Setor imobiliário de Campinas prevê mais investimentos

O anúncio da Prefeitura de Campinas, que pretende adotar um sistema on-line para análise e aprovação de projetos na Secretaria de Urbanismo, gerou otimismo no setor imobiliário e da construção civil. Segundo Francisco de Oliveira Lima Filho, presidente da Associação Regional da Habitação de Campinas (Habicamp), a tendência, após a informatização, é que os empresários voltem a investir na cidade, uma vez que a burocracia trava os projetos. Atualmente, a liberação de empreendimentos em Campinas pode durar até 150 dias. Com a nova tecnologia, o tempo seria reduzido para um mês. A associação que representa engenheiros e arquitetos na cidade também recebeu bem a notícia, mas afirmou que a Prefeitura de Campinas está “atrasada”, uma vez que cidades menores já possuem o sistema, como Jundiaí.De acordo com Lima Filho, os investimentos em 2012 em Campinas giraram em torno de R$ 8,9 milhões no valor geral de venda de imóveis. Este ano, a cifra está menor, em torno de R$ 5 milhões. “Com a informatização tende a subir. Os investidores voltam a acreditar no mercado.”Ele elogiou o trabalho da secretária de Urbanismo, Silvia Faria e explicou que a aprovação via plataforma digital também significa mais arrecadação. “A coisa não estava andando, e ela (Silvia) foi organizando. Veio as puxadas de orelha do mercado imobiliário. E pelos números de CCO (Certificado de Conclusão de Obras) já observamos mudanças.”Até julho, de acordo com dados da Habicamp, foram entregues, em obras concluídas, 644.695 m². “Se tem CCO, tem geração de ISS (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza), IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e outros impostos. E ainda não tem o sistema on-line. Quando tiver vai gerar ainda mais receita. Campinas carece disso, não pode parar. Vai agilizar bastante. Eu acredito muito na nova meta da Prefeitura. Está abrindo as portas para o mercado imobiliário.” Reivindicação antigaA informatização era uma das principais demandas da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Campinas e do Sindicato da Habitação (Secovi). O engenheiro Paulo Sérgio Saran, que também é conselheiro do Crea-SP, disse que a informatização já está atrasada e é preciso pensar em outras medidas. Uma delas seria a descentralização do Departamento de Urbanismo (DU).“É uma proposta de muitos anos. Sempre trabalhamos por isso, pela informatização geral na Prefeitura. Jundiaí, que é uma cidade menor, já implantou. Não tem mais sentido toda essa burocracia com a facilidade da internet. A Prefeitura está muito atrasada”, disse Saran, que defende que apenas os projetos de alta complexidade sejam analisados no Paço Municipal.“O cidadão que precisa de autorização de uma simples reforma não pode ir até o Centro pedir isso na Prefeitura”, afirmou. Ele propõe a criação de mini departamentos de urbanismo nas Administrações Regionais para atender às pequenas construções, reformas e pedidos de alvará.Saran informou que pretende encaminhar proposta formal ao prefeito Jonas Donizette (PSB). “As duas coisas combinadas poderiam gerar grande avanço. A descentralização pode começar antes da informatização. Daria mais dinamismo no processo de aprovação e fiscalização de empreendimentos.”Rui Scaranari, Conselheiro da Regional Secovi em Campinas, elogiou a medida. “A informatização é essencial para combater a burocracia. Ainda tem muito chão para virar realidade, mas a gente vê isso com muito bons olhos.”Pelo planejamento da Prefeitura, o sistema estará disponível até o final do ano que vem e atualmente passa por fase de estudos. “Não é uma medida simples de ser tomada. Era uma proposta da Secretaria de enveredar para esse caminho e agora está virando realidade. A Secretaria age de forma inteligente, pois vai replicar um sistema que já é sucesso em outras cidades”, afirmou, citando a cidade de Jundiaí, que já possui o software especial há dois anos. Veja também Urbanismo prepara sistema on-line para agilizar projetos Objetivo é reduzir em um quinto período de análise de novos empreendimentos em Campinas Falta de engenheiros é entrave a novas obras Déficit de profissionais na Prefeitura atrasa empreendimentos