PRECARIDADE

Sindicato dos Médicos faz vistoria em PA com problemas

Pronto Atendimento Campo Grande é o retrato da crescente crise na saúde pública de Campinas

Sarah Brito/AAN
faleconosco@rac.com.br
02/04/2014 às 19:27.
Atualizado em 27/04/2022 às 01:00

O Pronto Atendimento (PA) Campo Grande é o retrato da crescente crise na saúde pública de Campinas: faltam médicos, infraestrutura nos prédios e medicamentos, além de haver sobrecarga de trabalho do corpo clínico e demora para atendimento e entrega de exames. Nesta quarta-feira (2), o Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (Sindimed) fez vistoria na unidade, e constatou os problemas enfrentados diariamente pela população. Há um ano, semelhante vistoria apontara os problemas e a falta de médicos se agravou no período. Hoje, faltam 19 médicos plantonistas - sendo 15 clínicos gerais (plantão 24h) e 4 pediatras (plantão 12h). O déficit de horas de plantão é de 288 horas por semana. Já a pediatria tem um déficit de 420 horas de plantão por semana. Com a falta de profissionais, não há como prever médicos para todos os dias da semana. A escala do mês não prevê, por exemplo, equipe médica para o próximo domingo, dia 6 de abril. Isso se repete em outros domingos e sábado. Para preencher os plantões, a administração do PA realoca médicos que não cumpriram o horário de trabalho durante a semana – com atrasos ou saídas antes do término do expediente – para cumprir o período nos dias que faltam médicos. Entre os dias mais críticos estão a quinta-feira, sábados e domingos. Na última vistoria, a situação já era grave: no Campo Grande foi flagrado um médico que estava há 60 horas de plantão. Além disso, segundo o Sindicato, a reestruturação física apontada como necessária no ano passado não foi implantada. A gestão do hospital informou, durante a reunião, que apesar de não ter ocorrido nenhuma alteração no período, um projeto arquitetônico foi elaborado, com custo de R$ 140 mil. A previsão é que as obras comecem a partir de junho desse ano. Há ainda o problema do tempo de espera média de exame laboratorial: o resultado pode levar de 6-8 horas para ficar prontos. Os pacientes são orientados, em alguns casos, a voltar 24 horas após a realização do exame. Hoje, o PA Campo Grande utiliza o laboratório do Complexo Hospitalar Ouro Verde. Já as outras unidades de saúde da cidade utilizam o Laboratório Municipal, que está sobrecarregado após a demissão dos funcionários do convênio Cândido Ferreira, no ano passado. No setor de Farmácia, os pacientes ficam periodicamente sem retirar remédios, uma vez que não há profissionais suficientes para a área. Quando isso ocorre, o serviço fica fechado. Não é possível realocar funcionários: o Conselho Regional de Farmácia não permite a substituição, devido a possíveis erros, como troca de medicamentos. A espera no atendimento e a falta de equipe médica e de enfermagem foi vivida ontem pela costureira Dalvina da Silva Barbosa, de 53 anos. Ela levou a filha adolescente Daiane ao PA Campo Grande às 10h da manhã desta quarta-feira (2), com fortes dores nas costas, sem conseguir se movimentar. A menina chegou a ser acolhida e estava a espera para ser medicada. Às 11h30, a menina esperava, chorando, e não conseguia falar. “Tive que vir correndo, ela está 'travada'. Passaram ela na frente, mas demoram muito para medicar”, afirmou Dalvina. Para os pacientes, a situação é rotineira. O aposentado Sérgio Agostinho Dias, de 72 anos, afirmou que é comum o paciente encontrar apenas um médico no plantão. “É impossível, tem dia que tem um médico. Hoje tem três, mas isso é raro. Já passei das 12h às 23h, esperando. A gente vem, espera um período desse, e sofre mais”. O presidente do Sindimed, Casemiro Reis, afirmou que a situação se manteve a mesma observada há um ano, mas que a falta de medicamentos era mais grave no ano anterior. “O quadro geral é o mesmo: faltam médicos, enfermeiros, não há equipe administrativa” afirmou. O Secretário de Saúde de Campinas, Cármino de Souza, afirmou ontem por telefone que não reconhece a vistoria feita no PA Campo Grande pelo Sindicato dos Médicos, uma vez que o Sindimed não arbitra sobre qualquer unidade de saúde da cidade. Souza afirmou que a vistoria foi uma “invasão” e que o sindicato que fiscaliza e regula isso é o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas (STMC). “Não podem jamais parar a unidade como fizeram ontem. E isso já ocorreu no Hospital Mário Gatti, Samu e novamente no PA Campo Grande”, afirmou.

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