EDITORIAL

Sinal positivo para isolar os extremistas

05/07/2020 às 09:46.
Atualizado em 28/03/2022 às 23:15
  (Antônio Cruz/Agência Brasil)

(Antônio Cruz/Agência Brasil)

Os meses de maio e junho foram bastante barulhentos no Brasil, não só em decorrência do avanço da pandemia do novo coronavírus e da mal-sucedida condução da crise sanitária pelo governo Bolsonaro, mas também por conta da sucessão de atos que miraram os poderes constituídos e algumas autoridades da República. Essas manifestações, que contaram com o apoio explícito ou indireto do presidente, criaram um grande mal-estar em Brasília, detonando uma crise que chegou a dar sinais de colapso. Declarações dúbias e enigmáticas lançaram ainda mais álcool na fogueira, exigindo bandeiras de paz e postura de bombeiro de um e de outro personagem. Na base desses atos estão — ou estiveram — apoiadores de Bolsonaro com viés extremista, um grupo radical que promoveu foguetório contra o Supremo Tribunal Federal (STF), lançou ameaças a membros da Corte como o ministro Alexandre de Moraes e arquitetou um acampamento de cunho paramilitar (depois desfeito por ordem da Justiça), entre outros. Aliados radicais também afiaram o discurso pedindo intervenção militar e fechamento do STF, ambos antidemocráticos. Mas um movimento estratégico ocorreu desde então. O STF, com respaldo da Polícia Federal (PF), colocou na mira expoentes desta ala, como blogueiros e ativistas, ao mesmo tempo em que aliados próximos de Bolsonaro e o próprio presidente adotaram tom mais conciliador, uma versão paz e amor da linha de frente do Planalto. Chamaram a atenção também manifestações de nomes importantes do bolsonarismo como Luís Felipe Belmonte, do Aliança pelo Brasil, legenda em formação e que daria guarida a Bolsonaro, e Newton Caccaos, do Avança Brasil. Na semana passada, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Belmonte foi enfático: “Desde as Diretas-Já tem um maluco com uma placa que fala bobagem. Esse pessoal com bandeiras inadequadas não representa o grupo que apoia Bolsonaro”. E completou: “Essa história de fechar Congresso e STF é uma conversa estúpida e sem nenhum fundamento”. Caccaos foi na mesma linha. “Não sei qual é a da Sara Geromini, que já foi de esquerda, mas virou de lado. Não podemos ser confundidos com os mais radicais e intervencionistas”, declarou, referindo-se à Sara Winter, que hoje cumpre prisão domiciliar. O arrefecimento das tensões e o posicionamento de lideranças a favor do equilíbrio são ótimos sinais para o País retomar a paz institucional. São atitudes que fortalecem a democracia e esvaziam o extremismo.

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