população. No balanço deste sábado (21) - o último divulgado, Campinas registrava 9 casos positivos da Covid-19. A cidade possui também 253 em investigação, aguardando confirmação de exames. Já são 39 casos testados e descartados. A Setcamp informou que entre os funcionários do segmento, estão motoristas, mecânicos, fiscais, eletricistas, pessoal da limpeza e funções administrativas. Com a queda constante no número de passageiros transportados na última semana em função da pandemia, as operadoras já estavam preocupadas com o pagamento dos salários e dos benefícios dos trabalhadores, além dos compromissos junto aos fornecedores. “Durante toda a semana, as empresas sempre rodaram com uma oferta maior de serviço do que a demanda existente. As concessionárias, assim como os demais operadores do serviço de transporte público, sobrevivem das receitas da venda de passes, do QR Code (apenas 1% do volume total) e de um subsídio que é insuficiente para cobrir todas as gratuidades”, explica o diretor de Comunicação do SetCamp, Paulo Barddal. Esclarece ainda que o transporte público municipal, pela Constituição, é de responsabilidade das prefeituras. Por isso, o SetCamp espera por uma decisão imediata por parte do Executivo. “Precisamos desse posicionamento urgente porque as concessionárias precisam tomar as medidas necessárias junto aos seus funcionários, fornecedores e clientes. Com a queda da demanda, a receita caiu brutalmente”, enfatiza Barddal. A Prefeitura de Campinas, informou, em nota, que "tão logo este regime de operação emergencial fique estável, possibilitando um planejamento a prazos mais longos, será realizado um levantamento junto às empresas para avaliar a situação de perda de receita". NÚMEROS DA SEMANA O SetCamp elaborou, com base em relatórios emitidos pela gestora da bilhetagem eletrônica, a Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc), um comparativo com os números de passageiros transportados nesta semana. Os dados apresentados são a partir da última segunda-feira (16), quando houve o agravamento da crise da Covid-19. Neste dia, as concessionárias transportaram 352.285 passageiros (inclui as gratuidades, hoje arcadas apenas pelo Sistema InterCamp), ou seja, 18,9% a menos que a quantidade transportada na segunda anterior, dia 9, quando o número foi de 434.571 passageiros. No dia seguinte, terça-feira (17), a queda se acentuou e chegou a 28,8%, em comparação com último dia 10. Caiu de 439.085 para 312.743 passageiros transportados. Na quarta-feira (18), o volume despencou 33,3%, ou seja, caiu de 436.109 para 290.983 passageiros transportados. Na quinta-feira (19), foram levados 258.099 passageiros contra 428.143 passageiros no mesmo dia da semana anterior, ou seja, houve uma perda de 39,7%. Anteontem, sexta-feira (20), o volume de perda chegou a 47,3% pois foram transportados somente 216.620 passageiros contra 410.835 na sexta da semana anterior. “Os números de sábado e domingo serão divulgados nesta segunda-feira, após a Transurc processar os dados do final de semana. “É importante enfatizar que hoje o transporte público de uma maneira geral é o único que transporta gratuidades como estudantes universitários, escolares, idosos e pessoas portadoras de doenças que as incapacitem ao trabalho. Os demais aplicativos e meios alternativos levam apenas aqueles que conseguem pagar. Em síntese, o transporte público não pode parar porque muitas pessoas dependem dele”, finaliza Barddal.