DESCASO PÚBLICO

Setec quer revitalizar Cemitério da Saudade

Autarquia busca parcerias para recuperar o patrimônio cultural

Henrique Hein
25/09/2018 às 07:25.
Atualizado em 22/04/2022 às 01:35
Ana Cordeiro, de 76 anos (à esq.) e Neusa Becari, de 74 anos: pedras soltas do calçamento e buracos no caminho (Leandro Torres/AAN)

Ana Cordeiro, de 76 anos (à esq.) e Neusa Becari, de 74 anos: pedras soltas do calçamento e buracos no caminho (Leandro Torres/AAN)

A novela que envolve o descaso público no Cemitério da Saudade, no Centro de Campinas, ganhou um lampejo de esperança nos últimos dias. Isso porque o presidente da Serviços Técnicos Gerais (Setec), Arnaldo Salvetti, revelou ontem que a autarquia está buscando parcerias com outras secretarias municipais, inclusive com o Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc), para viabilizar o projeto de revitalização do espaço, que há anos vem convivendo com inúmeras críticas de frequentadores e visitantes. Salvetti explicou que o projeto de revitalização, que ainda não tem data para sair do papel, contará com o aporte financeiro da iniciativa privada e de empresários interessados. “Estamos fazendo alguns contatos e procurando parcerias de iniciativa privada e com empresários para realizar essa reforma. Nós entendemos que ela será importante para a população que transita no local e que hoje está caminhando sobre um piso bastante danificado”, explicou. A coordenadora do Condepacc, Daisy Serra Ribeiro, explicou que a Setec vem realizando estudos técnicos no local há duas semanas para identificar todos os pontos problemáticos que existem hoje no cemitério. Segundo ela, outras áreas (além dos piso) do cemitério também poderão ser restauradas, dependendo do resultado final do estudo. “Não é uma reforma simples de ser feita. Como se trata de um patrimônio tombado, você até pode fazer a recuperação, mas precisa deixar o mesmo desenho de traçado que já existe. Esse desenho especifico deve, necessariamente, ser seguido”, frisou. Dayse disse também que as reformas nos pisos poderão ser feitas de duas maneiras: “Você pode mudar o material do piso e unificá-lo ou apenas restaurar o piso já existente, sem que precise fechar o local. Ainda não sabemos qual das duas formas será implementada”, ressaltou a coordenadora, que reiterou ainda que o local não ficará fechado por conta das obras. “Os visitantes poderão visitar o cemitério sem nenhum tipo de problema durante os trabalhos. Torcemos para que até o final do ano as reformas tenham início”, ressaltou. Estrutura problemática Ontem, o Correio esteve no Cemitério da Saudade para constatar o tamanho do descaso público. Havia mato alto, lixo espalhado entre os túmulos e centenas de rachaduras nas calçadas e pisos. Quem passava pelo local e conversava com a reportagem, reclamava da situação. A aposentada Neusa Becari, de 74 anos, por exemplo, esteve no cemitério para visitar o túmulo de sua irmã falecida. Ao lado de uma amiga, ela comentou que a dificuldade para caminhar era grande. “Tem muito buraco, muito mato alto e pedras soltas. O piso também é bastante desnivelado, o que dificulta para gente que já tem uma certa idade”, comentou. Essa não foi a primeira vez que o Correio denuncia um problema no local. No mês passado, além do mato alto com carrapicho, havia muito lixo espalhado entre os túmulos e centenas de rachaduras nas calçadas e pisos do cemitério – em um dos buracos era possível ver todo o interior de uma das covas. Além da falta de manutenção, diversas pistas de possíveis rituais de macumba também foram encontrados pela reportagem na ocasião, como velas e uma Bíblia queimada no chão. Ontem, a maioria dos problemas continuava sem solução no local. Escorpiões Em 24 de janeiro de 2014, a reportagem também trouxe à tona uma grande proliferação de escorpiões no cemitério. Na ocasião, a Setec havia informado que tinha enviado um ofício para o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) solicitando uma vistoria e uma ação no combate aos escorpiões. Já em agosto do ano passado, diversas estátuas de santos foram furtadas no local. Uma das imagens era a de Nossa Senhora de Lourdes, feita em bronze, com cerca de um 1,5m de altura e que ornamentava o túmulo da família do Monsenhor Geraldo Azevedo. 

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